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Longe

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Vicente Serejo
É simples, Senhor Redator: se pavão pavoneia é de gosto seu pavonear, se é dado às suas parvoíces. Para ele, triste é não exibir seu brilho, nem que seja, às vezes, meio desbotado. Mas, há um tipo pior: os empedernidos. Lançam-se sobre a vida como se fossem donos dos destinos que julgam, condenam ou aprovam. Ora, viver não tem receita. Não bastasse a sabença popular ‘cada um vive como pode’ – teria por sobre tudo a certeza de não se saber o futuro.
 
Outro dia, lendo um ensaio sobre as tendências dos jovens de hoje, descobri que agora o grau de aspiração não é o mesmo. Claro, há os que herdam, não são os construtores de suas histórias, assumem o destino que recebem de avós ou dos pais. E os que, surpreendendo a todos, buscam outros caminhos. E há os que não acumulam bens e conquistas. Só andam pelo mundo como se nascidos de almas nômades, o que não deixa de demonstrar certo denodo de espírito. 

Aliás, escrevo denodo e nem sei se os modernos sabem seu significado. Talvez fosse melhor seguir o que recomenda o léxico – ousadia, bravura, intrepidez. A coragem é serena e são eles, os denodados, que ostentam essa qualidade sem prepotência. São livres: tocam a vida como se fosse aquela aventura errante que o poeta viu no amor dos que amam sem fronteiras, pois o amor há de ser assim. E há, lá no outro extremo, os eremitas, escondidos em si mesmos.  

Tenho amigos dos dois jeitos. Aventureiros, andando pelo mundo, e aqueles presos ao silêncio das leituras quase escondidas. Estes, se nunca forem provocados, nunca dirão da vida e dos livros. Se espetam seu silêncio, abrem uma fresta de alma e vão dizendo, entre palavras tímidas, um pouco da vida. E há nestes – pra que negar? – uma sempre calma vocação para as descobertas de livros que ninguém ouviu falar, até que venham em um comentário ou noutro.

Sempre telefono a um velho amigo que hoje mora recluso, num sítio urbano do litoral fluminense, com a facilidade de ter Internet. Compra livros à distância. Não precisa mais descer ao Rio, ir às livrarias do Leblon, como antes. Compra tudo pelo correio, recebe em casa, passa álcool contra o Covid, e só. Sabe de tudo que o Brasil edita. Se a quantidade passa do limite de suas estantes, e são muitas, doa os não essenciais à biblioteca da sua vila ou passa aos amigos.

Sair? Nunca ou quase nunca. Caminha toda tarde numa estradinha, entre árvores, toma vinho uma vez por semana num pequeno restaurante perto de casa que só exige uma caminhada de uns poucos minutos. E tem um código simples: quando o telefone chama cinco vezes e não atende, pôs no silencioso para dormir. De alma esperta, conversa sem pressa. Não quer mais ser escritor e fazer palestras. Vive como monge trapista, em silêncio. No mundo e longe do mundo.

RETRATO – O prefeito Álvaro Dias é o grande vitorioso na segunda pesquisa Ibope. E não só pelos 44%, o que assegura vencer no primeiro turno, mas pela aprovação de sua administração.

PESADOS – Os candidatos Kelps Lima e Sérgio Leocádio, com 7%; e Hermano Morais e Jean Paul com 5%, ainda não demonstram capacidade para garantir o segundo turno.

SINAL – Natal não se move pela força de tendências ideológicas de Direita ou de Esquerda. A julgar pelo baixo desempenho dos candidatos militares e os que invocam Bolsonaro como líder.

VALOR – A biografia de Jean Mermoz, escrita por Roberto da Silva, 940 páginas, fará parte das comemoração dos 90 anos da travessa aérea do Atlântico pelo piloto francês, maio de 1930. 

APOIO – É a primeira biografia escrita por brasileiro e, pela qualidade, recebeu o apoio oficial da embaixada da França no Brasil. Deverá ser lançada em Natal com a presença do embaixador.

ASTROS – Os melhores horoscopistas da política em Mossoró afirmam: a conjunção planetária indica uma batalha sem quartel nas ruas de Mossoró até dia 15 de novembro. De vida ou morte.

JABUTI – Sidarta Ribeiro, professor de neurociência da UFRN, na penúltima fase de indicação ao Prêmio Jabuti com seu livro “O Oráculo da Noite’ como revelação na categoria não ficção. 

VÁCUO – De Bill Gates numa entrevista à edição mais nova de Exame: “O mundo não está acostumado a esse vazio de liderança”. Bill, nosso respeitável Bill, não conhece o grande RN. 

SÉCULO – Impecável a edição em quadrinhos de ‘O Meu Pé de Laranja-Lima”, de José Mauro de Vasconcelos, nos seus cem anos. É uma homenagem da editora Melhoramentos, São Paulo, que sempre foi sua casa editorial, ele que bateu todos os recordes de leitura e venda no Brasil.

EDIÇÃO – Em tamanho grande, policromia sobre papel couchê, a edição envolveu o trabalho de cinco especialistas: Luiz Antônio Aguiar (adaptação); Arthur Garcia (desenhos), Franco de Rosa (arte-final) e Gui Martino (Cores). A capa é cuidadosa e baseada da concepção original. 

APURO – Destinada à leitura adulta e infanto-juvenil, o livro tem no anexo pequenos resumos da vida de José Mauro, da história editorial do livro, a concepção da versão em quadrinhos, os personagens e personalidades. Aqui, onde viveu e sempre voltava, ganha o silêncio da omissão.       








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