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Machadão e Machadinho devem estar no centro das preocupações do futuro prefeito

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As duas principais “praças” de esportes de Natal deverão estar no centro das preocupações do futuro administrador da cidade. O Machadão e o Machadinho irão receber, após o período eleitoral, investimentos em reformas que totalizam R$ 3 milhões. Porém, as obras terão de ter prosseguimento no próximo ano, assim como a conservação das instalações e, até mesmo, a viabilização de um grande projeto, cujo objetivo é urbanizar a área no entorno do estádio e do ginásio.

Administrador do Machadão, Evilásio Júnior afirma que o processo licitatório para as reformas será retomado logo após as eleições. Com os recursos, serão erguidas quatro torres de iluminação e instalados dois novos placares eletrônicos no estádio e reformado o teto e substituído o piso do ginásio. A carência do Machadão, porém, não se limita à estrutura física. “Um dos grandes problemas é a falta de pessoal”, diz.

De acordo com Evilásio Júnior, o número de funcionários permanentes que trabalham diretamente e diariamente no estádio oscila em torno dos 15. Outros foram cedidos a secretarias, ou se aposentando ao longo dos anos. Caso a quantidade não seja reposta em breve, o quadro deverá ficar ainda mais limitado. “Se continuar sem contratar gente nova, esse número logo, logo vai cair para seis ou sete”, teme o administrador.

Ele ressalta que apesar de a Secretaria de Esportes e Lazer (SEL), responsável pelo Machadão, contar com parcerias junto à Guarda Municipal para a segurança e à Urbana para a limpeza da estrutura, é necessário pessoal próprio para tornar mais eficiente a administração do estádio. “Sem alguns dos funcionários que temos hoje, esse estádio não andava. Há alguns muito dedicados. Mas é preciso repor o pessoal”, defende.

Quanto à estrutura, após as obras realizadas no último ano e que garantiram a segurança das arquibancadas, a preocupação que deve permear o trabalho do futuro prefeito é com a rede elétrica. Em alguns pontos do estádio, é preciso montar verdadeiras “gambiarras” para fazer funcionar a iluminação e os equipamentos que dependem de energia. “Essa deve ser uma prioridade, pois é algo que nos preocupa. Já a questão das infiltrações foi devidamente sanada”, afirma.

Evilásio Júnior destaca que apesar do problema com as fiações, o estádio se encontra em condições de uso. Isso graças ao trabalho realizado a partir da assinatura de um Termo de Conduta com o Ministério Público. “O Machadão foi todo vistoriado e tem aval”, complementa. O gramado, no entanto, deve receber cuidados. “Hoje não está 100%, mas podemos dizer que os problemas foram resolvidos 90% e planejamos para, depois do fim do campeonato (brasileiro), trabalhar nele com uma revitalização, que deve custar cerca de R$ 200 mil”, estima.

Os placares eletrônicos a serem instalados, por sua vez, são considerados dos mais modernos do mundo e vão resolver o problema do último colocado no Machadão e que terminou nunca funcionando a contento. “Esses que virão são de primeiro mundo, iguais ao do Maracanã”, compara o administrador.

Situação do Machadinho sempre foi alvo de críticas

O Machadinho sempre foi alvo de críticas por parte dos desportistas da cidade. A cada nova chuva, as goteiras se multiplicavam, a água escorria para a quadra e impedia a prática de esportes como futsal, basquete e vôlei. Com o tempo, a capital foi perdendo o direito de receber grandes competições dessas modalidades e o ginásio se tornou subutilizado. O autor do projeto original, arquiteto Moacyr Gomes, acredita que o problema será resolvido com a nova reforma.

“A secretaria (SEL) conseguiu junto com os parlamentares federais do Estado uma verba razoável para resolvermos os problemas do ginásio. O principal é a cobertura, vazando água por todos os lados, o que o transforma em uma piscina quando chove”, reconhece. Segundo ele, dois pisos de madeira já se perderam devido às goteiras. Porém, a nova obra deverá promover a mudança necessária no teto da estrutura.

