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Jussara Queiroz é tema do filme ” O Vôo Silenciado de Jucurutu”

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HISTÓRIA - Jussara Queiroz fez carreira no Rio, nos anos 80, e hoje vive com a família, sem poder trabalhar.

Jussara Queiroz é uma dessas personagens do cinema brasileiro que cabem num filme. Tanto é que o documentarista mineiro radicado em Natal, Paulo Laguardia, se encarregou do trabalho e concluiu, este ano, o documentário “O Vôo Silenciado do Jucurutu” sobre a biografia da cineasta. O filme – realizado dentro do projeto DOCTV, promovido e exibido na TV Cultura – foi saudado como uma espécie de reconhecimento que faltava à trajetória de uma potiguar do interior premiada em festivais nacionais e internacionais pelos filmes que fez no Rio de Janeiro. 

Agora, aberta à porteira para as homenagens, o Goiamum Audiovisual – projeto idealizado pela Fundação Cultural Capitania das Artes com o apoio de entidades ligadas à área do audiovisual na cidade que ocorre até o final do mês – dedica parte de sua programação à cineasta. Sábado e domingo (20 e 21 de outubro), sempre a partir das 18h, numa tenda de cinema montada no pátio externo da Funcarte, os que conhecem e os que nunca ouviram falar de Jussara Queiroz terão a oportunidade de conhecer um pouco da premiada obra dessa potiguar de Jucurutu.

A Mostra “Retrospectiva Jussara Queiroz” tem curadoria do próprio documentarista e jornalista Paulo Laguardia. Na filmografia escolhida para exibição estão curtas, médias e longas-metragens como “A Árvore da Marcação”, o mais conhecido filme da diretora, que traz no elenco a atriz Marcélia Cartaxo, seguido de  “Um Certo Meio Ambiente”, “Um Caso de Vida ou Morte”, “Fora da Ordem” e “Acredito que o Mundo será melhor”.

Um período efervescente da vida cultural e política brasileira pode ser visto no cinema de Jussara Queiroz, uma das grandes representantes do cinema engajado na década de 80.

Produtor cultural e um participantes do Goiamum, Josenilton Tavares acredita que a homenagem faz justiça. “Jussara conseguiu um espaço sensacional fora do estado, foi parceira de Tizuka Yamazaki. Ela saiu do RN nos anos 80, época em que o cinema daqui ainda estava engatinhando. Fez sucesso lá fora, mas continuou praticamente esquecida em sua terra. Quem não conhecia o trabalho de Jussara teve a grata surpresa de ver que seus filmes têm uma qualidade técnica absurda que não devem em nada aos outros. Paulo Laguardia teve a sensibilidade e a percepção de trabalhar esse tema. Acho que justiça está sendo feita”, defende.

A tenda de cinema da Funcarte foi montada no pátio da Fundação, com uma estrutura de exibição que conta ainda com pracinha, mesas, cadeiras, pufes, e o café Nega Fulô, aberto até 23h. A programação completa está disponível através do site www.goiamumaudiovisual.com


Biografia

Jussara Queiroz nasceu em Jucurutu, Rio Grande do Norte, se formou em cinema e trabalhou no Rio de Janeiro. Hoje, no entanto, vive com sua família, em Natal. Por causa de uma encefalite, que deixou seqüelas, a diretora não pode mais trabalhar. Além de dirigir, Jussara Queiroz também roteirizava, produzia e fotografava. Dirigiu filmes premiados nacional e internacionalmente, como os vídeos “Acredito que o mundo será melhor” e “A Árvore de marcação”, que gerou um movimento liderado por crianças contra injustiças sociais, no interior da Paraíba, e ajudou a mudar a vida de seus personagens.

Serviço
Mostra Respectiva Jussara Queiroz pelo projeto Goiamum Audiovisual sábado e domingo, a partir das 18h, na tenda de cinema da Funcarte (avenida Câmara Cascudo, no Centro Histórico de Natal). Entrada franca.

Bate Bola / Paulo Laguardia – documentarista e curador

Tribuna do Norte – Você se sente responsável, de alguma forma, pelo reconhecimento da obra de Jussara Queiroz, que vem à tona agora?
Paulo Laguardia – Acho que responsável não, mas a produção do documentário desencadeou esse processo. Então deu visibilidade à figura e à obra da Jussara. As pessoas passaram a ter interesse no documentário. A partir da obra foi que tomei conhecimento do trabalho dela, uma cineasta do maior talento.

Após o documentário, sua visão em relação à obra dela mudou? 
Descobri a qualidade do trabalho e o valor social e político que a obra tinha. Mas não mudou nada. Continuo com a mesma opinião de antes.

Quando foi seu primeiro contato com a obra dela? 
Sempre fui ligado à essa área de cinema, ou como espectador ou como crítico. Mas há dois anos, eu trabalhava na Comissão de Cultura da Lei Câmara Cascudo, analisando os projetos que o pessoal dava entrada. Então, um dia, a irmã dela entrou com um projeto de um filme que Jussara não conseguiu terminar, no Rio de Janeiro, por causa da doença. Aí fui analisar e me interessei: “pô, tem essa pessoa aqui em Natal?”. Procurei a irmã dela e disse que gostaria de conhecê-la, que faria qualquer coisa para que ela fosse reconhecida… 

E surgiu a idéia do filme…
Ela sugeriu que eu fizesse um roteiro. O problema é que eu nunca tinha escrito roteiro nenhum, embora fosse ligado ao cinema. Então resolvi fazer e disse: “Olha, a única coisa que eu posso prometer para você é que vou fazer o meu melhor na área que eu entendo”. Inscrevemos o roteiro no projeto DOCTV e tomei um susto quando disseram que tinha ganho. Fiquei surpreso mesmo, até porque concorri com 21 candidatos daqui, gente de muita qualidade. Aí, tive que fazer mesmo (risos).  

E as homenagens?
Depois disso a responsabilidade aumentou. As pessoas que viam o filme se interessaram pela obra dela. Logo depois que o roteiro foi selecionado, Jussara ganhou um prêmio de um jornal. Mas em 2000 ela recebeu uma homenagem do festival de Brasília. Aqui sempre foi ignorada. Queria, se fosse possível, fazer dois agradecimentos em relação ao documentário. Primeiro para a produtora Ginga, que foi minha parceira o tempo todo, e ao meu assistente de direção Marcelo Barreto, que, sem ele, esse documentário não teria saído.   

 

 

 

 

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