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Leituras de feriado

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Woden Madruga
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A crônica de Ruy Castro, na Folha de S. Paulo de quarta-feira, foi uma das minhas boas leituras do feriado da proclamação da República, dividindo o prazer com o livro Como se faz humor político que junta um depoimento de Henfil a Tárik de Souza, com o selo da editora Kuarup, de São Paulo, e que foi lançado aqui em Natal, durante o Flin, por Ivan Consenza de Souza, filho de Henfil. O prazer da boa leitura se completou com a releitura de algumas páginas de Notas Avulsas, de Nilo Pereira, uma edição da Fundação Guimarães Duque (Coleção Mossoroense) em parceria com a Assembleia Legislativa do Estado, 1982. São mais de 200 crônicas.

Ruy Castro fala de uma entrevista que ele faria, mas não fez, com Guimarães Rosa, isso coisa de 50 anos atrás, ele repórter, meio foca, da revista Manchete, e o grande escritor às vésperas de tomar posse como imortal da Academia Brasileira de Letras. Morreria três dias depois. Título da coluna: “Entrevista que não houve”, deliciosa leitura que me agradou mais ainda com o tempero da citação do nome do poeta Homero Homem no enredo dessa história.  Homero, norte-rio-grandense nascido no engenho Catu, em Canguaretama, poeta, escritor, ensaísta, jornalista, excelente causeur e que anda meio esquecido pela variada fauna dos intelectuais da província que ele tanto adorava.

Vou lendo Ruy Castro:

– Por esses dias de novembro de 1967, há inacreditáveis 50 anos, eu estava telefonando para Guimarães Rosa em nome da revista “Manchete”, pedindo uma entrevista. Naquela semana, Rosa finalmente tomaria posse de sua cadeira na Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito por unanimidade em 1963. Ainda não assumira porque médico e cardíaco, temia não sobreviver à cerimônia. Mas agora era a hora.

– Nunca entendi por que Justino Martins, diretor da “Manchete” me confiou a tarefa. A revista estava cheia de repórteres experientes – dois deles os poetas Lêdo Ivo e Homero Homem, certamente amigos de Rosa. Eu tinha, se tanto, seis meses de profissão e acabara de chegar à “Manchete”. Mas foi assim. Justino convocou-me  à sua mesa, deu-me o número do telefone de Rosa e só me recomendou que chamasse o homem de embaixador – o que Rosa também era.

– Naquele mesmo dia, telefonei. O próprio Rosa atendeu e, muito amável, se desculpou, alegando que estava escrevendo seu discurso de posse e não podia parar para dar entrevistas, mesmo que fosse para “Manchete”. Eu insisti, “Mas, embaixador…” E ele, firme. Talvez tocado pela evidente juventude do repórter, sugeriu que eu telefonasse no dia seguinte – quem sabe já teria terminado o discurso. Fiz isto, mas, não, ele não havia terminado. Como consolação, disse que, se eu fosse à cerimônia, me daria uma cópia do texto.

– Rosa tomou posse na quinta-feira, 16. Ao fim do discurso e sob a chuva de aplausos, saiu pelo salão apertando mãos, como se levitasse. Parecia encantado, não via ninguém – só a mim cumprimentou duas vezes, sem saber quem eu era. E o coração resistiu bem, não o traiu.

– Deixou para traí-lo três dias depois, na noite de domingo, 19, no seu apartamento, em Copacabana. E eu me esquecera de pedir-lhe o discurso. ”

Pedro Velho
Num 17 de novembro, há 128 anos, Pedro Velho de Albuquerque Maranhão é aclamado primeiro presidente do Estado do Rio Grande do Norte, dois dias após a proclamação da República, no Rio de Janeiro. Tinha 33 anos de idade.

No começo do ano, 27 janeiro, havia fundado o Partido Republicano no Rio Grande do Norte. Em primeiro de julho, fundou o jornal “A República”, para defender as ideias republicanas. Foi a primeira grande escola do jornalismo potiguar.

Médico, educador, político (deputado, senador e governador) e jornalista, nasceu em Natal, no bairro da Ribeira (Rua do Comércio, hoje Rua Chile), em 27 de novembro de 1956 e morreu em 9 de dezembro de 1907, à bordo do navio Brasil, ancorado no porto de Recife. Tinha 51 anos de idade.

Dou uma ótima dica de leitura: Vida de Pedro Velho, de Luís da Câmara Cascudo.

Chuva
Antônio Gentil me manda um vídeo, o narrador mostrando a chuva que cai há três dias na região do São Francisco, na Bahia. O narrador (não achei a voz parecida com a de Antônio Gentil, que um dia desses andava por Lisboa vendo o Tejo) diante do rio cheio, de barreira a barreira, vai contando:

“Oi pessoal, estamos aqui na cidade de Barra, na Bahia, às margens do Rio São Francisco, hoje 15 de novembro. Chove há três dias, muita chuva. O nível do rio subiu mais de 2 metros. Está vindo muita água lá de cima, de Minas Geras, de Bom Jesus da Lapa. Água descendo em direção da Barragem de Sobradinho. ”

Merece foguetões, Aleluia!

Cordel
Acontecendo na Praça João Maria, Cidade Alta, por trás da igreja Matriz de Senhora da Apresentação, mais um Circuito Natalense de Cordel. Palestras, bate-papos, oficinas, cantorias, lançamento de livros. Taí um bom programa para a celebração da cultura popular nordestina. Vai até amanhã, o dia todo.

Livro
Quem anda por estas bandas natalenses é o escritor paraibano Hildeberto Barbosa Filho, poeta, crítico literário, ensaísta, cronista. Amanhã, a partir das 9h30, estará no Sebo Vermelho para autografar o seu mais recente livro, Os Livros (a única viagem).

Bons papos.

Futebol
A seleção do Peru, derrotando a da Nova Zelândia, por 2 a 0, ganhou também o passaporte para ir à Copa do Mundo, na Rússia, ano que vem. Tinha a minha torcida. Vou comemorar com Mário Vargas Llosa que, em recente artigo publicado em El País, fez esta afirmação:

“A independência catalã seria trágica para a Espanha e, especialmente, para a Catalunha, que teria caído nas mãos de uma ideologia retrógada e bárbara e de demagogos que a levariam à ruína. ”

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