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Lista de casos suspeitos de PHI aumenta

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VIGILÂNCIA - Maria Antonieta fala sobre as notificações

Mais uma criança morreu e outra foi incluída na investigação da Secretaria de Saúde do Estado (Sesap) sobre a “pneumonia hemorrágica idiopática” (de causa desconhecida). Os números oficiais repassados pela Subcoordenadoria de Vigilância Epidemiológica dão conta de que nove casos estão sendo investigados agora e oito mortes com traços semelhantes ocorreram desde março. O novo caso é de Natal. A morte recente é de Canguaretama. A TRIBUNA DO NORTE conseguiu entrevistar a mãe da vítima.   

Segundo a subcoordenadora de vigilância epidemiológica, Maria Antonieta Delgado Marinho, o processo de notificação de casos por parte dos profissionais da saúde melhorou. Ela contou que uma das dificuldades da investigação tem sido convencer os pais sobre a necessidade de fazer exames nas vítimas. A Sesap continua alertando para a importância de manter a calma sobre o assunto e não acreditar em boatos. Técnicos do Ministério da Saúde estão em Natal auxiliando no trabalho para descobrir a causa das mortes.

Cristiana Nazário da Silva, 22 anos, mãe da mais recente vítima de PHI, contou que sua filha (N., 5 anos) começou a ter febre na noite de domingo passado, por volta das 23h. “Dei 20 gotinhas de paracetamol e ela melhorou”. Segundo ela, o mal-estar recomeçou por volta das 7h da segunda, quando N. acordou convulsionando. A filha de Cristiana da Silva teve problemas neurológicos quando tinha apenas um ano e seis meses de vida. Desde então ela tinha de ser medicada com gardenal.

Há cerca de três anos, com o tratamento, ela não tinha mais apresentado problemas de saúde. Na manhã da segunda-feira, com as convulsões, sua mãe administrou o remédio que ela tomava desde a primeira crise. Após a medicação, Cristiana da Silva levou N. para o hospital de Canguaretama.  Após exames, a criança foi internada e passou a sofrer com vômitos marcados por “raios de sangue”. “Aí a médica imediatamente encaminhou para cá. No Walfredo o pediatra fez tudo. Na última convulsão ela veio a óbito”, explicou.

Cristiana da Silva observou ainda que sua filha teve muita dificuldade para respirar e quando entubada apresentou sangramento. A mãe da criança disse que apesar da dificuldade e da dor considerava importante saber a causa da morte da criança. E que todos os pais deveriam contribuir dessa forma para evitar que outras venham a morrer. “Fazer o exame é o certo. Porque tem os filhos e tem os familiares. Porque pode ser uma coisa contagiosa. Precisamos saber a causa da morte. Porque vai que tem um parente, não descobre a causa e acaba morrendo outro da mesma forma”, disse. Ela aconselhou que em casos semelhantes a procura a um hospital seja imediata por parte dos pais.

O novo caso que entrou para a listagem investigada pela Sesap foi identificado ontem à tarde. Trata-se de um paciente com uma idade superior à que em geral têm as vítimas (0 a 10 anos). Maria Antonieta Marinho informou ainda que esse novo paciente está internado há mais de 15 dias e não chegou a apresentar quadro de hemorragia respiratória. Segundo ela, o quadro do paciente tem mais características de virose intestinal. Esse novo caso também sofre de anemia falsiforme. A subcoordenadora explicou ainda que após as notas técnicas expedidas aos hospitais, o processo de notificação de casos melhorou, o que contribuirá para uma melhor investigação da PHI. A doença investigada pela Sesap está sendo chamada de idiopática porque ainda tem sua causa desconhecida.

Ministério da Saúde acompanha investigação

O Ministério da Saúde acompanha a investigação sobre a pneumonia hemorrágica idiopática desde o início, em março. Primeiramente, os contatos com o Ministério foram feitos via teleconferência (três ao todo). Em seguida, a pedido, três técnicos com pós-graduação na área de saúde e especialização em investigação de surtos epidemiológicos da Episus (Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS), vieram a Natal para contribuir com o grupo formado com o objetivo de identificar as causas das mortes.

Eles chegaram há cerca de duas semanas e agora apenas dois dos técnicos permanecem na cidade acompanhando o processo. Todos os aspectos dos casos estão sendo avaliados e ainda não se encontrou um padrão comum. A subcoordenadora de vigilância epidemiológica da Sesap, Maria Antonieta Delgado Marinho, explicou que os técnicos são profissionais encarregados exatamente desse tipo de instigação e por isso foram requisitados. “Eles estão mais bem preparados e vão trabalhar especificamente nisso, tendo todo o seu tempo voltado para o assunto. Como estão disponíveis para isso, e a gente tem uma rotina de trabalho que demanda muito tempo, resolvemos pedir ajuda”.

Além da presença dos técnicos, todo o material e exames feitos aqui estão sendo enviados ao Ministério desde o início da investigação. As pesquisas são feitas em todas as áreas que possam adiantar dados sobre a doença, como análise laboratorial de material colhido nas necropsia e nas crianças que apresentam quadro similar, análise de prontuário, antecedentes patológicos, análise da moradia e entrevista com a família dos acometidos.

As amostras recolhidas estão sendo enviadas para o Laboratório Central (Lacen). De lá, o encaminhamento está sendo feito para o MS. Segundo Maria Antonieta Marinho, as amostras estão sendo avaliadas pelo laboratório Evandro Chagas, no Pará. Ainda não há previsão de entrega dos resultados e eles foram enviados para tal laboratório devido ao nível de especialidade exigido. A investigação conta ainda com a ajuda do patologista Mário Moraes.

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