“Ele vai passar a ter inclinação, para não permitir mais que a água retorne, além de mais alguns detalhes que também vão garantir até uma estética mais bonita”, explica o arquiteto. Ao mesmo tempo, o piso de madeira será trocado por um de “taraflex”.

De Castelão passou a ser Machadão

O “poema de concreto armado” nasceu com o nome de Humberto de Alencar Castelo Branco e passou a ser conhecido como “Castelão”. A a inauguração ocorreu no dia 4 de junho de 1972, marcada por uma rodada dupla, na qual o ABC venceu o América por 1 a 0, na preliminar (com o atacante Willian marcando o primeiro gol do estádio), e a Seleção Brasileira de Novos empatou com o Vasco da Gama no “jogo de fundo”, que terminou sem gols. Projetado para receber mais de 50 mil torcedores, o então Castelão bateu seu recorde de público no jogo ABC x Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 1972, quando 53 mil pessoas estiveram presentes. Até então, o estádio da capital era o Juvenal Lamartine, inaugurado em 1928 e localizado no Tirol. Porém, sua capacidade máxima era de somente 8 mil torcedores. No novo estádio, ainda em 1972 foram promovidos jogos da Minicopa, com participação das seleções de Portugal, Equador, Chile e Irlanda. Em 1982, a seleção brasileira adulta jogou pela primeira e única vez no local. Somente em 1989 passou a chamar-se João Cláudio de Vasconcelos Machado, nome do ex-presidente da Federação Norte-riograndense de Futebol. Atualmente, além de sediar a Secretaria de Esporte e Lazer do Município, a estrutura do estádio conta em sua volta com o ginásio Machadinho, o kartódromo, um terreno onde são erguidos os circos que se apresentam na cidade e a pista na qual é montado o corredor da folia do Carnatal. A última grande reforma ocorreu em 2007, quando a antiga geral ganhou nova estrutura, adaptando-se às exigências do Estatuto do Torcedor, e os pilares foram reforçados.

Machadinho

O ginásio poliesportivo Humberto Nesi já nasceu conhecido como Machadinho, devido à proximidade do estádio Machadão e seguindo um hábito que contempla também praças esportivas como o Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. A inauguração ocorreu na noite de 29 de dezembro de 1992, com uma partida de futsal entre os times do ABC e do América. Sua capacidade máxima, apesar de informações em contrário, sempre foi de 8 mil espectadores, embora em shows possa receber público maior, com utilização de parte da quadra. Após reclamações dos esportistas quanto aos problemas estruturais e depois de ser interditado para competições, o local passou por uma reforma entre os anos de 2005 e 2006, na qual os pilares de sustentação foram recuperados, garantindo maior segurança. Porém os problemas das goteiras se mantiveram, exigindo a nova reforma que deve ser iniciada nos próximos meses.

Entrevista

Moacyr Gomes – Arquiteto

O arquiteto Moacyr Gomes da Costa ainda se encontrava no segundo semestre do curso, no Rio de Janeiro, quando conseguiu junto ao professor Pedro Paulo Bastos o direito de visitar os trabalhos de construção do Maracanã, inaugurado logo depois para a Copa do Mundo de 1950. Pedro Paulo percebeu o interesse do aluno caicoense pelo assunto e o incentivou a desenvolver, como trabalho de conclusão do curso, o projeto de um estádio para sua terra natal, o Rio Grande do Norte.

Foi assim que, em 1953, nasceu  o sonho do “Machadão”, tornado realidade 19 anos depois. A idéia original do “poema de concreto” incluía ainda a urbanização do entorno do estádio, algo que até hoje não se efetivou. Porém, com a possibilidade de Natal ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, o sonho do arquiteto de ver essa urbanização colocada em prática ganhou novo estímulo. O projeto total demandaria de R$ 80 milhões a R$ 150 milhões, incluindo estacionamentos, piscinas, espaço de convivência, minishopping e uma estrutura onde poderá funcionar o centro administrativo da Prefeitura.

