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Leitor de jornal

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Vicente Serejo
Declaro, pra começo de conversa e pra todos os fins, principalmente os da maledicência, que feliz ou infelizmente sou um homem passado na casca do alho e com a carga de setent’anos. Das sete décadas de vida, o que não é pouco, delas vivi, e vivo, há cinco, como um leitor e redator de jornais. É meu livro predileto. Não sou intelectual. Suas folhas grandes e soltas, de tão efêmeras, vivem só algumas horas, minutos, até a estranha virtude do seu vôo vertiginoso ao cesto de lixo.  
Vivo assim, alimentado por escritas e leituras banais, mas, nem por isso, menos feliz do que os doutos. Deles, nada invejo. E, se fosse para ser sincero, confessaria que tenho de alguns o medo do sorriso frio e alvar com que cobrem o rosto das pessoas. Leitor das notícias da vida comum, sempre achei, como redator e professor – nas salas de aulas onde vivi meus 32 anos sem nada ter a ensinar, mas a aprender – que a opinião, depois da informação, é sempre algo valioso.  
A leitura de jornais é um índice de desenvolvimento intelectual, econômico, formador da consciência política e cidadã. Nos países de maior índice de leitura de jornais, independentemente do suporte – se papel ou tela – maior é o nível de civilização. Prefiro correr o risco do asco dos inteligentes regurgitando desdém a negar a convicção de que o não-leitor de jornais quase sempre é precário, bem na medida em que é mais vulnerável se não trava diálogo com as contradições. 
Isto posto, e como este cronista anda no estaleiro, submetido a trabalhos de restauração na sala de comando, passa as horas do seu tempo à sombra das notícias, mesmo daquelas que dão sossego doce e humilde que nem chamam a atenção. Como a boa notícia do retorno dos primeiros cardumes às águas ainda poluídas do rio Pinheiros, em São Paulo. É o ‘Milagre dos peixes’, título bíblico adotado como editorial a registrar os sinais de ressurreição naquelas suas águas antigas.
E há notícias ruins. Há. Pesquisa analisada em Berlin, e lá não há petistas, para o sossego dos bolsonáricos, comprovou que os brasileiros passam fome ou são mal alimentados e ficou pior na pandemia. Nossos desnutridos chegam a 125 milhões, metade do país, se aplicados os critérios mundialmente adotados. Menos do que as emas que o presidente alimenta na grama oficial do Palácio da Alvorada, bem aparada, para não deixar crescer a erva daninha dos direitos humanos. 
E há alertas. Delfim Neto, o bruxo, chama de ‘Voluntarismo alucinado’, o ‘péssimo hábito no Brasil de tratar os problemas recorrentes com as mesmas soluções equivocadas’, como se eles, os problemas, acabassem vencidos pelo cansaço. E a graça de Ruy Castro numa crônica cheia de humor contra a tristeza de se arrastar certos nomes de família, como Hitler, Drakul, Torquemada, Tsé-Tung ou ser parente de Amin Dada. E aproveita para dizer que é trágico ser um Bolsonaro. 
CAI – Nas contas do sempre bem informado Lauro Jardim, o ministro Paulo Guedes cai até início de julho. E fontes de Brasília não descartam, hoje, o nome de Rogério Marinho para substituí-lo. 
DÚVIDA – O posto de ministro da economia é o mais importante do ministério, mas para ser um candidato seria melhor ter nas mãos o orçamento de R$ 50 bilhões da pasta do desenvolvimento?
2022 – Ninguém duvide, sob pena de se errar: o ministro Fábio Faria tem, sim, uma estrutura capaz de fazê-lo disputar o Senado. Resta saber apenas se basta sustentar um discurso antipetista. 
ALIÁS – Intensamente atrelado ao bolsonarismo e hoje seu porta-voz mais qualificado, Faria não tem como recuar. Será candidato bolsonárico, mas sua vitória depende da imagem de Bolsonaro.  
GUINÉ – Mano Targino está aos poucos desenvolvendo nova experiência: criação e engorda de guinés caipiras – o capote ou galinha d’angola. Para vendê-los sob encomenda, abatidos e frescos. 
CRISE – “Os Desafios do setor de eventos no período da pandemia e os incentivos financeiros locais e nacionais”. Eis o tema em debate transmitido pelo https://meet.google.com/vnu-rvpv-piv
QUEM – Participam da mesa a presidente da AGN, Márcia Maia; senador Jean-Paul Prates e a organizadora de eventos, jornalista Sylvia Serejo. Transmissão será às 20h30 do dia 21 ao vivo. 
POESIA – Do poeta Horácio Paiva, prece a N. Senhora, feita da sua poesia mística que fala ao espírito: ‘Na penumbra do meu quarto / rezo o terço. / Seis horas – o vento descansa nas árvores’. 
PONTE – Na revisão e digitalização de mapas históricos, plantas originais e imagens a ‘História da Ponte de Igapó’, do engenheiro e professor Manuel Negreiros. Resultado consagrador de quem foi aos arquivos de Natal, Rio, S, Paulo e na fundição inglesa que a fabricou, há mais de século. 
SINAL – Quando o governo militar passou a enfrentar protestos o general Golberi do Couto e Silvia teria dito que era sinal da perda de apoio da classe média. Agora, a pesquisa aponta que a classe diminuiu e já perdeu mais de 20% de sua renda média, além de desemprego. Lembrai-vos! 
SAUDADE – Da vida quando ainda tinha um pouco de magia, com a chegada das primeiras televisões que eram chamadas de televisores. Ontem, apareceu nesta tela um velho reclame de uma loja do Rio anunciando a nova tevê, com tela de 24 polegadas, assim: “Parece um cinema”.
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