MÉDICO
Uma boneca que respira, esperneia que rir quando chora e chora quando sorrir. Fala pelos traços fisionômicos bem orquestrados pelo movimento do corpo num eloquente linguajar que só mesmo seus pais entendem. Dentro deste contexto, sobresai o riso encantador numa graciosa e inata harmonia da qual foi agraciada.
Maria Nina cresce no ritmo normal de toda criança de sua idade. Embora ainda não conheça o sabor do sal e do açúcar, demonstra um apetite voraz pelas frutas e tudo mais que tem direito. A cor dos seus olhos ainda não está totalmente definida. A cor cinza do momento pode sofrer uma transição por outras cores que recordem uma ascendência familiar. Entretanto a cor que prevalecer enaltecerá ainda mais o complexo de beleza que possui.
Contempla-la faz bem aos olhos de todos ante a docilidade agradável que a tudo suplanta. Vê-la e admirá-la é um ato de reconhecimento e de gratidão aos desígnios da natureza. Devemos sempre nos curvar ante a beleza da simplicidade, da pureza e da ingenuidade de uma criaturinha filha de Deus. Um ato que a vida impõe a nós adultos esclarecidos.
Fui à reunião da passagem dos seus cinco meses no apartamento de seus pais num come e bebe-se de alta categoria. As demais ausências familiares estavam justificadas pelo óbvio: a distancia e compromissos assumidos anteriormente. Uma reunião agradável num clima de plena tranquilidade cujo foco central era Nina que transitava de colo em colo e de braços em braços incansáveis. Ela divertia nos gestos expressos e cheios de resmungos numa tentativa de se expressar. Vez por outra ficava parada trancando-se numa quietude que talvez tenha sido a maneira mais fácil que encontrou em ser coletiva no próprio silencio.
Presentes à reunião estavam o dr. Fernando Dantas de Rezende o avô do lado materno e da sra. Dilma de Oliveira avó do lado paterno, a super dedicada bisavó Ana Tereza Barreto Paiva Navarro, seus pais, Nina e este que ora escreve.
A reunião se prolongou por várias horas até surgirem os primeiros sinais da sonolência de Nina. Uma coceira intermitente nas pálpebras, um choraminguando e os constantes bocejos que antecedem o sono. Imediatamente a mãe levou-a para seu quarto onde permaneceu dormindo sob a vigilância constante monitorada por um aparelho nos moldes do celular que ficou o tempo todo ao lado dos pais.