sexta-feira, 19 de abril, 2024
29.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Lembrando Agenor de Lima

- Publicidade -

Faleceu em Natal, sexta-feira, 11, sendo sepultado no sábado, o agricultor e criador Agenor Alves de Lima, proprietário da Fazenda Paraíso, no município de São Paulo do Potengi, amigo há décadas. Era um dos meus informantes de chuvas, das que caiam pelas ribeiras do Potengi e das que sabia de outros lugares na troca de notícias entre os parceiros.  Seridoense nascido em São Vicente, antes de chegar na terra do Monsenhor Expedito Medeiros exerceu o comércio em Natal, aí pelos anos 1960/70. Sua fazenda Paraíso, de onde se vê o casario de São Paulo do Potengi, fica no meio do caminho que me leva todas as semanas   a Queimadas de Baixo, em Lagoa de Velhos. Manhã de sábado, 12, antes de pegar a estrada passei pela Morada da Paz para me despedir do amigo. Agenor tinha 87 anos.

 Em fevereiro de 2015 publiquei aqui uma carta sua na qual falava dos problemas que o homem do interior vinha enfrentando com a seca e também do descaso dos administradores públicos e políticos diante de tantas questões que a população enfrentava, incluindo a falta de segurança.  Homenageio hoje a memória do amigo  transcrevendo a coluna, que tem o título de “As queixas de Agenor”:

“Sexta-feira, 13, Agenor Alves de Lima, senhor da Fazenda Paraíso, de cujos alpendres se avista a torre da Igreja Matriz de São Paulo do Potengi, construída pelo Monsenhor Expedito Medeiros – o Profeta das Águas, passou pelas Queimadas e deixou uma carta que me foi entregue no sábado, logo lá cheguei. Agenor é seridoense de São Vicente, já vaquejou gado pelas ribeiras do Acari junto com as tropas de Silvino Balá, andou comerciando por Natal até descobrir o seu “Paraíso” nas ribeiras do Potengi, onde montou casa e currais há mais de 40 anos. Engorda boi e tira leite de vaca. Agenor se segura firme no chouto de quem já caminha pelos 84 anos.

Como sua fazenda, plantada na localidade de Lagoa do Canto, não fica muito distante da rua, é comum encontrá-lo pelas calçadas de São Paulo do Potengi. Houve um tempo, quando a feira de lá era no domingo, que a gente sempre se encontrava para a boa prosa em torno da turma comandada pelo mestre Ambrósio de Azevedo. Mudou-se a feira para o sábado, o papo findou-se, deixando de ser semana. Aqui e acolá nos cruzamos pelos caminhos. Quando chove em Paraiso ele telefona e faz a reportagem pela região: do Cabaço às Queimadas, passando por Poço do Serrote, Barcelona, Lagoa de Velhos, Caiada.

Na carta, escrita à mão, Agenor queixa das asperezas da seca que já vai entrando pelo quarto ano seguido e também pelo descaso dos governantes deste país de promessas eleitorais não cumpridas. Passo a palavra para Agenor4:

“Fazenda Paraíso, São Paulo do Potengi, RN, 13 de fevereiro de 2015.

Para o amigo Woden Madruga:

A natureza mostrando sua força, a experiência de um sertanejo sofredor com tantas secas na corcunda. Na cabeça, as lembranças – desde 1942 – dos cardeiros, xique-xiques e macambiras que queimamos para escapar das secas as vacas Asa Branca, Mangueira, Sabiá e outras e suas filhas.

O amor pelas mesmas faz tudo isso. Conheço muitos homens de bem que fazem o mesmo. Agora estamos enfrentados o quarto ano de seca, sem ter a quem pedir ajuda. Os governos nos deram as costas. Só aparecem para matar o sofredor nos impostos, atrase o sujeito o pagamento da energia. Vai morrer no escuro e na sede. O milho da Conab, de 18,10 reais o saco pulou para 39,90 e não tem nos depósitos para quem precisa.

A saúde pública, na UTI. A Segurança a toda hora sendo atacada por bandidos. Vamos aguardar as próximas eleições. Até lá. Um abraço do vaqueiro sofredor e amigo,

Agenor Alves de Lima”

Os hotéis de Nei

Meados de 2002 estava planejando uma viagem ao Rio de Janeiro. Liguei para Nei Leandro de Castro pedindo que me indicasse um hotel médio dentro do meu orçamento e bem localizado, ali por Copacabana e arredores.  No dia 15 de julho, me enviou um faxe com suas sugestões nas quais revelava ser também, além de poeta, escritor e publicitário, um especialista em turismo. Esta semana, remexendo na gaveta dos papéis desarrumados, encontrei o faxe de Nei, meio desbotado, mas dando para se ler:

“Rio de Janeiro, 15 de julho de 2002:

Meu caro Woden,

Ontem, eu e minha competente equipe saímos a campo e fizemos uma pesquisa ‘in loco’ de hotéis. O resultado segue abaixo:

1. Hotel Luxor – Rua Gustavo Sampaio, 320 – Leme. Telefone 2546-1070. Bonito, luxuoso, situado numa rua tranquila do Leme, um dos meus bairros preferidos. Diária: R$ 220,00 – podendo haver desconto.

2. Arpoador Inn – Rua Francisco Otaviano, 177, entre o Arpoador e Ipanema. Telefone 2523-0060. Pertinho de Ipanema, perto de Copacabana, perto do Bingo Arpoador, onde você pode ganhar uma fortuna. Alguns apartamentos são de frente para o mar. Sem luxo, mas gostoso. Diária: R$ 135,00.

3. Hotel Santa Clara – Rua Décio Vilares,316, Bairro Peixoto. Telefone 2256-2650. O Bairro Peixoto é uma ilha de tranquilidade, no meio da agitação de Copacabana (à altura da Figueiredo de Magalhães e da Santa Clara). O hotel é um casarão antigo de dois andares, com apartamentos sem luxo, mas aconchegantes. Diária: R$ 80,00.

4. Hotel Paissandu – Rua Paissandu, 23, Flamengo. Telefone 2558-7270. Já foi melhor. No seu auge, hospedou a seleção do Uruguai de 1950, a tal que fez um estrago histórico no Maracanã. Fica perto do Lamas, do Manoel & Joaquim, do Cine Paissandu, do Largo do Machado. Está um tanto decadente, mas quebra um galho. Diária: R$ 81,00.

Qualquer coisa, ligue. Estarei em casa até 11 horas. Abraços,

Nei”.

Altas navegações

Cartão postal de Lenine Pinto, o historiador e viajor, datado de 28 de outubro de 1995, enviado de Orlando, Estados Unidos:

“Meu caro Woden,

Ando por aqui trabalhando arduamente na história da navegação das descobertas e da aviação. Acredito que Natal esteja no foco da questão do descobrimento do Brasil, e quanto aos “aeroplanos” é surpreendente como os raides dos anos 20/30 colocaram a cidade em evidência. Resta agora disciplinar o “barril” de informações (‘Barril’ era uma medida usada por Colombo. Grande abraço do seu velho Lenine.

P.S. – Abraço em Ticiano.”

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas