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Lobão afirma que não será tutelado

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POSIÇÃO - Lobão defende ampliação do parque hidrelétrico e não aceitará tutela administrativa

Brasília (AE) – Depois de ser acusado de não entender nada sobre o setor elétrico, o novo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), afirmou ontem que não será tutelado no governo pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Depois de receber o cargo do ministro interino, Nelson Hubner, Lobão elogiou Dilma, mas deixou claro que ela não terá influência sobre sua pasta. A ministra foi contra a nomeação de Lobão, afilhado do senador José Sarney (MA), e tenta agora preservar técnicos de sua confiança na direção das empresas estatais subordinadas a Minas e Energia.

“Ninguém tutela o ministro, a não ser o presidente da República”, afirmou Lobão, em discurso feito na solenidade de transmissão de cargo. Ao lembrar que nos últimos dias cresceram os rumores de que Dilma influenciaria a gestão dele à frente do ministério, o novo ministro acusou o golpe e garantiu que isso não ocorrerá.

“A ministra Dilma é uma profissional conhecida do setor e temos laços de amizade e admiração”, disse, em entrevista. “Ela jamais indicou alguém nem vetou”, completou, tentando amenizar a disputa. Mesmo com esses senões, Lobão garantiu que vai “ouvir” a chefe da Casa Civil, ex-titular de Minas e Energia, porque, na sua avaliação, ela tem “muito conhecimento” da área. “Ela é uma fonte significativa de consulta para qualquer um que sente nessa cadeira. Assim como os ex-ministros Nelson Hubner e Silas Rondeau, que é um homem honrado e dedicado”, comentou, numa referência ao ex-colega do PMDB que deixou o ministério em maio de 2007, abatido pela Operação Navalha, da Polícia Federal.

Estatais

O PMDB disputa agora com o PT os principais cargos das empresas do setor elétrico. Dilma e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, foram escalados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter as cotoveladas entre os partidos da base aliada e resolver o impasse em no máximo 30 dias. Oficialmente, Lobão fará as indicações para o comando da Eletrobrás, Eletronorte e Eletrosul, mas, na prática, ainda há uma queda-de-braço entre Dilma e a cúpula do PMDB.

“A partir de amanhã, vou discutir com Lobão, caso a caso, os cargos do setor elétrico”, afirmou Múcio. “É legítimo que o PT queira preservar os seus espaços e não vamos entrar em confronto, mesmo porque já sabemos que não haverá porteira fechada e cada ministério terá uma pluralidade político-partidária”, emendou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). No jargão político, porteira fechada equivale ao preenchimento de todos os cargos de determinada pasta por um único partido.

Embora dirigentes do PMDB e do PT amenizem a disputa, a briga pelos postos estratégicos nos Estados é grande. Na tarde de hoje, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), conversou sobre o assunto com Lula e com Múcio e recebeu a promessa de que tudo será resolvido em breve.

Nem mesmo o risco do apagão de energia – usado pelo PT para fortalecer a posição de Dilma contra o troca-troca – inibe a avalanche de indicações políticas. “Vamos torcer para que chova. E, como São Pedro é filiado ao PMDB, teremos uma chuva maior do que a normal e resolveremos essa questão da falta de água dos reservatórios”, comentou Jucá.

O PMDB queria emplacar o ex-governador de Santa Catarina Paulo Afonso na presidência da Eletrosul, mas não conseguiu. Até agora, quem está vencendo a batalha é a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que indicou para o posto o ex-deputado federal Jorge Boeira. Afonso deverá ir para uma diretoria da empresa. Desafeto no passado e atual aliado do governo Lula, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), por sua vez, deve conseguir nomear Lívio Rodrigues de Assis na Eletronorte. Para a Eletrobrás, a tendência é de que Flávio Decat de Moura ocupe a presidência da empresa e Astrogildo Quental fique com a diretoria financeira. O Palácio do Planalto também prevê muita briga entre os aliados para a ocupação de cargos na Petrobras, BR Distribuidora, Transpetro e Furnas.

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