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Lembrando o poeta maior

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Woden Madruga 
O centenário de nascimento do poeta João Cabral de Melo Neto, ocorrido dia 9, tem sido chamada de capa dos principais jornais do país e mote de colunistas e cronistas. Li matérias em o Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Comercio de Recife e no Estadão. Incluo na lista a nossa TN que, no Caderno Viver (edição de sexta-feira,10), publicou a matéria “João Cabral de Melo Neto entre Natal e Dakar”) assinada por Ramon Ribeiro, a partir de uma leitura que ele fez de uma reportagem estampada aqui em 22 de fevereiro de 1972, lá se vão 47 anos.
O poeta exercia o posto de embaixador do Brasil no Senegal e veio aqui para receber o presidente Leopold Segar Senghor, que fazia escala em Natal retornando ao seu país depois de participar de um seminário na Martinica. Cumpriu-se programação oficial. Tarcísio Maia, o governador. A TN também publicou na mesma edição (página 2, ao lado do Jornal de WM) a notícia da vinda do presidente com o título: “Senghor em Natal vê folclore e hoje embarca para Senegal”.
Já a reportagem com João Cabral de Melo Neto, nascida de um depoimento que ele deu na Fundação José Augusto convidado pelo poeta Sanderson Negreiros, que presidia a instituição, teve o título de “João Cabral depõe e fala de sua obra e da cultura”. Quase uma página inteira (só não foi por conta de um anúncio do América Futebol Clube, lançando a campanha “Importante empresa do Rio Grande do Norte precisa de sócios”. A empresa era o próprio clube). O gozado dessa história é a coincidência de ser o poeta torcedor apaixonado do América, mas do América Futebol Clube do Recife.
O depoimento de João Cabral de Melo Neto foi gravado para o Museu da Imagem e do Som que Sanderson estava criando na FJA. Na verdade, o depoimento foi um bate-papo descontraído de poetas, assim como num começo de noite numa varanda de bar. Ao redor da mesa, João Cabral, Sanderson, Newton Navarro, Zila Mamede, Bosco Lopes, Racine Santos, o fotógrafo Carlos Lira.
Entre os guardados da gaveta dos papéis desarrumados encontro uma cópia da página da TN.  Destaco alguns trechos começando por uma pergunta de Newton Navarro. Está escrito assim:
 – Newton Navarro lembra que a poesia é a infância revivida (coisa assim), como diz Baudelaire, e pergunta se a ausência da paisagem pátria provoca emersões de coisas daquela época. Para João Cabal, o Brasil é Pernambuco e nunca o Rio de Janeiro ou São Paulo, e só sente capaz de falar em poesia sob o ponto-de-vista formal”.
 – Sanderson quer saber da presença de sua infância (da Zona da Mata) na sua obra. “A infância prepara a personalidade. E foi muito importante para mim, que tinha temperamento tímido. Daí eu procurava afirmação nos estudos, nos livros. Mas ela só me veio após “Psicologia da Composição”, quando logo em seguida pensei que nada mais tinha para dizer”.
Mais na frente João Cabral fala sobre Zila Mamede, referindo-se ao seu livro Exercício da Palavra:
– Fiquei feliz em ler “Exercício da Palavra”, e até me arrependo de ter publicado um livro também e, 75. Na geração de Zila Mamede ninguém fez algo mais importante. Algo tão sólido, tão inovador – sem chegar ao excesso -, onde ela não perdeu a função do racional, que é básico em arte. ”
Saindo do campo da literatura, João Cabral de Melo Neto refere-se ao doutor José Augusto Bezerra de Medeiros (1884/1971), ex-governador do Estado, senador e deputado federal por vários mandatos.  
– Lembra João Cabral que esteve com José Augusto (que deu nome à Fundação), em Londres, quando ele traçou o grau de parentesco entre eles: “Tinha uma memória extraordinária”.
TN, a boa fonte
Tribuna do Norte, que está completando 70 anos de sua fundação (24 de março de 1950), é uma das fontes usadas pelo jornalista e escritor pernambucano, Félix de Athaide, para escrever o livro Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto, publicado pela Editora Nova Fronteira, em 1998. A reportagem da TN, “João Cabral depõe e fala de sua obra e da cultura”, é citada cinco vezes. O trecho que fala sobre Zila Mamede, na íntegra.
A Tribuna do Norte aparece ao lado dos principais jornais e revistas brasileiras e também de Portugal, pesquisadas por Félix de Athayde (1932-1995) que, como jornalista, trabalhou no Estado de S. Paulo, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, o Globo e O Pasquim.
Na página 79, no capítulo Política, tem esta sentença de João Cabral tirada da reportagem da TN: “Não sou político nem acho que a literatura mude nada na sociedade” (Tribuna do Norte, Natal, 22 fev. 1976).
Garibaldi 
Um dos motes desta semana nos papos do Cova da Onça foi a volta de Garibaldi Alves Filho ao jornalismo, como escreveu no artigo publicado domingo passado, com o título “Eleição para a Prefeitura”. Mestre Gaspar festejou a boa nova com o apoio vibrante do plenário da casa, calçada cheia.
Antes de ingressar na política, Garibaldi foi jornalista, tendo dado os primeiros passos como repórter aqui na Tribuna. Volta à velha casa. O seu artigo de quinta-feira, “O Apóstolo das águas”, no qual homenageia à memória do Monsenhor Expedito de Medeiros, foi lido e relido em voz alta pelo Mestre Gaspar. Aplausos da plateia. 
Inverno  
Taí a boa notícia, ótima, excelente, divulgada sexta-feira pela Emparn: 2020 será ano de inverno normal, com chuva acima da média. Isso quer dizer ano de fartura, gado gordo, rios descendo com água de barreira a barreira, açudes sangrando.  As chuvas começaram a cair no Nordeste no começo de dezembro, principalmente no Piauí e Ceará. Aqui pelo Rio Grande do Norte, nos meados do mês.
De acordo com o meteorologista Gilmar Bristor, chefe do setor de meteorologia da Emparn, as chuvas no Rio Grande do Norte de 2020 teriam uma média entre 800 a 1.200. Ano passado ficou ao redor de 800. A seca de mais de sete anos indo embora.
No Ceará  
A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) divulgará terça-feira, 21, o “prognóstico de chuvas para os três primeiros meses da quadra chuvosa: fevereiro, março e abril”.
O Ceará é um dos estados onde mais chove este ano. Tem município que já chegou a mais de 500 milímetros de chuvas somente neste mês de janeiro (do dia 1 ao dia 17). É o caso de Granja, na divisa com o Piauí (Litoral Norte). Até sexta-feira choveu lá 549 milímetros. A metade de um ano inteiro de bom inverno.
Política  
Deu na coluna Painel, da   Folha de S. Paulo: 
– Líderes de centrais sindicais reclamam que desde que saiu da prisão, em novembro do ano passado, o ex-presidente Lula ainda não se reuniu com as entidades. Naquela época, sindicalistas pediram um encontro ao petista, o que ainda não ocorreu.”
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