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Juíza condena donos da Ilha da Fantasia a 56 anos de prisão

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PRISĂO - Prostitutas eram agraciadas com cirurgias plásticas

A Justiça Federal do RN condenou os italianos Giuseppe Ammirabille, proprietário das boates Ilha da Fantasia e Forró Café, em Ponta Negra, e seu sócio, Salvatore Borrelli, ŕ pena de 56 anos, 9 meses e 21 dias de prisăo, cada um. Além disso, os dois italianos deverăo pagar uma multa no valor de R$ 250.650 cada um. Eles săo apontados como os “cabeças” de uma organizaçăo criminosa com ligaçăo com a máfia italiana “Sacra Corona Unita”. A PF chegou a afirmar que eles eram “mafiosos”. Além deles, a Justiça condenou quatro italianos (com penas de sete a 25 anos) e oito brasileiros (com penas de quatro a 19 anos) detidos pela “Operaçăo Corona” da PF.  Os italianos também perderam todos os bens, direitos e valores apreendidos na operaçăo realizada em 2005.

A sentença da juíza da 2Ş Vara da Justiça Federal do RN, Gisele Leite, foi proferida ontem. Os líderes, segundo investigaçăo da PF, recrutavam brasileiras para se prostituírem nas boates do grupo em Natal e, depois, em casas de prostituiçăo em Servilha, na Espanha.  Na sentença de 226 página, a juíza disse que Giuseppe Ammirabille “é de alto grau a culpabilidade do acusado, seja em vista de seu dolo intenso, seja por seu comportamento atentar também contra a dignidade da pessoa humana”.

Além da dupla, foram condenados os italianos Paolo Quaranta, a 25 anos, 2 meses e 10 dias de reclusăo e multa de R$ 12.460; Vito Francesco Ferrante, a 17 anos e 4 meses de reclusăo e multa de R$ 46 mil; Simone de Rossi, a 12 anos e 2 meses de reclusăo e multa de R$ 3.540; e Paolo Balzano, condenado a 7 anos de reclusăo e 1 ano e 6 meses de detençăo e multa de R$ 2.700.

Os brasileiros condenados săo  Aldenilda Gomes de Araújo Borrelli, a 19 anos e 2 meses de reclusăo e multa de R$ 13.080; Camila Ramos Martins, a 12 anos e 2 meses de reclusăo e multa der R$ 8.400; Odorico Martins, a 4 anos e 10 meses de reclusăo e multa de R$ 1.200; Cleyson Ramos de Barros, a 11 anos de reclusăo e multa de R$ 4.733; Daniel Amaro Vieira, 9 anos e 5 meses de reclusăo e multa de R$ 2.600; Joăo Henrique Dantas, a 5 anos e 6 meses de reclusăo e multa de R$ 900; Edmilson Umbelino de Souza, a 6 anos e 3 meses de reclusăo e multa de R$ 3.866; e Paulo Roberto Correia de Melo, condenado a 6 anos e 7 meses de reclusăo e multa de R$ 4.213.

A juíza determinou que seja mantida a prisăo de Giusepe, Salvatore, Simone, Vito e Paolo Balzano e Paolo Quaranta. Os demais continuarăo em liberdade provisória. Além do confisco de todos os bens dos seis italianos, também perderam os bens as brasileiras Aldenilda e Camila, esposas de Salvatore e Vito, respectivamente. Foram confiscadas as instalaçőes das boates  Ilha da Fantasia, Pousada Europa, Forró Café, Fema Empreendimentos Hoteleiros, Bar Caipifrutas, além da grife de roupas italianas Fornarina. A PF estima que a máfia italiana comprou e investiu R$ 5 milhőes em Natal.

Depois do trânsito em julgado do processo, o Ministério Público Federal deverá representar ao Ministério da Justiça para expulsăo do país de parte dos italianos, após a conclusăo integral da pena. No entanto, Salvatore e Vito, que săo casados com brasileiras e possuem filhos também brasileiros, năo incorrerăo no processo de expulsăo.

Regime em Natal era de “escravidăo moderna”

A estrutura montada pela máfia italiana em Natal se assemelha ao conceito de “escravidăo moderna”. As prostitutas tinham de pagar pela hospedagem nas pousadas mantidas pela quadrilha e pagavam, também, um percentual sobre cada programa que elas conseguiam com os clientes das boates.

Para manter a dependęncia financeira com o bando, os mafiosos financiavam para as jovens cirurgias plásticas de implante de silicone e lipo escultura, pagas aos poucos com o apurado nos programas.

O bando tinha contatos em vários estados brasileiros e uma rede de agenciadores de prostitutas. Os acusados financiavam as despesas de transporte de aviăo até Natal, mas depois cobravam o ressarcimento. As garotas recém-recrutadas passavam por um estágio na Ilha da Fantasia e depois de algum tempo, aquelas que tivessem a confiança dos acusados recebiam uma oferta de trabalho no exterior.

As garotas se prostituíam na Boate Ilha da Fantasia. Elas levavam os “clientes” para  a Pousada Europa pertencente ao bando. A pousada era uma “fachada” e servia como anexo da boate. Nos quartos daquela pousada, segundo a jovem, eram feito os programas com o estrangeiros. Os clientes pagavam R$ 50 por meia hora e R$ 80 por uma hora. 

O grupo era extremamente organizado ao ponto de acompanhar toda movimentaçăo de clientes e mulheres através de um circuito interno de tv. As mulheres que conseguiam a confiança dos acusados, eram agraciadas com cirurgias plásticas para melhorar a aparęncia física. Essa era uma forma de manter as garotas sob o controle do grupo – uma vez que elas iam se endividar  – e também para melhorar o “nível” da boate. As cirurgias eram feitas em clínicas de Natal ao custo de R$ 5 mil a R$ 10 mil. A PF, na investigaçăo, chegou a fotografar a clínica de cirurgia plástica.

Durante todo o dia de ontem, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou entrar em contato com os advogados que faziam a defesa dos italianos. Vários deles abandonaram o caso.

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