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Lula afirma em Cuba que é apaixonado pela revolução

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CUBA - Lula observa assinatura dos acordos, ao lado do presidente em exercício, Raul Castro

Vera Rosa – Enviada especial a Havana

Havana (AE) – Sem querer mexer no vespeiro da falta de liberdade em Cuba, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que não dá palpite na política interna de nenhum país porque quem adota essa prática “quebra a cara”. Chegou a citar o Citibank, que hoje teve prejuízos de US$ 10 bilhões, e se definiu como um “apaixonado” pela Revolução Cubana de 1959, liderada por Fidel Castro. Mais: afirmou que não vai aceitar nenhuma “pirotecnia” ideológica contra a ilha.

Depois de assinar oito acordos de cooperação com Cuba nas áreas de energia, medicamentos e compra de alimentos e apostar na abertura comercial do país, Lula esquivou-se de falar sobre a necessidade de abertura política. “Nós não queremos contribuir para cercear a liberdade das pessoas quererem escolher o País onde vão morar, mas também não queremos criar nenhuma pirotecnia anticubana como de vez em quando se tenta criar no mundo”, afirmou. “Não queremos dar palpite nas coisas dos outros e, aliás, quem dá palpite quebra a cara. Vejam que o Citibank acaba de anunciar prejuízo de US$ 10 bilhões”.

Antes de sua conversa reservada com Fidel, que desde julho de 2006 está afastado do poder por motivos de doença, o presidente foi questionado sobre a repressão em Cuba e o desrespeito aos direitos humanos, mas escapou de respostas contundentes. Para reforçar a estratégia, mencionou a difícil situação do Citibank. “Eles, que davam tanto palpite sobre como administrar as coisas, quando chegou a hora de provar a sua competência demonstraram que não têm tanta competência como falavam”, insistiu.

Em entrevista concedida diante da Embaixada do Brasil, debaixo de chuva, Lula ainda brincou com o regime socialista da ilha, que vive sob embargo econômico dos Estados Unidos há quase meio século. “Vamos socializar a chuva”, disse. Os repórteres insistiram e, ao perguntar sua opinião sobre a necessidade de abertura política, lembraram que dois boxeadores foram deportados para Cuba após participarem dos Jogos Pan-Americanos, em agosto, no Rio.

“As pessoas não manifestaram interesse em ficar. Quem manifesta interesse em ficar pede asilo. Eles não pediram asilo”, disse. “O ministro da Justiça (Tarso Genro) tratou (o assunto) como deveria tratar e, no caso dos músicos, vai ocorrer a mesma coisa”, completou, numa referência aos dois músicos cubanos que em dezembro, apresentaram pedido de refúgio à Polícia Federal.

Foi nesse momento que Lula se referiu ao que chamou de “pirotecnia” contra Cuba e defendeu a Revolução de 1959. Visivelmente emocionado, o presidente disse ter “carinho muito especial” por Fidel. “Eu sou da geração apaixonada pela Revolução Cubana e estou torcendo para que Fidel tenha recuperação extraordinária”, comentou, ao lembrar que visita Cuba desde 1985.

Lula foi recebido em Havana por Raúl Castro, irmão de Fidel e presidente em exercício de Cuba, com quem jantou na noite de segunda-feira. Participou de uma cerimônia de oferenda floral na Praça da Revolução, diante do Memorial “José Marti” e com vista para o Ministério do Interior, que exibia a imagem de Che Guevara ao lado da expressão “Hasta la victoria siempre”. Depois, seguiu para o Palácio da Revolução, onde assinou acordos de cooperação com Cuba.

Presidente vai conversar hoje com Lobão

Havana (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ontem numa entrevista em Havana (Cuba), que terá hoje uma conversa com o senador Edison Lobão (PMDB-MA), mas fez a ressalva de que ainda não está certo que o convidará para assumir o cargo de ministro de Minas e Energia. “Eu vou ter uma conversa com ele (Lobão), e vamos estabelecer uma discussão”, disse Lula. “O problema é que o PMDB, por unanimidade, indicou o Lobão, mas eu disse ao PMDB que isso vai depender de uma conversa com ele, que será feita amanhã”, explicou o presidente.

A conversa começou quando jornalistas perguntaram a Lula se o senador Lobão se tornaria ministro hoje. O presidente abriu um sorriso e disse: “Não. Não. Não. Eu vou ter uma conversa com ele amanhã.” O cargo de ministro de Minas e Energia está sendo ocupado interinamente pelo economista Nelson Hubner, ligado à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff em substituição ao peemedebista Silas Rondeau, que renunciou após ser acusado de favorecimento por uma empreiteira.

Mesmo com essa declaração de Lula, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, afirmou em entrevista no Palácio do Planalto, que “não existe possibilidade” de o senador Edison Lobão (PMDB-MA) não ser convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro.

Temporão quer reconhecer os diplomas

Havana (AE) – O governo está disposto a reconhecer os diplomas cubanos dos estudantes brasileiros que se formaram na Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Havana. A idéia é que os formados façam uma complementação de estudo no Brasil. Já existiriam três escolas federais interessadas em assinar o convênio de reciprocidade: a Universidade Federal do Acre, a UniRio e a Universidade Federal do Ceará.

“Acho que este ano fechamos a solução”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que acompanha o presidente Lula na viagem a Cuba. O ministro informou que em fevereiro reitores de universidades públicas estarão em Havana para tratar desse assunto. Até o fim deste ano deverá chegar a mil o número de brasileiros formados pela Elam. Temporão e o ministro da Educação, Fernando Haddad, estiveram ontem (15) na escola, que amanhã receberá a visita de Lula.

“Conversamos com os estudantes e eles nos disseram que estão dispostos a voltar para o Brasil e trabalhar em áreas de dificuldade”, disse Temporão. Ele admitiu ainda que a solução em análise pode abrir caminho para a validação de diplomas de brasileiros que estudam em outros países. “Estamos otimistas”, completou.

Indiretamente, o ministro estava se referindo a uma comissão interministerial, coordenada por ele, que estuda uma proposta para a questão da revalidação dos diplomas médicos obtidos no exterior, especialmente em Cuba. Até agora, porém, os trabalhos não passaram da fase de consultas.  Ontem, as assessorias dos Ministérios das Relações Exteriores e da Educação informaram não ter conhecimento de nenhum projeto de convênio.

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