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Livros velhos

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Vicente Serejo
Nunca precisei, mas, se por acaso, precisasse defender os livros velhos, bastaria repetir o slogan da Estante Virtual: livro novo é aquele que você nunca leu. Há os que rejeitam, mas é, note bem, por superstição. Alegam, por um purismo sempre tolo, ter vivido em outras mãos e nele ficado energias passadas. Respeito o defeito de alma, mas não creio. Não fossem os sebos e alfarrábios, como chamam os portugueses, certos desejos seriam, rigorosamente, impossíveis.
Há duas razões para que existam e resistam há mais de um século: o desejo de quem procura um livro por essa ou aquela razão – curiosidade ou de pesquisa – e pela raridade de ter edições originais e singulares que nunca retornariam, como foram feitas. Os sebistas classificam em três categorias como forma de valor, na ordem de importância: muito raros, raros e pouco comuns. Para não incluir, em razão da facilidade, aqueles fáceis e oferecidos em quantidade. 
No Brasil, os sebos existiram desde sempre, mas há um marco que nessas duas últimas décadas transformou a atividade num mercado organizado e com noção precisa de valorização a partir de livreiros mais bem informados. Já não é possível a garimpagem fácil, como antes. Não era raro encontrar nos sebos populares da Praça Tiradentes, no Rio, ou Largo do Arouche, em São Paulo, verdadeiras preciosidades que os sebistas comuns sequer sabiam ter nas mãos. 
Daqui, posso dizer, dos melhores garimpeiros foi Pedro Vicente, professor da UFRN, autor de alguns livros na área da sociologia política. Um tempo dirigiu a Editora Universitária e pertenceu à Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Sabia, na área humanística, o segredo de como encontrá-los. Foi dono de livraria quando viveu no Acre e sempre foi, antes disto, um velho leitor com a boa noção dos títulos importantes e de saber encontrá-los sem fazer espanto. 
Vivendo a vida inteira longe do Rio e São Paulo, a não ser em viagens esporádicas, não tive essa vivência. Tentava compensar por telefone, criando vínculos de confiança, pagando antes para garantir a compra a partir das descrições, e sem vê-los. O primeiro ‘Guia dos Sebos das Cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo’, de verdade, em 2001, foi organizado por Antônio Carlos Secchin e tem várias edições, Nova Fronteira e Lexicon, com endereços e telefones.
A Estante Virtual, nascida de uma ideia simples, virou um dos maiores sites de livros usados e novos do mundo. São mais de doze milhões de títulos nas capitais e em muitas cidades brasileiras. A info rmação apurou o mercado com uma explosão de preços sempre especulativos, principalmente de livros autografados, criando-se ícones, numa consequência inevitável. Não há mais livro importante e desconhecido. Raro ou comum, um dia aparece. E acende o desejo. 
ARQUIVO – Joyce Pascowitch registra na coluna Poder que o então senador Garibaldi Filho queria um mandato completo na presidência do Senado e o ministro Célio Borja desaconselhou.
TAMPÃO – Garibaldi assumiu a presidência do Senado com a renúncia de Renan Calheiros que já cumprira o segundo mandato. Alcolumbre luta hoje para ser reeleito. O poder é delicioso.
CIRCO – Já em São Paulo ‘O Circo’ – ‘dez poemas inéditos e encomendados’ – reunidos pelo poeta Diógenes da Cunha Lima. Ainda sem data, o livro ficará pronto, no máximo, em janeiro.  
COVID – Correta a decisão do Detran ao prorrogar por mais um ano a validade das carteiras de motorista vencidas em 2020. Forçaria a aglomeração. Que a polícia de trânsito tome ciência.   
ALIÁS – A prova de vida junto ao Ipern também foi adiada para 31 janeiro. A essa altura a boa medida seria deixar tudo para depois de iniciado o período de vacinação. É o marco regulatório. 
MISTÉRIO – Depois de mais de um mês em estado de mistério absoluto as pestanas eletrônicas instaladas na Hermes da Fonseca agora acendem e apagam. Mostrando os seus dentes afiados.
CHAVE – A emenda constitucional do deputado Tomba Faria para autonomia na transferência de recursos aos municípios é coisa de quem sabe do jogo político. E faz o governo ficar menor.  
ELES – Registre-se: os amigos chegam todos os dias, com a palavra. É como se conhecessem o belíssimo poema do poeta Gilberto Avelino: “Por quem passares, fala. /A palavra apascenta”. 

COVID-I – A peste do Covid, como a Peste Negra e a Gripe Espanhola, repete a dolorosa lição que só chegava aos ouvidos como notícia distante, dos outros: a dor da solidão. O pestilento é alguém que vaga, triste, carregando na carne, quando não na própria alma, o fantasma da morte.
COVID-II – Com parte dos pulmões comprometidos – os infectologistas atestam ‘Pneumonia Viral’ – duas dezenas de exames, corticoides e injeções, a luta é simples: vencer cada dia para ter direito ao dia seguinte. O velho estoicismo vem do homem grego resignado na resistência.   
COVID-III –  Antigamente, quando os homens eram bravos e tinham no espírito o ouro do destemor, dizia-se que era preciso trabalhar obstinadamente como se não fosse morrer nunca; e viver intensamente como se fosse morrer amanhã. Viver é manter a chama da alegria de viver. 
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