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“Lei Estadual vem barrando nossos projetos”

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Não é nada fácil manter em cartaz uma programação cultural de qualidade, e ainda por cima ter que cuidar da estrutura do lugar onde acontecem as coisas acontecem. Agora imagine fazer com que essa mesma iniciativa vingue e perdure, em uma cidade que luta para encontrar a identidade perdida em algum lugar do passado? Contra ou a favor da maré, o fato é que o Espaço Cultural Casa da Ribeira comemora seu quinto ano de funcionamento ao longo desta semana.

A programação é intensa e democrática: hoje, a partir das 20h com entrada gratuita, haverá o lançamento do projeto “Casa da Ribeira em Cena II” mais a realização do seminário “O teatro e a sua cidade”. Na quarta-feira, às 21h, o guitarrista e compositor Edu Gomez — um dos vencedores do Cosern Musical 2005 — entra em temporada com o espetáculo “Os quatro elementos”. Já na quinta, também às 21h, serão apresentados os primeiros resultados do projeto sócio-cultural “ArteAção, experimento de dança I”, incluindo debate e lançamento oficial do site do ArteAção (grátis).

Na sexta-feira, às 21h, a atração da Casa é a cantora Valéria Oliveira com o show “Em Casa, com Valéria Oliveira & convidados”, e no sábado, no mesmo horário, o Grupo Beira de Teatro volta a apresentar a peça “O tempo da chuva”. Domingão o pessoal da Casa da Ribeira ganha a rua Frei Miguelinho com o “Na rua das Rocas, na rua da Casa”, com participação dos alunos do Ponto de Cultura “Ruas da Memória”. O ingressos custam R$ 5, exceto no evento na rua.

Nesses cinco anos de Casa aberta, já passaram pelo espaço mais de 90 mil pessoas. Em 2005, as contas registraram cerca de 17 mil espectadores.

Gustavo Wanderley, um dos diretores da Casa da Ribeira, conversou com o Viver sobre números, leis de incentivo e detalhes dos bastidores:

TRIBUNA DO NORTE: No início de 2004, a Casa da Ribeira passou quase quatro meses fechada. E agora, dois anos depois, como está a situação?
Gustavo Wanderley: A partir do momento que deixamos de nos preocupar só com as contas a pagar, passamos a elaborar e executar projetos significativos com maior freqüência. Dos 11 projetos planejados em 2005, realizamos oito, e muitos estão tendo continuidade. Os realizados são: “Cosern Musical”, “Casa da Ribeira em Cena”, “Natal Arte Contemporânea”, “Da Escola pra Casa”, “ArteAção”, “Ruas da Memória”, “Clube do Professor” e “Projeto Terceira Idade”.

A Casa da Ribeira emplacou um Ponto de Cultura junto ao Ministério da Cultura com o projeto “Ruas da Memória”. Como funciona exatamente?
GW: E o “ArteAção” conta com apoio do Fundo Nacional de Cultura. Bem, o “Ruas da Memória” atende 40 jovens que participam de oficinas de teatro, música, circo, etc, que visam despertar uma identificação e a busca pelo aperfeiçoamento. É um trabalho de inclusão social através da arte.

Por falar em inclusão social através da arte, como anda o projeto “Da escola pra Casa”? Vocês tiveram problemas para enquadrar o projeto na Lei estadual de incentivo Câmara Cascudo? As mesmas dificuldades também são sentidas na Lei municipal Djalma Maranhão?
GW: A Lei municipal tem sido muito íntegra conosco. Procuramos contornar possíveis falhas atendendo as observações, há todo um diálogo para que a cultura não morra na praia da burocracia. Mas, desde 2003, a Lei Câmara Cascudo vem barrando sistematicamente nossos projetos. Esse “Da escola pra Casa” por exemplo foi barrado com o argumento que era mais social que cultural, porém o MinC aprovou a proposta sem nenhuma observação. Pergunto: afinal para que serve uma lei de incentivo se não é proporcionar o acesso à cultura para pessoas, digamos, menos privilegiadas. O projeto prevê o atendimento de 9 mil crianças, que irão ao teatro com seus professores, ou seja, não é só oba-oba de fretar um ônibus e fazer o passeio, há todo um acompanhamento posterior. A meu ver, o que importa para a Lei é se o projeto tem qualidade, se os recursos estão sendo bem utilizados. Temos que deixar de lado as picuinhas que só entravam o crescimento e a consolidação de uma identidade cultural.

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