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Lacen suspende exames de dengue e chikungunya em Natal

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O Lacen, em Natal, suspendeu o recebimento de amostras para sorologia de dengue e chikungunya nessa quinta-feira (30). A Secretaria de Saúde Pública do Estado (Sesap) informou que a falta de kits para o diagnóstico laboratorial das arboviroses motivou a suspensão. Segundo a pasta, o Ministério da Saúde, responsável pela distribuição do material,  enfrenta desabastecimento de insumos e não tem conseguido suprir a necessidade dos Estados. 
Falta de kits para diagnóstico laboratorial motivou a suspensão de exames de arboviroses
 A Secretaria de Estado da Saúde Pública esclareceu que a suspensão é temporária e que tem solicitado uma resposta ao Ministério da Saúde (MS) para a resolução do problema. Conforme reportagem da TRIBUNA DO NORTE na última quarta-feira (29), estão em falta no Estado testes sorológicos para Dengue IgM e Chikungunya IgG e IgM. O desabastecimento se daria em razão das falta de kits no MS.
O RN  confirmou quase 10 vezes mais casos de dengue até a primeira metade de junho deste ano, se comparado a igual período de 2021.O mais recente Boletim de Arboviroses da Sesap aponta que são 4.614 confirmações da doença em 2022 ante 471 no mesmo recorte do ano passado. 
A Sesap explicou que tem solicitado respostas ao órgão ministerial por meio de ofício, mas não recebe nenhum retorno sobre o desabastecimento. A TN fez questionamentos ao Ministério na terça-feira (28) e também nessa quinta, mas não obteve respostas em nenhuma das ocasiões. A Sesap informou que o Estado disponibiliza de outros tipos de teste para dengue e chickungunya (por meio de biologia molecular e teste sorológico de dengue NS1), além de sorologia para Zika, que continuam sendo realizados normalmente.
A coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap, Kelly Lima, explicou que a falta de testes, no entanto, não implica na ausência de diagnósticos, que pode ser clínico. Entretanto, a contagem dos casos fica comprometida. “A não realização de sorologia para a dengue e chickungunya é um déficit, porque o resultado laboratorial nos dá a certeza de que estamos observando determinada arbovirose”, disse.
“No RN nós já temos quase que a totalidade dos municípios com casos confirmados laboratorialmente para alguma arbovirose. Assim, se o paciente está com  sintomas [de uma arbovirose], o médico pode fechar um  diagnóstico clínico epidemiológico.  A falta da sorologia não irá impactar nesse aspecto”, acrescenta a gestora ao indicar que a detecção das doenças, ao contrário da contagem que vai para as estatísticas, não deve sofrer impactos.
Além do aumento dos casos confirmados, os casos prováveis da doença também aumentaram significativamente até a primeira metade de junho deste ano – quase 20 vezes  (27.252 este ano ante 1.468 em 2021). São dois óbitos confirmados em 2022 e 19 em investigação. Kelly Lima, da Sesap, alerta que a população deve ficar atenta para eliminar os possíveis focos do Aedes aegypti.
“A situação das arboviroses no Rio Grande do Norte é preocupante e nós precisamos entender esse cenário de adoecimento para proteger aquelas pessoas mais vulneráveis, em especial as gestantes e os idosos. É importante que todos possam visualizar os próprios quintais e ruas, e mobilizar a comunidade para o combate ao mosquito “, disse em forma de apelo.
Zika e chickungunya também preocupam
A Secretaria de Estado da Saúde pública (Sesap) chama atenção, ainda, para os casos de Zika e  chickungunya no Rio Grande do Norte. De acordo com o Boletim de Arboviroses, até a Semana Epidemiológica 24 (com término em 18 de junho), foram 1.634 confirmações para  chickungunya e 232 para Zika (desses, 10 casos foram confirmados em gestantes). A coordenadora do programa de Combate às Arboviroses da Sesap, Dinara Alves, diz que as últimas duas semanas epidemiológicas indicaram queda para as confirmações das arboviroses no Estado, mas isso não significa que a situação atual é confortável, porque os dados sob  revisão. 
“Os municípios ainda estão em fase de inserção dos dados, por isso, a queda registrada nas últimas semanas pode não ser real”, pontua. Dinara Alves afirma que os casos de Zika em gestantes preocupam e que é preciso reforçar os cuidados nesse sentido. Ao todo, em 2022, foram notificados 144 casos em grávidas, dos quais 10 foram confirmados. Desse modo, é importante que a mulher tenha um bom acompanhamento no pré-natal”, aponta. 
A  coordenadora do programa de Combate às Arboviroses orienta que as gestantes adotem medidas preventivas como o uso de roupas compridas e repelentes, especialmente no início da manhã e  final da tarde, quando há maior risco de contato com o Aedes aegypti, além do cuidado com possíveis focos do mosquito no próprio domicílio. Do mesmo modo, a mulher grávida também deve informar possíveis sintomas nos serviços de saúde para a realização de exames, diagnóstico e acompanhamento do quadro gestacional.
Dinara Alves lembra que os municípios também devem agir para o combate ao mosquito. “É importante que  haja um plano de ação de combate e controle das arboviroses em cada município, que vai além da Saúde Pública. A proliferação do mosquito está  relacionada a problemas de infraestrutura, ao saneamento básico, aos resíduos sólidos (que envolve o destino correto do lixo) e à mobilização da população em relação a práticas educativas. Por isso, os gestores precisam desse plano de ação que envolva as mais diversas áreas e estimule a população a fazer sua parte”, avalia. 
Estado continua sem inseticida para dengue
Além da falta de testes, o Rio Grande do Norte também enfrenta desabastecimento do inseticida Cielo ULV, utilizado para ações de combate ao Aedes aegypti durante a circulação de carros fumacê ou equipamento costal motorizado. A Sesap informou que a falta de insumos no Ministério da Saúde é o que tem provocado a falta do inseticida no RN. O órgão ministerial, segundo a pasta, segue sem dar uma resposta sobre o problema.
“A Sesap tem reiterado ofícios recorrentes ao MS sobre a solicitação do inseticida que, infelizmente, não tem sido abastecido nos estados com esse insumo tão importante para que nós consigamos lidar com a epidemia que estamos passando no Rio Grande do Norte. Nós estamos realizando ciclos de combate com o carro fumacê em alguns municípios até que possamos encerrar por falta de insumo”, sublinhou Kelly Lima, coordenadora de Vigilância em Saúde da Sesap.
Segundo a pasta, o insumo deverá acabar neste final de semana. Atualmente, apenas  Natal, Mossoró e Currais Novos utilizam carro fumacê, em razão da escassez do Cielo ULV, bem como da situação epidemiológica dessas regiões. Kelly Lima lamenta a indisponibilidade do inseticida. “Essa falta vai impactar  nas ações que estavam previstas e, agora, nós precisamos combater os focos do mosquito, já que não conseguimos combater o próprio mosquito a partir do carro fumacê”, afirma.
A TRIBUNA DO NORTE voltou a questionar o Ministério da Saúde nessa quinta-feira sobre o desabastecimento do Cielo ULV, a exemplo do que fez em relação aos testes para detecção de dengue e chickungunya, mas o MS não respondeu.
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