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Luizinho Lopes: “Particularmente, gosto desses grandes desafios”

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Vicente Estevam
Repórter de Esportes

Depois de confessar que estava realizando um sonho, ao assumir o comando do futebol do América, o treinador Luizinho Lopes disse que sabe o tamanho do desafio que decidiu enfrentar, aceitando o cargo de treinador num clube incomodado com a presença na Série D e com a falta de resultados positivos nos últimos três anos. Ele chega demonstrando otimismo e prometeu que irá trabalhar com muito empenho para resgatar os anos de vitória do Alvirrubro, deixando claro que embora o objetivo principal para 2019 seja o acesso a Série C do Brasileiro, sob seu comando, o América não vai abrir mão de disputar nenhum outro tipo de competição, que não seja visando o título. Veja agora, na entrevista concedida pelo treinador à TRIBUNA do NORTE o que pensa o novo treinador americano.

Técnico do América, Luizinho Lopes fala sobre o desafio de comandar a equipe alvirrubra


Técnico do América, Luizinho Lopes fala sobre o desafio de comandar a equipe alvirrubra

Numa situação dessas como no América, um clube visivelmente incomodado com o terceiro ano na série D, e com recentes insucessos. Qual o principal risco para um treinador na sua condição, que ainda busca firmação no mercado?
Na carreira do treinador, o profissional vai estar sempre correndo risco. Compreendo essa questão e a pressão que deve existir, pelo fato de o clube estar há três anos na Série D e isso nos deixa com uma responsabilidade enorme. Obviamente que esse fator aumenta o tamanho do desafio, mas a gente chegou a um denominador comum como treinador e sabemos que sempre estaremos correndo certos riscos, as vezes esses riscos são proporcionais as condições do clube que a gente está assumindo. Neste caso do América, devo confessar que gosto desse tipo de desafio, pois acho que quando o trabalho se encaixa e dá certo o retorno volta na mesma proporção das cobranças.

Então no seu caso a pressão é vista como um fato positivo e não deve atrapalhar seu trabalho?
Acredito que não, as vezes você assume um clube onde os riscos e desafios são menores e, por melhor que seja o seu trabalho, o reconhecimento não será tão grande. Eu particularmente gosto desses grandes desafios justamente devido a proporção que o seu trabalho pode tomar após superar questões consideradas como muito difíceis. Não chego no América iludido, pois sei que mesmo sendo um grande clube, hoje ele passa por uma situação difícil, complicada em nível de divisão.

Mas foi apenas o desafio que atraiu Luizinho Lopes a assumir esse trabalho?
Não, me foi mostrado uma proposta que considerei bem interessante em termos contratuais, as intenções da diretoria de profissionalizar por completo o futebol do clube também. Estou muito animado e enxergando o lado bem positivo com a inauguração da Arena América, isso trará um novo ânimo para todos os imbuídos no processo de recuperação do futebol americano. O estádio vai trazer recursos novos, haverá ainda reestruturação do centro de treinamento, tudo realizado com a política de pé no chão. Se a política é pé no chão isso deve se estender também a questão da organização da folha salarial, essa perspectiva de organização me deixou muito animado. Em meio a tudo isso o risco que vou correr faz parte do desafio da carreira. Minha meta é tirar dessa oportunidade um caso de uma grande vitória para minha história como treinador. Sei o que está ocorrendo e vou trabalhar muito para contribuir com essa reviravolta do futebol no América.

A missão principal do América será deixar a Série D, como a própria diretoria afirma. Isso significa que o clube irá se preocupar apenas com a formação de um grupo forte durante o Estadual se preparando para o grande desafio da temporada?
O que realmente pesa para o clube em termos nacionais é a ascensão dentro do Brasileirão, isso eleva o status dele. Nosso objetivo principal na temporada de 2019 é conquistar o acesso e iniciar a caminhada para levar o América ao patamar mais alto que ele puder chegar. Mas o processo será dado passo a passo, primeiro iremos cuidar da montagem do elenco e, de imediato, nosso foco será a conquista do Campeonato Estadual. A gente quer fazer uma competição objetivando o sucesso obviamente pensando que, quando essa equipe chegar ao Brasileirão, a gente já tenha uma boa base e uma identidade dentro de campo. Conseguindo realizar um bom Estadual iremos chegar para decidir nossa vida no Brasileiro com seis meses de trabalho, tendo apenas de enxertar um ou outro valor e isso já nos deixará com um certo entrosamento, fazendo o América entrar forte nessa competição. O América está há três anos sem vencer o Estadual e essa conquista está dentro dos nossos objetivos para 2019, pois uma coisa irá puxar a outra que estiver por vir.

