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Máfia em Natal: PF confirma conexão da quadrilha

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Depois da prisão de integrantes da máfia italiana que mantinham uma rede de prostituição em Natal, a polícia da Espanha realizou “batidas” em duas boates que estariam recebendo mulheres do Ilha da Fantasia, principal prostíbulo dos criminosos, em Ponta Negra. Oito garotas de programa brasileiras foram encontradas nas boates. Segundo a PF, a boate Super Giralda, em Sevilha, pertence a Giuseppe Ammirabile, apontado como líder do bando. As mulheres serão deportadas e interrogadas sobre o caso.

Segundo a PF do RN, a polícia espanhola também investigava o caso e colaborou com a investigação no Brasil fornecendo informações sobre os suspeitos. Com o desfecho do caso e a prisão de 15 acusados em Natal, na operação batizada de “Corona”, a polícia daquele país fez uma busca nas boates Giralda, em Sevilha, e Casita, em Huelva, a 100 quilômetros de distância de Sevilha, ambas citadas em telefonemas interceptados pela polícia – com autorização da Justiça Federal – feitos por Giuseppe. Nas ligações, o italiano comenta que envia com certa regularidade prostitutas brasileiras para a boate Super Giralda, na estrada de Málaga, KM 1.800.

Na “batida”, entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sexta-feira – um dia depois das prisões no Brasil – a polícia da Espanha localizou 29 prostitutas, sendo oito brasileiras. Uma brasileira estava no Giralda e oito no Casita. A naturalidade das jovens não foi divulgada, mas a PF garante que elas serão extraditadas e, quando chegarem no Brasil, serão interrogadas sobre a rede internacional de prostituição. A polícia acredita que Giuseppe seja um dos donos da boate Giralda, embora o nome dele não apareça no contrato social. “Possivelmente, ele está usando um laranja”, disse um agente federal.

A polícia da Romênia já havia alertado a Interpol sobre o tráfico de mulheres, informando que entre 2004 e 2005 oito romenas tinham sido aliciadas para trabalhar nas boates espanholas. A Super Giralda foi alvo de outra “batida” da polícia este ano. Em agosto, a Polícia de Sevilha localizou duas brasileiras se prostituindo naquela boate. As jovens se encontravam em situação ilegal e, por isso, foram detidas.

Giuseppe é suspeito de integrar a máfia Sacra Corona Unita. Esse grupo criminoso, segundo o FBI, é especialista no tráfico de pessoas, sendo chamados de “modern-day slave traderes”, ou seja, “negociadores modernos de escravos”. Segundo a agência americana, a Sacra Corona é responsável pelo tráfico de mulheres dos países do antigo bloco comunista, como Romênia e Albânia, para casas de prostituição na Itália e outros países. A conexão do bando com o Rio Grande do Norte, depois do flagrante da polícia espanhola, está praticamente comprovada.

Sexo pago com cartão de crédito

Uma das prostitutas que trabalhava no Ilha da Fantasia confirmou que a boate recebia o valor do “programa” no cartão de crédito, desde que o valor fosse acrescido de 10%, que ficava para o estabelecimento. O depoimento reforça a tese de que o local era usado no esquema de prostituição e tráfico de seres humanos desbaratado pela “Operação Corona”.

A jovem explicou que quando o pagamento era feito via cartão de crédito, a boate pagava a garota, dois dias depois, em dinheiro. Ela contou que fazia em média três programas por noite, recebendo R$ 150 em média, por saída. Os donos da boate orientavam as mulheres para que elas estimularem o consumo de bebidas por parte dos clientes, pagando um percentual sobre o consumo.

No depoimento, também ficou claro que a Pousada Europa, vizinho à Ilha da Fantasia, fazia parte do esquema de prostituição. Nos quartos daquela pousada, segundo a jovem, eram feitos os programas com os estrangeiros. Os clientes pagavam R$ 50 por meia hora e R$ 80 por uma hora. A pousada e a boate tinham uma passagem interna. A ligação entre os dois empreendimentos fica comprovada, também, pelo fato do pagamento do aluguel do quarto ser feito no caixa do Ilha da Fantasia.

A Pousada Europa, segundo outra garota, também era usada como dormitório das garotas de programa do Ilha da Fantasia. As prostitutas pagavam uma diária de R$ 20.

Carteiras de trabalho estão apreendidas

Quinze dos cerca de 70 trabalhadores que ficaram desempregados com o fechamento das boates Ilha da Fantasia e Forró Café, e do Bar Cipifrutas, estão com dificuldades para reaver as carteiras de trabalho que ficaram em poder dos ex-patrões e da polícia.

O diretor do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Carlos Henrique, explicou que os trabalhadores precisam das carteiras para entrarem na Justiça com uma ação de indenização. Parte das carteiras ficou com ex-patrões e outra parte está apreendida na PF.

Carlos Henrique explicou que a polícia pediu um prazo de 48 horas para liberar a documentação. Já as carteiras em poder dos acusados não têm previsão para serem devolvidas. “Temos casos de alguns trabalhadores que entregaram as carteiras para serem assinadas em abril, mas não foram devolvidas”, disse. Ele contou que apenas 5 carteiras foram devolvidas. Elas estavam em poder do contador das empresas suspeitas de lavagem de dinheiro.

O Sindicato vai mover, ainda esta semana, uma Ação Cautelar para garantir a indenização dos trabalhadores. “Soubemos que dinheiro não falta para as indenizações, porque a polícia apreendeu dinheiro”, disse. O valor apreendido, segundo a PF, é de 40 mil Euros.

Ilha da Fantasia e Forró Café são arrombados

As boates Ilha da Fantasia, na avenida Roberto Freire, e o Forró Café, na Erivan França, ambas em Ponta Negra, foram arrombadas entre a noite de sexta-feira e madrugada de sábado. Os dois estabelecimentos estavam lacrados por ordem da Justiça Federal. A PF identificou um dos arrombadores, mas não pôde prendê-lo em flagrante porque ele não estava com os objetos roubados.

Segundo a PF, os dois arrombamentos foram cometidos por pessoas diferentes. Um deliqüente de Ponta Negra invadiu a Ilha da Fantasia. Ele arrombou a porta e roubou algumas bebidas. Ao ser detido, na noite de sábado, o suspeito acabou confessando o arrombamento, e delatou uma ex-funcionária da boate como sendo a mentora do crime. O acusado será indiciado em inquérito pelo furto, mas a PF informou que o caso ainda não está concluído e, por isso, não foi descartada nenhuma outra hipótese, inclusive a de que o local foi invadido para a ocultação de provas.

No Forró Café, o arrombador ainda não foi identificado, mas a polícia informou que tem boas pistas do caso. A PF preferiu não informar o tipo de objeto roubado, mas acredita que o alvo dos arrombadores foi o estoque de bebidas.

As boates foram lacradas por ordem da Justiça na quarta-feira e, segundo a PF, a segurança dos locais deveria ficar a cargo da PM. “A Polícia Militar foi comunicada do caso para manter a ordem no local”, disse um policial federal.

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