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Lagoa do Bonfim tem água suficiente para adutora, diz Semarh

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ÁGUA - Plano de racionamento do Governo vai atender 23 municípios do RNA Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) espera pela confirmação de que a estação chuvosa de 2008 começará dentro do previsto e assegura que as reservas de água na lagoa do Bonfim, que abastece a adutora Monsenhor Expedito, são suficientes para os próximos cinco meses. A coordenadora do programa do Semi-árido Potiguar, Joana Darc Freire resume a situação como “de alerta, mas não é crítica”. “Principalmente porque a previsão é de chuva”, acrescenta.

A adutora Monsenhor Expedito chega a 23 municípios na região do Agestre potiguar e a redução no volume dagua na lagoa do Bonfim é perceptível. A informação da Assessoria de Imprensa da secretaria é de que, ainda que não chova sequer uma gota, o abastecimento ainda estaria garantido por cerca de cinco meses. Joana afirma, por sua vez, que apesar de o reservatório estar menos de dois metros acima do nível mínimo necessário para o abastecimento da adutora, isso ainda representa um grande volume. “Não é como um açude em que a redução é mais rápida”, compara.

O levantamento mais atualizado registrado no site da Semarh, datado do último sábado, apresenta a lagoa com um volume de 62 milhões de m3 de água, 74,25% de sua capacidade total. Isso representa uma cota entre 40 e 41 metros (medida a partir do nível do mar, sendo que mesmo vazio o reservatório teria uma cota de 10,4 m). O nível mínimo necessário para retirada de água para a adutora é de 39m, segundo acordo firmado com o Ministério Público, e para ficar abaixo disso, o manancial teria de perder ainda 9 milhões de m3. 

Para evitar problemas futuros, contudo, a secretaria já iniciou o processo de licitação para a construção de oito poços, que serão perfurados próximo ao riacho de Boacica, que liga a lagoa ao oceano. O empréstimo do Governo do Estado ao Banco Mundial, no valor de R$ 35 milhões, foi aprovado pelo Congresso Nacional no final de 2007 e deverá ser assinado em breve. Outros R$ 25 milhões virão de recursos próprios e, somados, irão dar suporte ao projeto de “reforço do sistema produtivo” de água.

Uma vez em funcionamento, os oito poços deverão gerar em torno de 250 l/s, quantidade próxima à retirada atualmente pela adutora (300 l/s). “O objetivo é exatamente aliviar a lagoa do Bonfim e garantir o abastecimento mesmo se no futuro vier a ocorrer períodos extremos de seca. Com a bateria de poços, a idéia é se retirar apenas 150 litros por segundo da lagoa”, explica Joana D’arc. Apesar de ainda depender de diversas etapas burocráticas, a expectativa da coordenadora é que as novas fontes de captação estejam em funcionamento no início do próximo ano.

Nível da Lagoa do Bonfim baixa 1 cm por dia

Até as pedras da Lagoa do Bonfim já sabem que se não chover em grandes quantidades nas próximas semanas a Caern terá que apressar os planos de racionamento nos 23 municípios abastecidos pelas águas da adutora Monsenhor Expedito.

Ontem, Joceles Gilson Silva, operador da Estação de Bombeamento 1 – uma das sete responsáveis pela captação das águas da lagoa do Bonfim, a maior do Estado – anotou em seu relatório diário, tirado pontualmente às 6 da manhã, que o nível das águas já estava a 1,55 m abaixo do topo das duas réguas de medição.

Desde que a estação de Nísia Floresta foi inaugurada, em agosto de 1998, há duas medidas que marcam o nível da lagoa do Bonfim. São duas réguas dispostas uma próxima da outra em um declive natural, cada uma com 60 centímetros de altura. A primeira já está descoberta há tempos e a segunda medida deve ultrapassar a sua metade quando Joceles for realizar a medição de hoje. Ontem, a segunda régua já  indicava 55 cm.

Das sete estações que realizam o bombeamento das águas da Lagoa do Bonfim, duas estão em manutenção. Entre as atribuições de rotina dos operadores está medir o nível diário da lagoa pela régua visual, pela leitura do linígrafo – um medidor eletrônico – e anotar o nível de evaporação ocorrido de um dia para o outro. Todas essas informações, coletadas nas estações, acabam no laptop dos engenheiros da Caern, responsáveis por outros relatórios que circulam na diretoria técnica da companhia.

As leituras do operador Joceles indicam que a evaporação média é de um centímetro por dia, sendo que no último dia 7 essa evaporação foi de dois centímetros.

Carlos Magno, funcionário público, tem casa de veraneio num dos condomínios situados em torno da Lagoa da Bonfim e diz que as águas do maior manancial do Estado estão diminuindo rapidamente. “Estamos preocupados com isso”, diz, apesar de morar em Natal e usufruir da água de poço subterrâneo.

Situação bem diferente é de Lucimar Silva de Oliveira, que mora exatamente ao lado da estação de bombeamento 1. O marido dela morreu afogado na Lagoa do Bonfim e só há três meses a Caern canalizou água para uma torneira em frente à casa da aposentada. Antes disso, ela puxava o suprimento da Escola Municipal Francisco Domingos de Souza, vizinha de muro. Lucimar conhece bem quando as águas chegam ao limite. “Elas estão bem baixas”, diz. “Agora, só Deus dando bom tempo”.

Meteorologistas prevêem chuvas para a região

Se o clima não pregar uma peça nos meteorologistas, a lagoa do Bonfim deve receber um bom volume de água nos próximos meses. Isso porque a última análise climática realizada pelos meteorologistas do Nordeste, durante fórum promovido em João Pessoa, nos dias 19 e 20 de dezembro, resultou em um prognóstico otimista com relação às chuvas nos meses de janeiro, fevereiro e março.

Embora a ocorrência dos chamados “veranicos” não esteja descartada, a expectativa apresentada no fórum é de que as chuvas sobre o Rio Grande do Norte sejam de “normais a acima da média histórica”, com probabilidade que vão de 40% acima a 25% abaixo da média. As conclusões da reunião também deixaram claro a possibilidade de que, já no início do período chuvoso de 2008, possam ocorrer chuvas “de intensidade moderada a forte”. Esse prognóstico leva em conta a ocorrência de um episódio “moderado” do fenômeno conhecido por “La Niña”. 

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