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Má fama da praia afasta visitantes

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Isac Lira – repórter

De principal point da cidade nos fins de semana a destino abandonado pelos consumidores e pelo poder público. É dessa forma que comerciantes, trabalhadores e frequentadores de Ponta Negra definem as transformações que a orla da praia vem passando há pelo menos cinco anos. Eles reclamam do movimento muito menor do que estavam acostumados na primeira metade da década. Como principais motivos apontados, estão a má fama conseguida pela prostituição que infestava a praia e pelos preços mais salgados do que o normal, além da falta de incentivo do poder público.

Comerciantes preocupados com a situação de abandono de Ponta Negra, tentam atrair o natalense novamente para a praiaJosafá Lima de Oliveira é proprietário de um dos quiosques da avenida Erivan França há 20 anos. Conhecedor das transformações que a orla da praia sofreu durante todo esse tempo, ele afirma que o movimento está fraco principalmente porque Ponta Negra não consegue mais atrair os natalenses. “Durante a época em que o turismo internacional dominou Ponta Negra, o natalense também se afastou. Hoje, esse turismo internacional também caiu e nós sobrevivemos do turismo nacional mesmo. Mas o natalense não voltou a frequentar a noite de Ponta Negra”, analisa. A reportagem esteve no último sábado em Ponta Negra e verificou o que conta Josafá. A praia, antes lotada ao ponto de não ter local para estacionamento, tinha poucos frequentadores.

O fenômeno, que é facilmente observável, principalmente para quem frequentava a noite da praia nos idos de 2004 e 2005, tem origem nos problemas sociais trazidos pelo dinheiro farto do turista internacional, na opinião dos que trabalham na orla. Josafá, por exemplo, afirma que a praia ficou manchada pela ostensiva prostituição existente antes da instalação de câmeras de segurança pela Polícia Militar. “Hoje está bem melhor depois que colocaram essas câmeras, praticamente não existe mais. Contudo, a má fama não será apagada tão facilmente, até porque a cidade hoje tem outros locais, que ocuparam esse espaço”, acredita.

Já o taxista Paulo Roberto do Nascimento, de 27 anos, aponta também os preços acima da média de outros locais da cidade como fator decisivo. Segundo ele, hoje muitos locais adequaram esses preços à realidade de Natal, porém, mais uma vez, a fama de local caro afasta os consumidores locais. “Antigamente, o preço era adequado à realidade do turista italiano, espanhol, português. Isso afastou muita gente e hoje há quem ache que continua da mesma forma”, opina.

Esse ponto é percebido também entre os próprios empreendedores da orla, como é o caso de Luís Travassos, dono de um dos restaurantes localizados na Erivan França. Ele comanda o restaurante há um ano e já chegou ao local sabendo que teria de mudar algumas coisas. “Os preços são acessíveis, não é aquela coisa feita pra turista. Mesmo assim ainda há quem prefira não vir a Ponta Negra por achar que vai encontrar prostituição e venda de drogas, o que não acontece mais. Nesse ponto, melhoramos bastante”, afirma. E complementa: “Aos poucos estamos conseguindo atrair o natalense de volta à Ponta Negra, o que é o grande caminho para a praia voltar a ser um point”.

A preocupação não atinge unicamente os comerciantes da avenida Erivan França. Os bares e restaurantes das proximidades da “rua do Salsa”, no alto de Ponta Negra, sofrem com o mesmo problema. Com um diferencial que é público e notório: ainda há pontos facilmente reconhecidos como de prostituição no local. O gerente de um dos barzinhos mais frequentados conta como faz para driblar a vizinhança indesejada. “Quando alguém me pergunta onde é o bar, por exemplo, eu digo para vir por outra rua, porque a “rua do Salsa” tem uma esquina totalmente dedicada à prostituição”, diz Mário Sérgio Miranda.

Sem atrativos

A infraestrutura da orla de Ponta Negra também é citada como ponto negativo, o que evidencia o descaso do poder público. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve na avenida Erivan França e verificou as calçadas mal cuidadas, a total falta de banheiros públicos e a ausência de eventos que atraiam o público novamente.

Esse também é o ponto de vista de Claudiana da Costa, que vende artesanato na praia. “Fica difícil atrair novamente as pessoas, se não tem um evento, um show, uma atração cultural. Dessa forma, o público, quando vem, é para comer alguma coisa, mas aí eles chegam e vão embora. Ponta Negra está abandonada”, resume.

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