Os outros três títulos publicados são: Bangu (Memórias de um militante), de Brasília Carlos Ferreira, Reservas de complexidade, reinvenção da universidade, de Maria da Conceição Almeida e Mônica Karina Santos Reis, e Meu amigo Bartolomeu Correia de Melo, de Ormuz Barbalho Simonetti. Estes dois últimos livros foram lançados, agora. O de Brasília Ferreira, reeditado (primeira edição em 1992).
Gostei muito de encontrar nesse pacote dois livros (edições esgotadas, raras) que não estavam em minha estante: Décadas, de Clementino Câmara, e Minha luta política, de Sandoval Wanderley. Tenho-os agora. Já havia lido os dois, décadas atrás, emprestados talvez por Meira Pires, Ticiano Duarte ou Sanderson Negreiros. Vou relê-los, agora. Leitura e releitura obrigatórias e prazerosas. Dois grandes nomes de nossa cultura.
Clementino Câmara, professor, jornalista, agitador político (fez parte do time do Capitão José da Penha, campanha para governador do Estado em 1912), presbiteriano e líder maçônico. Fundou várias escolas e dirigiu outras tantas em Natal e no interior do Estado. Fui seu aluno, nos preparativos para o Admissão, idos de 1946/47. O seu Curso funcionava no andar superior do Armazém Vitória, de Coriolano de Medeiros, esquina da avenida Rio Branco com a Ulisses Caldas.
Em 1989 Geraldo Queiroz publicou o livro Geringonça do Nordeste – A Fala Proibida do Povo, fruto de sua tese de mestrado sobre um dicionário do falar nordestina escrito por Clementino Câmara, juntando tambémuma entrevista imaginária com o autor, a partir da leitura de seu livro de memórias Décadas, publicado em 1936. O poeta e crítico literário Moacyr Cirne apontou o livro de Geraldo Queiroz entre os “20 livros fundamentais para se conhecer o Rio Grande do Norte”. Numa segunda edição (revista e ampliada), que saiu em 2009, fui agraciado com o privilégio de escrever sua apresentação. No final do texto revelo a minha aproximação com o mestre Clementino Câmara:
– Fui seu aluno, menino dos nove para os dez anos, preparando-me para o exame de Admissão. Sua escola particular funcionava no andar de cima do Armazém Vitória, esquina da Ulisses Caldas com a Rio Branco. A sala abria janelas para o pátio do Mercado Público, onde havia sombras de velhas e acolhedoras mungubeiras, e se via a fachada do Royal Cinema, logo em seguida ao telhado, em duas águas, do Café Magestic, calçadas do poeta Jorge Fernandes. Isso foi no findar dos anos 40, Natal ainda não tinha 100 mil habitantes”.
Antes que eu esqueça: Clementino Câmara foi da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, fundador da cadeira 19, cujo patrono é o poeta Ferreira Itajubá. Foi sucedido pelo jornalista e escritor Nilo Pereira. O atual ocupante é o jornalista e escritor Murilo Melo Filho. Nasceu na Praia da Pipa (Goianinha), em 17 de janeiro de 1888, falecendo em Natal no dia 18 de setembro de 1954.
Cartas Dácio Galvão encontrou entre suas gavetas e pastas esquecidas algumas cartas que Oswaldo Lamartine de Faria escreveu para o seu pai, o também escritor Helio Galvão. Duas figuras maiores de nossa cultura.
Dácio pensa juntá-las num livro com outras anotações, ilustrações, por aí. Boa ideia.
Padre Guerra Lembrando que quinta-feira que vem, 18, é o aniversário de nascimento do Padre Francisco de Brito Guerra. Foi no ano de 1777, em Campo Grande, no Oeste. Vigário de Caicó, professor de Latim, deputado provincial e senador do Império. Fundador do primeiro jornal publicado no Rio Grande do Norte, “O Natalense” (1832).
Tem muitos livros que falam sobre o Padre Francisco, jornalista, educador e político. Entre eles, um de autoria de José Melquíades de Macedo, Padre Francisco de Brito Guerra – Um Senador do Império. O Padre Brito Guerra é patrono da cadeira 31 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, cujo primeiro ocupante foi Jose Melquíades. Hoje quem está lá é a escritora Leide Câmara.
O que diria Cascudo? Deu na coluna BR-18, do Estadão do dia 11:
– A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) aproveitou seu momento no plenário da Casa nesta noite de quarta, 10, para criticar o entendimento do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que nordestino não precisa estudar filosofia, sociologia e antropologia. Em entrevista ao Estadão, o economista fez um exercício mental com resultado polêmico: “Imagine uma família de agricultores que o filho entrou na faculdade e, quatro anos depois, volta com o título de antropólogo? Acho que ele traria mais bem-estar para ele e para a comunidade se fosse veterinário, dentista, professor, médico”.
– A senadora perguntou aos colegas: “O que diriam Ferreira Gullar, Gonçalves Dias, Ariano Suassuna, Graciliano Ramos? ” Ao final da fala, a senadora pediu: “Ministro, cuide da educação”.
WM pede licença a senadora maranhense para juntar o nome de Luís da Câmara Cascudo ao quarteto aí de cima. O que o nosso Cascudo diria do “pensamento” do ministro?