sábado, 20 de abril, 2024
25.1 C
Natal
sábado, 20 de abril, 2024

Lula é o único candidato

- Publicidade -

Villas-Bôas Corrêa – Repórter político do JB 

  Das muitas intrigas entre aliados em polvorosa, com inflamadas declarações trocadas com o molho apimentado da ironia e das  interpretações dos decifradores de índices o que sobra da recente  pesquisa do Instituto Data-Folha é a evidência de que o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva apronta na raia vazia como candidato único, há mais de três meses em tempo integral na caça ao voto do eleitor abandonado.

O mais é conseqüência da excitação que contagia o PT de crista  murcha com o envolvimento como principal beneficiário do escândalo  em dose dupla da corrupção para o financiamento da última campanha  eleitoral e dos seus filhotes na roubalheira das ambulâncias  superfaturadas, nas falcatruas e denúncias de crimes em prefeituras  sob o comando petista, que se rejubila com a esperada confirmação  que deverá ser premiado com mais quatro anos aconchegado no cofre da  Viúva.

Entende-se e mesmo é fácil compreender a fossa em que mergulhou  a oposição e o desabafo no sururu doméstico, com as feias acusações  de traição, de corpo mole, de incompetência a riscar o ar como setas  envenenadas. Os excitados aliados com os nervos tensos e a irritação à flor da pele não conseguem entender a mágica que sustenta Lula como favorito absoluto, enquanto o seu candidato, o ex-governador  Geraldo Alckmin, parece colado ao solo, não consegue levantar vôo  depois de dois meses de campanha modesta, tão sumida na mídia que  parece clandestina.

Fazendo as pazes com o bom senso e a lógica, comecemos pelas  preliminares. Antes de catar as culpas alheias, a oposição deveria  mirar-se no espelho e examinar as rugas da sua omissão. Com a óbvia  ressalva dos poucos que se esbofam nas críticas ao favorito – como  os senadores Artur Virgílio, Antonio Carlos Magalhães, o presidente  do PFL, senador Jorge Bornhausen e meia dúzia dos deputados – a  oposição brilha pelo silêncio, atenta ao conselho da sabedoria  popular que em boca fechada os insetos não penetram.

E, para agravar os pecados da inércia interesseira de quem não  quer correr o risco de pegar a condução errada e ir parar no fim da linha da derrota, poucas vezes um candidato ousou tanto como Lula na  sistemática desobediência às restrições legais e aos princípios  éticos. A praga da reeleição plantada pelo antecessor odiado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, adoçou a herança maldita com o privilégio de disputar o bis usando e abusando das facilidades  da maquina administrativa.

Quando cutucado, Lula bóia na desculpa que segue o exemplo do  sociólogo ilustre, o que é truque de puro despiste. E que não o  constrange como recordista na contramão da rota simulação, de  comicidade debochada, de que não é candidato, cultiva as suas  dúvidas com data marcada e programação pronta para o lançamento da  candidatura em forrobodó na Praça dos Três Poderes, com o MST, a  CUT, o PT garantindo a massa para a festança de arromba.

Ocupada com as CPIs e o chorrilho de um novo escândalo a cada  dia, a oposição esquece a campanha e o candidato. Por sua vez, o  estilo do opositor, ex-governador Geraldo Alckmin é de quem prefere  enfrentar a algazarra do otimismo com o toque abafado, em surdina,  de discursos de sobremesa.

Arrancar na reta decisiva como favorito, com altos índices de  tendência de voto nas pesquisa, não é vantagem desprezível.

Se a eleição não está decidida e costuma pregar peças nos vencedores de véspera, é evidente que o presidente-candidato tem  faturado com esperteza as vantagens do cargo. E o seu carisma  pessoal, a sólida liderança popular inflada com os êxitos de  programas  sociais, como o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo e as promessas de milagres adiados para o segundo mandato  completam o perfil do candidato que a oposição tem todos os motivos  para temer.

A cuca fervilhando com as más notícias, prenuncia o pânico que dispersa os indecisos. Com  estabanada reação ao primeiro susto, a  aliança PSDB-PL demonstra a sua fragilidade e os problemas de  definição do comando da campanha. Erros, hesitações nos acertos para a montagem da chapa com  o senador pefelista José Jorge na  vice-presidência só agora começam a ser enfrentados.

E, para mal dos pecados, a candidatura do senador Pedro Simon,  com o tamanho do buraco dos indecisos, desponta como extremamente  sedutora para a banda do PMDB que defende o candidato próprio e  promete agitar a Convenção do partido, controlada pela maioria governista,  seduzida pelas promessas de Lula.

Se a vantagem de Lula nas várias simulações escora o seu favoritismo, o índice de 27% de rejeição deve assustar o cordão da  reeleição.

A eleição não está decidida. Mas, ou a oposição entra em campo  no segundo tempo disposta a virar o placar ou o campeonato está  perdido.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas