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Literatura portuguesa em debate

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Tádzio França – repórter

A riqueza da língua portuguesa  está em sua dispersão entre culturas bastante diferentes. Um único idioma, e diversas formas de compreendê-lo. A discussão seguirá até quarta-feira na programação do III Encontro de Escritores da Língua Portuguesa – EELP – no Teatro Alberto Maranhão. Nomes convidados das letras do Brasil, África e Portugal estão debatendo assuntos que relacionam seu cotidiano à literatura escrita em português. O evento é gratuito e aberto ao público interessado em trocar experiências no tocante às culturas do universo lusófono.
Em Natal desde segunda-feira, Mia Couto foi convidado para falar sobre literatura oral e tradicional na próxima quarta-feira no EELP
O escritor moçambicano Mia Couto, convidado para falar sobre “literatura oral e tradicional” na próxima quarta-feira, afirma que a missão de fazer as nações lusófonas se conhecerem melhor está para além do escritor. “Isso depende muito mais daquilo que rodeia o autor. Depende da vontade política dos governantes, e dos incentivos das editoras”, afirma. No entanto, ele faz questão de ressaltar  a atitude benéfica que o Brasil vem tendo em relação à Àfrica nos últimos 10 anos. “O Brasil se abriu como nunca à produção cultural africana. Estamos mais próximos. Há faculdades que oferecem curso de literatura africana, e publica-se muitos autores de lá hoje em dia. É um prazer ver que o Brasil agora quer se reencontrar consigo mesmo”, analisa.

Mia Couto presta bastante atenção sobre o que se fala e o que se escreve. Para ele, são duas linguagens que se completam. “O que quero dizer, é que há uma relação de equívocos e mal entendidos quando se pensa em oralidade e escrita. As duas não vivem afastadas uma da outra. A fronteira entre elas é uma coisa inventada”, afirma. Segundo o escritor, fala-se que a tradição oral é típica dos africanos, mas na verdade ela é universal, está presente em cada ser humano desde a infância. “O falar e o escrever são como gêmeos  mestiços. Um não é mais ou menos nobre que o outro, cada qual tem seu valor e atua no outro”, afirma.

O escritor de Moçambique afirma não saber se há uma literatura em português que se destaca em um contexto geral. “É difícil dizer, pois infelizmente elas raramente atravessam as fronteiras de seus países. Por isso é tão importante eventos como o EELP, pois eles navegam contra essa corrente da distância que é preciso vencer”, diz. Mia Couto também está trabalhando no Brasil o lançamento de seu último romance, “A confissão da leoa”. “Atualmente estou tomando pelo universo desse livro, mas quero em breve começar a escrever um novo”, adianta.

O coordenador cultural da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa – UCCLA – Rui Lourido, afirma que a riqueza da língua portuguesa se afirma pela sua diversidade cultural. “São países distantes uns dos outros falando o português, mas isso não o enfraquece. Pelo contrário, oferece diferentes pontos de vista culturais, de uma mesma linguagem. A partilha do pensamento é o espírito do EELP”, diz. Segundo Rui, a abordagem de assuntos mais próximos do cotidiano, como o futebol, foi a maneira que o evento achou de se tornar ainda mais atrativo. O futebol é, claro, uma linguagem que todo o mundo fala.

O EELP traz na terça o tema “Literatura e futebol”, às 14h, com Roberto da Matta, o angolano Ondjaki, e os portugueses João Moreira e Júlio Conrado. Às 19h, na livraria Saraiva, haverá palestra com Ondjaki, Germano Almeida e Mia Couto. Na quarta, Mia Couto apresentará às 15h o debate “Literatura oral e tradicional”.

Serviço: III EELP Natal. No TAM, a partir das 14h, terça  e quarta-feira. Acesso gratuito.

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