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Lobão vai à praia

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Lobão diz que não curte poesiaCarlos de Souza – especial para o Viver

João Luiz Filho, o Lobão é um dos músicos mais inquietos do rock brasileiro. Depois de compor algumas canções definitivas para o repertório nacional, ele agora decidiu contar sua história e está escrevendo uma autobiografia em parceria com o jornalista Claudio Tognolli. Aí ele vai contar sobre uma trajetória brilhante em que não faltaram lances dramáticos como o uso de drogas, prisão, noitadas enlouquecidas, multidões em shows, desejo de suicídio, amizade com Cazuza e tudo o mais que seus admiradores aguardam ansiosos para ler. Lobão é um dos convidados do I Festival Literário da Pipa- Flipa e tem muita coisa para falar também sobre literatura. Aí estão os principais lances de nossa conversa.

Viver – Você está escrevendo uma autobiografia. Como é o teu esquema de trabalho?
Lobão – É simples: Me concentrar nas épocas que estou retratando.

Você lê muito? Que tipo de livros?
Razoavelmente. Todos os tipos, desde ficção científica, biografias, romances, épicos, poesia, tratados, atas, bulas, etc e tal.

Que autores te influenciam para compor letra de música?
Nenhum em especial e todos no geral.

Você acha que o povo brasileiro lê alguma coisa? O quê?
Se lê, ou quando lê, geralmente lê muito mal… e pior… a maioria, além de ler mal, pensa mal. Principalmente para aquele tipo de pessoa que se encanta ou se detém nos mistérios do olhar de Capitú. Nada mais brega e coisa nossa.

Me diz aí uma turma de autores brasileiros que você recomendaria para os jovens. Por quê?
Autores brasileiros? Me deu um branco… Ah, o Milisola, o Glauco Matoso e… Ah sim! O fundamental livro do Demétrio Magnoli Uma Gota de Sangue… Todo o brasileiro razoavelmente interessado em alguma coisa séria deveria lê-lo com a maior atenção.

Diz aí também uma galera estrangeira que você recomendaria. Por quê?
Br Bruss, autor obscuro de ficção científica francesa dos anos 60. Tem também o cara que fez As Benevolentes e me esqueci o nome agora, mas que escreveu uma parada foda, foda, foda!… As Benevolentes é o romance da década! E nosso querido Rabelais. E se não der pra encarar o Rabelais, vai no Gore Vidal que também bate um bolão.

Você prefere ler poesia ou prosa?
Prosa! Eu me irrito facilmente com poesia. Só se for algo como Leopardi, ou Poe.

O que você acha daqueles discos em que o poeta recita a própria obra?
Uma coisa brega e inócua, tipo tiozinho querendo ser moderninho. Livro é livro. Disco é pra ouvir Pink Floyd.

O que você acha dessa ideia de se fazer feiras de livros no Brasil, um país de analfabetos?
Bacana, principalmente num país de analfabetos, embora pra quem tem uma academia brasileira de letras, com direito a fardão e se achar imortal. Vamos combinar… Não precisamos dos analfabetos para nos envergonhar… ou quem sabe… Uma coisa só existe por causa da outra.

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