Até que ponto o insucesso no Estadual pode atrapalhar os planos do clube no Brasileirão?
É uma questão de futuro, não há como a gente prever uma situação dessas hoje. Particularmente estou chegando ao América com bastante otimismo, tentando entender os problemas, mas sempre vendo a situação por um lado positivo. Temos de colocar otimismo em tudo para que a gente possa se encher de motivação visando conquistar os nossos objetivos, que são todos muito importantes para recuperação do América. Prefiro não analisar essa questão agora e pensar que tudo vai dar certo na disputa do Estadual e que ele nos servirá de base para buscar o acesso no Campeonato Brasileiro.

O América era a vitrine que você estava a esperando para se mostrar definitivamente ao mercado de treinadores no Brasil?
O América é uma grande vitrine com certeza. É um clube centenário, possui uma marca bastante tradicional, já frequentou a elite do futebol nacional por duas vezes nessa era do futebol moderno. Ele está nessa situação atualmente por motivos que poucos saberão explicar, mas têm a dimensão de um clube de Série B, ainda possui uma grande visibilidade. Então certamente trata-se de uma boa vitrine para qualquer profissional.

Além da proposta do América você vinha estudando mais alguma?
Recebi algumas sondagens interessantes, outras propostas oficiais, mas confesso que queria até esperar um pouco mais antes de assumir qualquer compromisso. O América era um caso particular, uma situação que me fez pensar com muito carinho porque envolve toda uma situação que coincide com a minha carreira. Então quando apareceu o convite oficial preferi aceitar o desafio, deixei tudo que estava estudando de lado por ser o América, um clube pelo qual sempre nutri muito respeito.

Como você pretende realizar essa integração com a base, ciente de que o trabalho na categoria está apenas dando os primeiros passos dentro dessa nova filosofia do clube?
Nós estamos assumindo num período em que o trabalho desenvolvido por Jocian Bento ainda está em fase de implantação na categoria. Ele teve muito pouco tempo de trabalho, esse tipo de coisa tem de ser muito bem estruturada para que venha a render frutos, tem de começar lá pelo sub-11. Mas ainda com essas dificuldades, nunca é tarde para se iniciar um trabalho de reestruturação das categorias de base, já vi a nossa equipe sub-19 ser campeã estadual e iniciamos o nosso monitoramento desse pessoal. Vou me reunir com todos profissionais que trabalham nessa área e ficar de olho, quero estar a par de tudo o que ocorre, trazer alguns meninos para trabalhar com o grupo profissional sempre que possível, que é para eles já irem convivendo com esse ambiente. Aqueles que se destacarem, mostrarem que podem ser úteis no quadro principal, com certeza, terão as suas oportunidades garantidas.

O trabalho que você realizou recentemente no Confiança, no Brasileirão, quando passou todo turno disputando a liderança e depois caiu, mostrou alguma falha em sua filosofia de trabalho ou foram outras questões que influenciaram na queda de rendimento da equipe?
No Confiança nós conquistamos um título invicto no Campeonato Sergipano, bem como a vaga na pré-Copa do Nordeste que é considerada um título para os clubes da região, por oferecer uma carga extra de recursos aos cofres. No Brasileiro passamos 14 rodadas dentro do G-4, dessas, em doze, nós estávamos ou na primeira ou na segunda colocação. Ainda lideramos a Série C, que tinha um grupo bastante forte e muito disputado, por cinco rodadas. Então o que ocorreu lá foi que tivemos uma sequencia de nove jogos, onde tivemos seis empates. Mesmo quando não conseguimos vencer, nesse período, tivemos desempenhos muito bons em vários desses empates. Então a equipe sofreu uma queda de desempenho e sofreu três derrotas em sequência, o que fez o quadro alterar drasticamente. Foi um momento crítico, a equipe sofreu uma queda de desempenho, nada relacionado a filosofia do jogo, do trabalho desempenhado. Precisamos realizar algumas alterações, pelos mais variados motivos entre técnicos e de contusões, então como já estava na reta final da fase de classificação, não nos restou tempo para uma recuperação, pois faltavam poucas rodadas para definição do grupo. Mas foi um trabalho que houve um desempenho fantástico e considero que foi uma campanha regular e com muito bom desempenho. Eu não vejo isso como uma derrota na minha carreira, mas como um trabalho vitorioso. Fazer trinta jogos e sofrer apenas cinco derrotas, mostra que embora o resultado final não tenha sido o esperado, não podemos negar que esse trabalho foi vitorioso.

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