Ney Figueiredo
Consultor Político
A celebre operação italiana Manu Polite é uma peca em dois atos. Moro executou magistralmente o primeiro, atraves da Lavajato,tendo o mesmo sucesso do procurador Antonio Di Pietro na década de noventa na Italia. No segundo ato, que está apenas começando, a velha classe politica brasileira, que bebeu na mesma fonte que Moro, esta seguindo os passos de Silvio Berlusconi com grande maestria. Aprendemos no banco escolares que toda ação provoca uma reação igual e contraria. Temer sem ter o carisma, a legitimidade e os poderes mediáticos de Berlusconi, está conseguindo de forma surpreendente virar o jogo. Ao combate judicial à corrupção sistêmica, está conseguindo a defesa politica da corrupção sistêmica.
Moro e a forca tarefa de procuradores tiveram sucesso em punir a corrupção individual, das pessoas físicas, colocando na cadeia o maior empreiteiro do pais e encarcerando políticos da primeira linha como José Dirceu e Palocci, mas não tem como enfrentar a aliança entre membros do Executivo, do Congresso e de algumas corporações que estão no poder.
Trata-se da defesa legal da corrupção sistêmica em nome da defesa da lei e do combate a corrupção. Usando como justificativa a ampliação do combate a todos os crimes, foi desmontada a cúpula da Policia Federal, principalmente o núcleo que cuidava da Lavajato em Curitiba. O Senado confronta o Supremo, constrange-o e o afasta da opinião pública. As assembléias estaduais, estribando-se na decisão equivocada do STF, estão libertando os deputados estaduais presos por determinação da Justiça. O TSE, através de ações do seu presidente,, rasga a constituição e delibera ao arrepio da lei, segundo consagrados juristas.. Adia-se indefinidamente a votação da indispensável reforma política. Articula-se a luz do dia a mudança de posição de ministros do STF. para que criminosos condenados em segunda instância continuem livres, apesar dos protestos e posição firme da nova Procuradora Geral da República, Raquel Dodge. Procura-se dar um ar de legalidade ao imoral foro privilegiado. Como na obra de Lampedusa, Il Gatopardo, faz-se as mudanças com aparente legalidade para que tudo continue como esta e nada mude.
A falta do povo nas ruas alimentou a ousadia daqueles que nos governam, que já não escondem os seus propósitos.
