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Livro de Jorginho

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Rubens Lemos Filho
Um século entrou pelo outro para que fosse resgatada a história de Jorginho Tavares, o Professor, supercraque de estatura mínima e futebol gigantesco. Jorginho driblava como profissão de fé e fazia gols suaves, imorredouros, gols de artes plásticas.
O livro sobre a vida de Jorginho, maior artilheiro da história do ABC com 219 gols, será lançado próxima quinta-feira(02/09), às 19h30 na Afurn, Rua das Violetas, 6288, Mirassol, Zona Sul de Natal. Jorginho Tavares, O Professor da Bola, é assinado pelo filho da lenda, Jorge Tavares Filho(jogava muito quando adolescente) e pelo jornalista Rodrigo Ferreira, uma das boas novas do ofício do bem escrever.

Quem cuida de tudo é o também jornalista Rafael Morais. Ele e Rodrigo merecem todas as bênçãos pela luta de trazer Jorginho de volta, com ou sem pandemia. Até porque, Jorginho enfiaria uma caneta no Covid-19, pegaria do outro lado, driblaria cinco marcadores, invadiria  a grande área do gol de entrada do Estádio Juvenal Lamartine e bateria na bola como se a estivesse acariciando.

Quando menino, papai, dirigindo, apontava para um senhor pequenino de capacete numa motocicleta e apontava orgulhoso: “Olhe bem para esse baixinho. Ele não era um jogador de futebol. Ele era um mágico. Eu me orgulho de ter visto Jorginho transformar o Juvenal Lamartine numa apoteose carnavalesca. Jorginho era dono do campo nos anos 1950 e 60.”

Eu olhava o homem que trabalhava na Universidade Federal do Rio Grande do Norte(UFRN) fazendo trabalho de entrega de documentos. E me maldizia, por ser tão novo, por não ter vivido o tempo do meu pai. E de Jorginho.

Terminei meu sexto livro, Juvenal Lamartine, Primeiro Estádio, Minha Versão, sobre a história, também esquecida, do teatrinho da bola. E, de maneira transcendental, me tornei íntimo de  Jorginho durante as pesquisas, entrevistas e coleta de fotografias.

Ele desafiava a lógica corporal do atleta. E, em determinado depoimento, “fazia o estádio parar quando pisava na bola diante do marcador aterrorizado”. Jorginho, abusado, enfiou a bola por entre as pernas de Bellini, pomposo capitão do título mundial brasileiro na Suécia. O jogo foi em 1960 e Bellini se encantou com a ousadia do governador ou prefeito do humilde estádio.

O mistério que sempre cercou a figura de Jorginho se desfaz nas minhas conversas com o professor Woden Madruga. Woden é fã de Jorginho e da sua simplicidade. No trato pessoal e, sobretudo, na capacidade de destruir um time inteiro aos malabarismos com a bola de capotão.

O livro sobre Jorginho é um acontecimento da cidade. Jorginho foi das figuras maiores de Natal em seu tempo, referência da alegria de um jogo de bola. Há quem prefira ser pernóstico desnudando  a composição erudita da flatulência de um pensador croata.

De verdade, essencial,  é quem  sentou a bunda em arquibancada de cimento. Esse conhece a vida real. Esse é declaração de glória, atestado de genialidade, de Jorginho, ele sim, o Professor. 

 Absurdo

Para amarrar as chuteiras de Jorginho, o jogador Willian, ex-Corinthians, teria de enfrentar uma fila de Natal a Parnamirim, indo pela contramão por São Gonçalo do Amarante.

Willian era reserva do timeco brasileiro que apanhou de 7×1 na Alemanha na Copa de 2014, a farra das arenas. O cara ser banco  de um time daquele é depoimento contra.

Daquela seleção de 2014, apenas Neymar guardava alguma semelhança com um jogador de futebol, ainda assim, bem abaixo das piruetas contra Pirassunungas e Ferroviárias de Araraquara.

Neymar escapou do vexame porque tomou um tranco feroz de um colombiano. Não teria acrescentado nada à vergonha que se estabeleceu como a maior do esporte brasileiro, nunca a derrota de 2×1 para o Uruguai no Maracanã onde cabiam 200 mil pessoas.

Acontece que o Corinthians quer Willian de novo. Ele está no come e dorme no Arsenal da Inglaterra, que cansou de esperar por alguma luminosidade em suas chuteiras e concluiu que Willian não passa de um jogador comum, trivial, sem capacidade de decidir, de chamar o jogo, enfim, de dizer à Didi, o Míster Futebol: “Joga em mim que eu resolvo.” E resolvia. No Fluminense, no Botafogo e na seleção brasileira no bicampeonato de 1958 e 1962.

O problema para a volta de Willian, que segundo os antipáticos de resenha em TV paga é um meia-atacante, é grana. Willian ganha, por semana, 700 mil reais. Isso. Vezes quatro, dois milhões e oitocentos por mês. É muito? Sem sacanagem, 15 mil estariam muito bem postos na conta de Willian por mês.

É tanto dinheiro que Willian não é culpado de jogar com preguiça, aliada à falta de talento. Quem ganha 700 mil mangos por semana, não está nem aí para patriotismo ou dividida de alto risco.

O futebol está maluco. Willian ganhando mais do que faturaram Romário, Zico, Sócrates, Falcão, Leandro, Marinho Chagas,  Éder, Reinaldo, Gerson, Didi, Rivelino, Bebeto, Geovani,  Ademir da Guia, Edu, Jairzinho, Garrincha, Tostão, PC Caju, Dirceu Lopes é crime. Lesa-futebol.

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