Jouse Azevedo – repórter
Essa é a época do ano que natalenses e turistas lotam os litorais Sul e Norte da capital. Junto com a demanda de banhistas, os problemas de infraestrutura e segurança pública afloram e assombram os moradores dessas áreas. Entre os frequentes registros de arrombamento às residências em Búzios e Camurupim e a falta de infraestrutura na orla, desde a praia de Cotovelo até a famosa Pipa assustam os turistas que não acreditam que a beleza do litoral potiguar não contempla um item considerado básico, como banheiro público. “Eu estou encantada com a cidade. Tudo aqui é de extrema beleza, as praias são limpas e o natalense é muito simpático. O que não vi aqui ainda foi banheiros públicos. Eu moro no Rio de Janeiro, onde as praias possuem banheiros para os banhistas, isso é básico. Outra coisa que me chamou a atenção foi esbarrar com essas construções tão altas na orla que acaba poluindo a beleza do local”, relatou a turista carioca Idila Oliveira, na manhã desta terça-feira, na praia de Pirangi.
A ausência de banheiro público na praia de Pirangi é assunto frequente nas barracas do comerciante Renê Beckmanm, que informou que os turistas estrangeiros são os que mais procuram os banheiros. “É uma situação muito simples de ser compreendida. O turista está em Natal, talvez o lugar mais bonito que ele tenha visto na vida e entre ficar em um restaurante fechado neste calor intenso ou ficar sentado à beira-mar com os pés na areia, o que será que ele vai preferir? Sem dúvida ele quer ficar na areia, mas com a devida qualidade que ele tem direito”.
Na maioria das praias do litoral sul potiguar é corriqueiro o fato de que, para ter direito a utilizar banheiros, os banhistas precisam consumir nos restaurantes da orla ou tirar do bolso R$1 para utilizar banheiros privados de pousadas ou bares que ficam na orla. Conforme constatado em um dos principais pontos turísticos do Estado: a praia da Pipa. “Estou aqui há 19 anos como moradora e comerciante, e até hoje essa é uma questão apenas discutida, nunca colocada em prática”, desabafou Mivaneide Abreu, que estava na sua barraca na praia principal de Pipa.
TELEFONES
O morador que precisar utilizar um dos telefones públicos na principal via que liga a praia de Búzios até Barreta terá dificuldades de encontrar um que funcione. No percurso percorrido pela equipe de reportagem na última terça-feira, exatamente cinco orelhões haviam sofrido ações de vandalismo e pelo aspecto nenhum deles recebeu reparo há alguns meses.
Com o verão batendo à porta ações de limpeza urbana já podiam ser observadas entre as praias do litoral sul. Na praia de Búzios equipes de limpeza recolhiam restos de podas e lixo oriundo das residências locais. Segundo os funcionários da Prefeitura de Nísia Floresta, a ação faz parte do projeto Praias Limpas que desde o mês de novembro equipes recolhem lixos das praias de Barreta, Tabatinga, Camurupim e Búzios.
Em Pium, principal acesso para o litoral sul, as obras de saneamento básico deixavam o trânsito lento, antes mesmo do início do verão. Cerca de dez funcionários trabalhavam na rua Edgard Medeiros, na Rota do Sol. Segundo e encarregado da obra, a interdição da rua faz parte do processo de drenagem do município de Parnamirim e deve se estender até dia 20 desse mês. Em Pipa, a rua Gameleira já recebia recapeamento na manhã desta última terça-feira, assim como a BR RN que liga a praia de Tabatinga até a BR 101 também já estava com os inúmeros buracos tapados.
Assaltos são frequentes nas praias do litoral Sul do RN
É indiscutível que na região litorânea sul da capital, a segurança pública é o assunto mais comentado entre os moradores. Para eles o período de veraneio que se aproxima, só faz aumentar a sensação de insegurança. Com a movimentação nas casas de praia, mais vítimas tendem a ficar sob ações dos bandidos. Com a experiência sentida na pele, o comerciante Edvaldo Gomes se considera um resistente. 
“Depois de anos eu resolvi reabrir meu estabelecimento. Mas não dá para viver como se nada tivesse acontecido. Vivemos sob tensão e exatamente às 17h passamos a atender os clientes pela grade, até a água passamos por ela”, explicou Edvaldo. A insegurança da rua praia de Camurupim com a avenida principal é agravada pela falta de iluminação pública. “A noite apenas a iluminação do letreiro fica acesa. É um breu”, relatou.
