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Ludugero e o LP de 71

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Alex Medeiros 
Há exatos 60 anos o compositor, dramaturgo e radialista pernambucano Luís Queiroga criou um dos mais populares personagens da cultura do Nordeste, o Coronel Ludugero. O intérprete do birrento matuto foi o ator Luís Jacinto, que na mistura da atuação teatral com a estreita amizade com Queiroga confundia até a imprensa da época que tratava a dupla como se fosse uma só pessoa.
As músicas e esquetes de Ludugero dominaram a audiência nas rádios da região nas décadas de 1960 e 1970. O estilo inspirou programas por diversos estados, como no RN com a equipe do Patrulha da Cidade. Dois sucessos anos depois, o Coronel Bolachinha e Mução, beberam na fonte dos dois Luís, Queiroga e Jacinto. E duas atrizes deram voz à esposa do coronel; primeiro Rosa Maria, como Rosinha, depois Mercedes Del Prado, como Felomena.
Agora em 2021 está fazendo 50 anos do lançamento de um dos LPs de maior sucesso, “Desquite de Ludugero e da Véia Felomena”, com o selo da gravadora CBS. A capa tem uma grande foto do casal diante de um juiz de paz.
O disco tocou tanto no começo da década de 1970 (saiu em 1971) que algumas emissoras de rádio chegaram a adquirir novos exemplares por causa dos sulcos comprometidos com as repetições diárias em programas distintos.
O texto hilário e criativo de Luís Queiroga e as interpretações de Luís Jacinto e Mercedes Del Prado, além de Irandir Costa, o dileto amigo do coronel (Otrópe), tinha o recheio de termos dignos de Odorico Paraguaçu, de Dias Gomes.
Na primeira faixa do LP, Ludugero e Felomena iniciam um bate-boca por causa de uma viagem da mulher para “as Zoropa”, fato que irrita o marido, já que este imaginava que o destino turístico era Espanha e Portugal e não “as Zoropa”.
Há também uma crise de ciúmes por Felomena voltar afetada pela moda de Paris, usando coisas inexistentes no sertão, como minissaia, peruca loura e o perfume Cabochard. O coronel não admite sua mulher com um “cabo” qualquer.
As canções no velho disco são de fácil assimilação na força do ritmo – baião, xote e cantoria de cordel – e das letras. Há um desafio de viola onde Ludugero e Juvenal improvisam homenageando Pinto do Monteiro e Otacílio Batista.
Felomena dá o mote “no bem da mulher amada / tá o bem da criação”, e enquanto o oponente faz versos amorosos, Ludugero desenvolve a cantoria numa linguagem de absurdo que remete ao mítico poeta paraibano Zé Limeira. Seguem os versos iniciais. 
Juvenal – “vem de boa referência / que a mulher é carinhosa / a mulher é uma rosa / no jardim da inocência / a ele eu dou preferência / desde a velha tradição / eu pego e aperto a mão / tem a alma enciumada / no bem da mulher amada / tá o bem da criação”.
Ludugero – “eu vi se acabar Pompeia / sentado num alçapão / nas bandas da Galileia / eu vinha num lotação / na esquina da Judeia / dei carona a Sansão / e vi Dom Pedro Primeiro / dizendo pra São João / no bem da mulher amada / tá o bem da criação”.
Uma faixa do disco que foi bastante executada no Rio Grande do Norte, principalmente na região Oeste, foi a segunda, onde Ludugero, Felomena e Otrópe estão na maternidade para visitar a netinha “Coronha” do casal.
Entre as muitas trapalhadas, destaca-se o momento em que o coronel determina o local do batizado, que tem que ser em Mossoró. E predefinindo os padrinhos: Maestro Nelson Ferreira, Comadre Aurora e Comadre Adalice.  
Vacina 
Toda declaração quando é emoldurada na imprensa vira um quadro de grande dimensão, com um ar de ineditismo. A decisão do médico Mádson Vidal em não vacinar seus filhos menores é a mesma de milhares de pais pelo mundo.
Vacina II 
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Um dos assuntos nas redes sociais é a possível desinformação premeditada sobre o surto de gripe no País e que já é epidemia no Rio de Janeiro. Há profissionais de saúde dizendo que na verdade é a onda da nova variante.
Aleivosia 
Grato ao leitor Raimundo Bevenuto pela generosa saudação pelo artigo na página 2 do sábado sobre o jantar “Lula-Alckmin”. E ele crava: “uns ainda se alimentando através de mamadeiras, com procedimentos dessa natureza”.
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Sempre alerta no bunker de observação do cotidiano, Aurino Araújo estranha o silêncio dos analistas políticos sobre a nomeação do general Fernando Azevedo para o TSE, sob a chancela do super ministro Alexandre de Moraes.
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Técnico 
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Risco 
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