A quantia é menor que a prevista ano passado para a construção do “Estrelão” (R$ 200 milhões), que o Governo do Estado pretende erguer em Parnamirim, caso Natal seja escolhida. Por uma questão ética, Moacyr Gomes evita criticar a proposta do novo estádio, mas defende seu projeto e admite que a nova estrutura representaria o fim do Machadão:

Independente da escolha de Natal como sede da Copa 2014, qual a importância do futuro prefeito valorizar o Machadão?
Primeiro é importante que os governantes de Natal e do Estado se somem para tentar fazer da cidade uma das sedes da copa. A China passou a ser muito mais conhecida com as olimpíadas e o mesmo funcionaria para nós. Claro que para mim, que tenho mais de 50 anos envolvido com o sonho do Machadão, seria de grande importância que valorizássemos esse estádio, pois a copa seria um bom motivo para fazermos uma série de melhoramentos importantes, nivelando-o aos melhores do mundo. A pressão dos desportistas de Natal será importante para que não abandonem o estádio, que está em uma área central e pode ser urbanizado, mesmo sem se falar em copa. O projeto depende de uns R$ 80 milhões (com estacionamento para 1.200 veículos), mas com as exigências da Fifa iria para R$ 100 a R$ 150 milhões (com 6 mil vagas para veículos e 2 mil ônibus). Enquanto um estádio novo custa, como o Engenhão do Rio de Janeiro, uns R$ 450 milhões. Porém, não critico a idéia do Estrelão.

Mas se for construído inviabilizará o Machadão?
Acabaria com ele. Praticamente tornaria-o como o Pacaembu, que durante 50 anos foi o grande estádio de São Paulo, mas foi abandonado depois que foi feito o Morumbi. Hoje, o Machadão já é meio abandonado, em parte pela fase ruim do futebol potiguar, que não é definitiva, mas que torna difícil colocarmos 20 mil pessoas dentro. Se houver um estádio de nível internacional, o Machadão só vai receber jogo de série C para baixo.

O Frasqueirão já o afetou?
Não. O Frasqueirão está na medida exata de dar lucro ao ABC e garantir seu mando de campo. Há partidas que aqui dariam prejuízo mesmo. Agora, se houver disputas de grande porte, com times grandes e em boa situação, os jogos do ABC também devem vir para cá.

E qual a importância desse projeto de urbanização?
Teremos piscinas, museu, minishoping, estacionamento. Hoje, não me animo a fazer nada no Machadão sem um estacionamento. Caso siga a exigência da Fifa (aumentando ainda mais esse estacionamento), só restaria o espaço de convivência, mas também teríamos um edifício garagem de quatro pavimentos que depois serviria para receber o centro administrativo do Município, que deixaria de pagar aluguel para trazer todas suas secretarias para cá, um local central da cidade.

Há outras exigências da Fifa em relação à capacidade?
Hoje, não se pode mais assistir a jogos em pé, por isso promovemos uma reforma na geral, ano passado, e o Machadão está pronto para a colocação das cadeiras, com uma capacidade para 35 mil pessoas. Há uma promessa da governadora de colocar essas cadeiras e acredito que isso será feito. Caso Natal seja escolhida para a copa, teremos de aumentar a capacidade para 40 mil, que é o mínimo admitido pela Fifa. Já tenho na cabeça, já sei o que fazer, quais artifícios utilizar para ampliar em cinco mil a capacidade. Posso fazer uma série de modificações, mas não quero perder o desenho original. O professor me elogiou pela idéia, mas perguntou porque ele era largo nas laterais do campo e estreito nas áreas por trás das traves. Eu expliquei: É porque não fiz esse projeto como arquiteto, fiz como torcedor. E torcedor nenhum gosta de assistir jogo nesse local.

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