Em Búzios, os muros baixos das residências acaba inibindo a ação dos ladrões, de acordo com informações do caseiro Lenildo Alves. Segundo ele, a visão da residência pode assustar o bandido, que pode ficar com receio de ser visto por outros moradores. “Eu sou pago para vigiar cinco casas aqui em Búzios. A presença de uma pessoa, duas vezes por dia também inibe a ação dos bandidos, que estão cada vez mais ousados”, explicou enquanto aumentava o muro da casa de um morador, que preferiu esconder a residência da visão dos assaltantes.
Outra saída buscada pelos moradores e comerciantes do litoral sul é o complemento da segurança feita por empresas privadas. “Pagamos R$100 por mês por serviços de escolta motorizada e alarmes eletrônicos”, relatou Jean de Sena, dono de restaurante na avenida Paulo Salemo, em Búzios. “No último sábado o restaurante Pega Fogo foi assaltado em plena luz do dia. Levaram dois computadores e três celulares. Estamos a mercê dos bandidos”, completou. O proprietário do Pega Fogo foi procurado mas não estava no local.
Praias receberão reforço da PM
De acordo com informações do 3º Batalhão de Polícia Militar de Parnamirim, as praias de Cotovelo, Pirangi do Norte, Pirangi do Sul, Camurupim, Tabatinga e Barreta recebem ronda permanente de uma viatura e três policiais. Segundo o tenente coronel Jair Júnior, as praias receberão um reforço no efetivo depois dos festejos de ano novo. “A região receberá um aumento de 50% no efetivo. Reconhecendo a deficiência no número de efetivo, a PM destacou que dos quatro postos de apoio da Polícia Militar dos quatro pontos de apoio, localizados nas praias de Cotovelo, Pirangi do Sul e do Norte e Tabatinga, apenas dois são utilizados apenas como ponto de apoio no final de semana. “Para que o policiamento seja mais eficaz direcionamos para as ruas os policiais que antes ficavam nestes pontos de apoio”, explicou. 
Sobre a operação verão a PM destacou que as praias do litoral sul receberão apoio da cavalaria da Companhia Independente de Proteção Ambiental (Cipam), de agentes de trânsito de Parnamirim na tentativa de inibir a circulação de armas e drogas e fiscalizando a Lei Seca. O efetivo também vai contar com novas viaturas e segundo a PM a população pode acionar a PM pelos números 190 e pelo número do 3º BPM que é 3644-6426. Em Tibau do Sul, o único posto da Polícia Militar, localizado na rua Albacora, está desativado há trinta dias. A nova sede de Apoio permanente da PM em Pipa será inaugurado em ponto mais estratégico, na rua Albacora com a rua dos golfinhos, principal acesso da região.
Corpo de Bombeiros sem estrutura
Em todas as praias percorridas no litoral os banhistas não podiam contar com guarda-vidas de plantão. A praia de Búzios, por exemplo, é considerada umas das mais perigosas do litoral potiguar. O mar raso e agitado acaba fazendo com que os banhistas sejam levados pela correnteza. Na manhã da última terça-feira, a equipe de reportagem encontrou o ponto de apoio dos guarda-vidas vazio. Segundo os moradores, apenas nos sábados e domingos há a presença de guarda-vidas na praia de Búzios. “Eu já fiz quatro resgates aqui. É muito comum ocorrer afogamentos nesta praia. E infelizmente não há socorristas do Corpo de Bombeiros diariamente”, disse o guia turístico e surfista Felipe Silva, de 18 anos. De acordo com o Corpo de Bombeiros o número de guarda-vidas é considerado ainda insuficiente. Ao todo são 60 guarda-vidas que atuam entre as praias de Pipa (litoral sul) e Touros, no litoral norte. Apenas quatro praias possuem pontos fixos de salvamento. São elas praia do Forte, Redinha, Ponta Negra e Búzios. Segundo Tenente Couceiro, como a corporação não recebeu aumento de efetivo recentemente, esse ano será lançado a operação Praia Segura em parceria com a Cruz Vermelha e a Defesa Civil. A novidade para o verão será a distribuição de 10 mil pulseiras de identificação para as crianças, com nome e telefone dos pais, evitando assim o aumento no número de desaparecimento na orla.
