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Lembrando Paulo Macedo

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Woden Madruga
Perdemos Paulo Macedo, falecido domingo, 05, nome marcante no jornalismo potiguar – notadamente no colunismo social – que exerceu por seis décadas em vários veículos (jornal, rádio, televisão). Além de animador social e cultural, Paulo ocupou cargos públicos. Foi secretário de Turismo de Natal e presidente da Fundação José Augusto, assessorou governos, começando na administração do prefeito Djalma Maranhão, do qual foi oficial de gabinete.  Djalma foi quem abriu as porteiras de Natal para a vitoriosa trajetória de Paulo, atendendo pedido de um chefe político de Patu, onde Paulo (que se chamava Isaac Miro Faheina), vindo do Ceará, atuava como locutor numa amplificadora local. O seu sonho era ser locutor de uma rádio na capital, para ser ouvido por todo o Estado. Isso foi nos meados dos anos de 1950.
Meus primeiros papos com Paulo foram na redação da Folha da Tarde (que sucedeu ao “Jornal de Natal”, de Café Filho), anos de 1955, 56 (lá se vão 64 anos), onde ele assinava uma coluna sobre rádio, início de sua carreira por estas bandas daqui. O jornal era dirigido por Djalma Maranhão e tinha como secretário o poeta Oliveira Júnior.  Ficava na avenida Rio Branco quase parede meia com o Mercado da Cidade Alta, onde hoje funciona a agência do Banco do Brasil. Na redação, nomes como Guaraci Queiroz, Carlos Lima, Paulo Oliveira, Jaime Wanderley, Chagas de Oliveira. Às vezes aparecia Ticiano Duarte. Paulo já havia conseguido o seu sonho de ser locutor de uma rádio. No caso, a Rádio Nordeste, inaugurada em setembro de 1954.
 Eider Furtado, que era o diretor da rádio, conta no seu livro “Audiência de um tempo vivido” (primeiro volume de suas memórias) como isso aconteceu:

“Paulo Macedo, o nosso festejado cronista social, veio dessa época. De Djalma Maranhão, que foi prefeito de Natal, cassado e exilado pela Revolução de 31 de março de 1964, e de quem era amigo, recebi um cartão recomendando o ‘portador’, o jovem Isaac Miro Faheina. Dizia-me que o seu recomendado o ajudava no seu diário ‘Jornal de Natal’, que vivia só dificuldades e, por mais que quisesse, por ele não podia fazer nada. De minha parte, ainda que não tivesse vaga, atendi o pedido de Djalma empregando Isaac em tarefas burocráticas. Um dia, no entanto, não sei bem por que, ele pediu para fazer uma experiência como locutor e eu lhe dei a necessária autorização. Pois não é que deu certo? No rádio, mais tarde, ele adotaria o nome de Paulo Macedo. “Já depois de formado, Paulo me procurou para requerer a alteração de seu registro civil, feito em Russas, no Estado do Ceará, de Isaac Miro Faheina para Paulo Macedo. Mas isso é uma outra história que nada tem a ver com o rádio…”
Em 1956 Paulo Macedo já colaborava na Tribuna do Norte escrevendo notícias sobre desfiles de modas, festas, concursos de beleza. Em janeiro de 1958 começou a assinar a coluna com título “Paulo Macedo Explica em Sociedade”, que saia na segunda página ao lado da coluna “Revista da Cidade”, assinada por BW (Berilo Wanderley). Nos anos de 1960 mudou-se para o Diário de Natal, uma esticada de 40 anos.  No começo de 1957 fomos colegas no I Curso de Jornalismo promovido pela Tribuna do Norte (abertura no auditório da Escola Domestica e aulas na sede da Faculdade de Direito) e que teve como um dos palestrantes o jornalista Carlos Lacerda. Foram mais de 100 matriculados (duas turmas). Em 1963 ingressaria na Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza, da Fundação José Augusto, compondo a primeira turma. Diploma recebido em 1965. Quatorze anos depois, 1979, foi eleito imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, ocupando a cadeira 10. Era o vice-presidente da Casa.
Paulo Macedo (Isaac Miro Faheina) descendia de imigrantes sírios que no começo dos anos de 1900 chegaram no Ceará.  Este tema, porém, nunca estava na pauta de suas conversas com os amigos e companheiros. Não deixava brechas. Preferia outras veredas.  Pessoa de extrema cordialidade, Paulo Macedo era um excelente contador de histórias e um incomparável inventador de estórias. Quisesse, teria sido um grande ficcionista.
Outra de Paulo
Na coluna de domingo (05), que é escrita sempre nas quintas-feiras, publiquei um cartão postal que Paulo Macedo me mandou de Nova York, idos de 1974.  Na quinta-feira ele havia se hospitalizado. Domingo, faleceu. Volto hoje à gaveta dos papéis desarrumados e encontro mais dois cartões seus, enviados na mesma época do cartão publicado domingo, quando ele viajava pelos Estados Unidos e Canadá. Os dois cartões, como o anterior, também não são datados.  Transcrevo o primeiro “post card”, enviado do Maine: “Woden: A caminho de Montreal, no Canadá, de automóvel, chego a Augusta. O frio é de apenas 15 graus abaixo de 0. Um abraço, Paulo Macedo”.

O segundo cartão veio de Boston: “Woden: Voltei do Canadá por conta do frio. Aqui em Boston a coisa é pior. Dois metros de neve nas árvores, a televisão adverte a população, tráfego interrompido, o frio dói na gente.  30 graus abaixo de zero, nenhum avião decolou hoje. A coisa é séria. Você que é um gozador devia estar agora aqui, nesse frio danado. Um abraço do confrade. Paulo Macedo”.

Olhar Potiguar 
Todos os aplausos para Leila Cunha Lima pelo seu projeto “Arte e Solidariedade Unidas” que está ajudando a três instituições carentes:  “Casa do Bem”, “Aparn” e “Filhos de Mãe Luiza”.  Teve a adesão de 100 fotógrafos, todos solidários, que registraram com suas lentes mágicas, flagrantes encantadores dos sertões e praias do Rio Grande do Norte. Cada foto custa apenas 150 reais, quantia que será doada a essas instituições.
Se você pretende participar do projeto acesse o saite www.olharpotiguar.com.br. 
O covid-19 na literatura 
Leio no jornal “Público”, de Lisboa, que o brasileiro Julián Fuks e o moçambicano Mia Couto são os únicos autores da língua portuguesa convidados pela revista The New York Times Magazine “para escrever contos inspirados pelo momento que o mundo atravessa, varrido pela pandemia de convid-19”. A lista completa é de 29 escritores, a maioria com prêmios internacionais.
Julián Fusk é paulista, autor do romance “A resistência”, que ganhou o Prêmio Jabuti, de 2015, e o Prêmio Literário José Saramago, do mesmo ano.
Na trilha do ódio Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:
– Bolsonaro detesta Sérgio Moro, que também é detestado por Lula e pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. No fundo, o alvo é a Lava-Jato.
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