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Líder de bancada critica MP, mas admite mudar a PEC 37

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Embora não detalhe que tipo de ajuste irá propor para alterar a Proposta de Emenda Constitucional 37, que impede o Ministério Público de investigar, o líder do PT na Câmara dos Deputados, deputado federal José Guimarães, afirmou que a bancada só irá liberar a votação após algumas mudanças. O deputado petista aponta que a postura do Ministério Público Federal, ao “manter tenso o diálogo com o Congresso”, dificulta a “construção de um entendimento”.
Deputado José Guimarães, ao centro, participa da reunião do Conselho Nacional de Procuradores
Durante palestra na reunião ordinária do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais de Justiça, evento que ocorreu ontem em Natal, o líder do PT na Câmara afirmou que o Ministério Público Federal não quer conversar com o PT, o que interdita o diálogo” para analisar a PEC 37. José Guimarães confirmou que há uma pressão no Congresso Nacional para a proposta ser votada, no entanto, garantiu que o compromisso do PT e do presidente da Câmara, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, é votar apenas após a “modulação” do projeto.

O deputado definiu como “hiato” a falta de conversa entre o Ministério Público e o Congresso. “Falta diálogo, é uma visão (dos promotores) de que tudo que é da política é má  e outra (visão dos políticos) de que tudo que vem da justiça não presta”, disse o deputado, afirmando ainda que o Ministério Público Federal se nega a conversar com o PT.

“Quando há conversa entre as duas instituições é o presidente da Câmara com o presidente do Senado. O procurador geral não recebe parlamentar”, observou, defendendo a “desinterdição”. Ele chegou a comparar a relação do Congresso com o Ministério Público Federal como “dois galos de briga”. “A PEC 37 é um dos aspectos da falta de diálogo. É uma dificuldade qualquer pauta do judiciário. Há um confronto permanente entre o Ministério Público Federal e os parlamentares”, ressaltou. O deputado federal do PT defendeu a manutenção do poder de investigação do Ministério Público e ressaltou que é preciso acabar com o cenário de  inimizade entre políticos e promotores. 

Constituição

O deputado federal José Guimarães começou a palestra com os procuradores destacando o papel da Constituição Federal de 1988 que consolidou o Ministério Público como fiscal da lei. O parlamentar ressaltou que “o PT trabalhou em parceria com o Ministério Público para que a instituição se tornasse importante”. “Não há democracia sem instituição forte. O Brasil não tem volta e se consolida a cada dia com instituições democráticas”, analisou.

José Guimarães afirmou que os cidadãos devem muito ao Ministério Público pela construção do Brasil. “Em todas as causas o Ministério Público foi essencial, sem o MP não sei se o PT teria chegado ao Governo em 2002, o Brasil hoje caminha para se consolidar como uma grande nação”, destacou.

Indiretamente trazendo o tom político para o discurso, José Guimarães destacou os avanços brasileiros, mas reconheceu que há desafios a serem vencidos.

O deputado federal José Guimarães criticou os “excessos” do Ministério Público e o fato de alguns promotores concederem entrevistas antes mesmo de entrarem com as ações judiciais.

O líder do PT chegou a afirmar que mais importante do que a PEC 37, que regula o poder de fiscalização do Ministério Público,  é a discussão sobre o “papel da mídia e sobre o direito de resposta”.

Procuradores querem representação

O presidente do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais, Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, analisou que a falta de diálogo entre o Ministério Público e o Congresso Nacional ocorre pela ausência de representantes da instituição na Câmara Federal. Ele lembrou que foi a Constituição Federal que proibiu membro do MP de disputarem cargos eletivos. “Se tivéssemos representantes no Congresso, certamente, não passaríamos pelo que estamos passando (com a PEC 37, que limita os poderes do Ministério Público)”, disse.

O procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Norte, Manoel Onofre Neto, disse que já teve o compromisso do presidente da Câmara, deputado federal Henrique Eduardo Alves, de apoio ao MP, que tenta rejeitar a PEC 37. “Não podemos interditar os avanços que a Constituição de 88 ofereceu ao Brasil”, destacou.

Ele confirmou que o Ministério Público fará um grande ato no Congresso Nacional. “Esse evento vai marcar a abertura do diálogo. Será um ato simbólico muito importante”, disse Onofre Neto.

O procurador-geral do Amazonas, Francisco das Chagas Santiago Cruz, afirmou que o MP reconhece excessos de alguns promotores e disse que a instituição se esforça para modular. “O poder de investigação do Ministério Público não é tarefa, é missão, somos responsáveis pela defesa do estado democrático de direito”, completou.

Divergências entre legalidade e impunidade

A proposta de emenda à Constituição (PEC 37/11) que garante exclusividade das investigações criminais às polícias Federal e Civil geram polêmicas entre instituições que atuam nas apurações de delitos e no Congresso Nacional. A PEC pretende limitar os poderes investigativos na esfera criminal às polícias civil e federal, inviabilizando a atuação de outros órgãos, como o Ministério Público.

De um lado, integrantes do Ministério Público lançaram uma campanha contra o que chamam de PEC da impunidade. Na outra ponta, representantes de policiais defendem a medida e chamam a proposta de PEC da Legalidade.

Para o deputado Vieira da Cunha (PDT-RS), licenciado do Ministério Público, a aprovação da PEC vai gerar consequências negativas porque vai afastar o MP da tarefa da investigação criminal. O deputado sustenta que um bom trabalho de investigação criminal é fundamental para enfrentar a impunidade e a violência, uma vez que o trabalho se resume no recolhimento das provas necessárias para embasar a ação penal a ser ajuizada contra quem cometeu crimes.

Na opinião do parlamentar, para acabar com a impunidade no País, é fundamental que seja muito bem feita essa fase da investigação. “Em vez de afastar uma instituição, como o MP, dessa tarefa, tenho defendido desde o início da tramitação dessa PEC, que precisamos fazer com que o MP e a polícia trabalhem e investiguem de parceria , harmoniosamente, integradamente e não um afastando o outro de uma tarefa que visa ao objetivo comum das instituições, que é exatamente punir exemplarmente quem se desviou e praticou delitos”.

Já o deputado João Campos (PSDB-GO), delegado licenciado, observa que a PEC resguarda a competência constitucional do Ministério Público. Ele lembra que o MP continuará com poder para requisitar diligências e instaurar inquérito policial, acompanhar investigação e realizar o controle externo da atividade policial. De acordo com o deputado, hoje o Ministério Público vai além do previsto na Constituição e a PEC vem resolver essa questão.

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