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Khrystal e as gargantas de Elza

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Lívio Oliveira
Advogado público e escritor
EMOCIONA e mesmo comove a plenitude da participação de Khrystal Saraiva, nossa conterrânea, no musical em homenagem a Elza  Soares. Apoteose, dentre muitas apoteoses que virão. Creio nisso. Sei que Khrystal crê e que luta por conquistar todos os espaços que lhe estão destinados.

CERTAMENTE, há muitas identificações entre as trajetórias dessas duas mulheres muito especiais. E Khrystal também tem essa força vulcânica. Na vida. Na voz. Carrega uma garganta potente e a firmeza nas decisões, a paixão pela música, que ultrapassa as fronteiras do medo e das dificuldades múltiplas e as raias de uma sociedade desigual e injusta. O ouro está na voz, que Khrystal tem de sobra. O que precisa domar agora? O próprio ímpeto? A própria voz? Sim. Saberá o que fazer. E crescerá ainda mais.

TODAS as cantoras/atrizes tiveram no palco um desempenho maravilhoso. Larissa Luz, destaque-se, é um espetáculo à parte, de deixar a gente de queixo caído. De onde surgiu essa pequena agigantada? Ela realmente atinge um nível de qualidade impressionante quando faz ELZA. É um talento que não tem como não ser percebido e exaltado. Se continuar recebendo trabalhos do nível desse musical já histórico, vai trilhar uma carreira acima da média. Quero conferir e acompanhar a sua trajetória, passo a passo.

NO MUSICAL, um dos aspectos que chamam atenção é o da liberdade de expressão de corpos tão distintos, sem as amarras e padrões impostos absurdamente por uma homogeneidade massacrante trazida para a sociedade. A sexualidade, que beira a androginia em algumas passagens, liberta-se dos grilhões e das medidas artificiais. As mulheres estão inteiras ali e em ação plena. A alma repleta, o corpo total, garganta a mil, sentidos todos soltos no ar. O espetáculo é feito de curvas arriscadas, mas muito  acertadas. Vitoriosas. Também há  vísceras expostas. E são de todos nós.

O MUSICAL não é um mero espetáculo de entretenimento. É um sopro de esperança e um compromisso com a resistência. Algo revolucionário mesmo. Põe no centro a dura realidade social e a força da mulher negra neste país pleno de descompromissos com o seu povo. Dá orgulho de ver tantas mulheres talentosas reunidas num só palco e saber que isso é feito no Brasil e pelo Brasil, o que ainda pode ser resgatado. Dá orgulho, destacadamente, termos a presença forte e firme de Khrystal nesse acontecimento maiúsculo. A alma da gente agradece.
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