Ricardo Araújo
Editor de Economia
A Lufthansa Cargo, companhia aérea alemã responsável pelo transporte semanal de frutas do Rio Grande do Norte para a Europa, suspendeu temporariamente as operações no Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante. O voo da Lufthansa foi transferido, até o dia 15 de outubro, para o Aeroporto Internacional do Recife. A transferência, de acordo com empresários, impactará no custo logístico com aumento do frete e pagamento de horas extras aos funcionários das exportadoras em decorrência da ampliação do tempo de deslocamento da carga de Natal para Recife.
Boeing 777 da Lufthansa é grande demais para pousar e decolar da pista auxiliar do aeroporto
#SAIBAMAIS#O último voo cargueiro da Lufthansa partiu domingo passado, dia 10. Pelo menos 400 toneladas de frutas e pescados deixarão de ser embarcadas pelo terminal de cargas do Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves nos próximos 30 dias, em decorrência das obras na pista principal do sítio aeroportuário. “Esse mês inteiro, terei que enviar a produção para Recife. Além do custo do frete, que vai sair por R$ 2 mil por caminhão, tem também o aumento das horas extras, o tempo de deslocamento da carga que é maior. É um grande transtorno”, declarou Gabriel Calzavara, exportador de pescado.
A cada 15 dias, pelo menos seis caminhões carregados de atum e espadarte saem dos galpões da empresa dele com material destinado à exportação internacional e nacional. Ele relembrou que o frete pago entre a Rua Chile, onde está localizada a empresa de pesca que administra e o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante custaria R$ 400,00 e a viagem não demoraria mais de uma hora. No próximo embarque, programado para o início da próxima semana, os caminhões com o pescado deverão demorar cinco horas para chegar ao terminal de cargas do Aeroporto de Recife.
Em nota, a Inframerica, administradora do aeroporto em São Gonçalo do Amarante, confirmou que “durante a obra a companhia aérea (Lufthansa) decidiu não operar. A princípio serão apenas quatro voos cancelados, retornando no dia 15 de outubro”. Em entrevista publicada na TRIBUNA DO NORTE no dia 2 junho deste ano, o presidente da Inframerica, Daniel Ketchibachian, garantiu que as obras não afetariam as exportações pelo terminal administrado pela empresa que preside.
“Não vemos nenhuma mudança nos voos cargueiros. Nossas conversas com Lufthansa são positivas. Eles não enxergam nenhuma necessidade de mudança na malha deles. Então, continuaríamos com os voos de carga. Não teria nenhum impacto”, disse Daniel Ketchibachian na ocasião. A assessoria de imprensa da Inframerica não confirmou quando a empresa alemã comunicou a decisão de interromper as operações. O secretário de estado do Desenvolvimento Econômico, Flávio Azevedo, comentou que a mudança é “arriscada para a economia do estado”, ressaltando que, o problema na pista é “técnico e não tinha outra opção” a não ser suspender as operações.
De acordo com exportadores de frutas que usam o terminal de cargas do aeroporto da Inframerica, mas que preferem o sigilo da identificação, a mudança efetuada pela Luthansa, mesmo que temporária, traz uma série de transtornos logísticos e, consequentemente, financeiros. Cada operação realizada via Aeroporto Internacional Gov. Aluízio Alves custava, aos empresário, uma média de 500 mil dólares.
Com a necessidade de envio da produção das frutas e pescado para a cidade do Recife via transporte terrestre, o custo operacional será ampliado em, no mínimo 10%, com redução da margem de lucro do empresariado. A Inframerica também deverá registrar queda no faturamento e, obviamente, no volume de cargas transportado pelo terminal. Procurada, a assessoria de imprensa da Lufthansa no Brasil não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem até o fechamento desta edição.
