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Lula promete acabar com a mesmice

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DIÁLOGO - Lula recebeu uma lista de reivindicações da Coordenação Nacional de Movimentos Sociais Brasília (AE) – O presidente reeleito Luiz Inácio Luiz Inácio Lula da Silva não quer repetir a “mesmice” do primeiro mandato nos próximos quatro anos. Foi isso que os movimentos sociais ouviram de Lula, ontem, na primeira reunião depois da confirmação da reeleição, em 29 de outubro. Ao afirmar que pretendia fazer mudanças nesse segundo mandato, ele afirmou que não se dispôs a enfrentar a reeleição para “continuar na mesmice”. Para os mais de 30 representantes de várias áreas, Lula afirmou que saiu de “alma lavada” das últimas eleições, que não deve o atual mandato a ninguém e que, agora, tem liberdade para negociar com os movimentos sociais.

Depois de receber uma série de reivindicações da Coordenação de Movimentos Sociais – que reúne desde entidades de sem-terra até a União Nacional de Estudantes (UNE) -, o presidente reeleito fez uma longa explanação sobre o que pretende para o segundo governo. Falou de crescimento, Orçamento e, mais uma vez, dos “entraves” que precisa enfrentar.

Lula prometeu que, nessa gestão, irá mesmo “destravar o Brasil, custe o que custar”, afirmou um dos interlocutores. O presidente manifestou algumas preocupações. “O presidente chegou a citar sete vezes a palavra ‘destravar’”, afirmou o representante Toni Reis, da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT). Lula disse que teria de “desatar os ‘nós de marinheiro’ que emperram País”.

O presidente disse que a burocracia do País o irrita muito. As decisões que Lula toma em Brasília, delcaour, demoram muito para chegar na ponta, nas cidades, quando chegam. “Ele colocou isso com muita indignação. Nos disse que sabe que isso prejudica muito os movimentos sociais e esse é um dos pontos que pretende ‘destravar’ no País”, explicou o ativista João Paulo Rodrigues, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Lula mostrou preocupação ainda com o tamanho do Orçamento do País. O presidente garantiu aos representantes dos movimentos que tem um monte de demandas a serem atendidas e que sempre falta dinheiro. “Por isso, ele disse que vai construir uma agenda com todas as áreas para ver quais são as prioridades e de onde tirar dinheiro”, prosseguiu Rodrigues.

Lula reconheceu o apoio que os grupos sociais lhe deram durante a eleição, especialmente, no segundo turno, em que alcançou 60,8% dos votos. O presidente acentuou que, dentro do Palácio do Planalto, não está um “adversário” deles, mas “um companheiro”, e que sempre haverá uma “relação franca” entre ele e os movimentos sociais. Lula levantou a hipótese de reuniões como a de ontem serem periódicas, mas nada foi agendado ontem.

Líderes indígenas e gays reclamam do presidente

Brasília (AE) – Líderes dos movimentos indígena, negro e homossexual reclamaram do governo e de declarações do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva, no encontro realizado ontem. Uma representante de um grupo de lésbicas reclamou que não teve direito de fazer discurso durante o encontro no Palácio do Planalto. Das 35 entidades convidadas, apenas algumas, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) puderam pronunciar-se. Mesmo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), ligada a Lula, não entrou nessa lista.

Já os líderes dos índios usaram ao máximo o direito de falar para exigir explicações sobre um pronunciamento em que o presidente eleito os culpou e aos descendentes de quilombolas por dificultar a construção de obras de infra-estrutura. “A gente quer saber, presidente, porque o sr. disse que os povos indígenas e os quilombolas são entraves para o crescimento?”, questionou o ativista Jecinaldo Saterê Mawé, da Coordenação das Organizações da Amazônia Brasileira.

Lula teria respondido, segundo o índio Manoel Uilton dos Santos Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo, que a mídia deturpou uma fala feita por ele em Mato Grosso em que citou índios e descendentes de escravos refugiados em quilombos. “Na verdade, houve uma distorção da mídia. Precisamos destravar projetos de infra-estrutura em áreas indígenas e quilombolas”, completou o presidente. “Nós dissemos a ele (Lula) que repudiamos qualquer projeto que comprometa nosso território”, relatou Tuxá

O presidente disse que os movimentos sociais não têm mesmo culpa pelo atraso nas obras. “Os entraves estão dentro do governo, que não consegue resolver as questões”, disse. Lula reclamou da burocracia. “Gostaria que vocês fossem presidente por um dia. Eu tomo uma decisão aqui, mas a decisão não sai”, queixou-se. “Preciso da compreensão dos movimentos sociais para fazer um ‘destravamento’ do Estado brasileiro”, completou.

Em seguida, ele afirmou que tentou tirar moradores de palafitas em Pernambuco, mas que a obra não saiu por uma série de exigências de órgãos públicos. Lula citou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Ministério Público (MP) como órgãos que ajudam a atrasar as obras.

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