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Mago dos musicais

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Yuno Silva
repórter

Ao assistir a um espetáculo, o público está sujeito ao bombardeio de emoções que podem ocasionar risos ou choro – diferente do cinema, o teatro tem magia extra de encantamento devido a relação estreita entre atores e plateia: está tudo ali, à vista de todos, sem truques de câmera ou cortes. Agora imagine sentir cheiros quando entra determinado personagem, ou mesmo a neve caindo durante um cena de inverno? Ou ainda presenciar truques de mágica e ver determinadas passagens com tecnologia tridimensional? Esses são alguns detalhes que envolvem a atmosfera do musical “A Bela e a Fera”, em cartaz este fim de semana no Teatro Riachuelo, com sessões no sábado às 17h e 19h30 e no domingo às 17h. Os ingressos custam entre 50 reais (meia) e R$ 140 (inteira, camarotes).

O estilo Broadway no Brasil tem nome. É o italiano Billy Bond, que está de volta com  A Bela e A Fera, espetáculo em 4D, que estreia neste fim de semana no Teatro RiachueloInspirado em conto de fadas francês escrito em 1740, a superprodução desembarca em Natal com o selo de qualidade da produtora Black & Red, do diretor argentino radicado no Brasil Billy Bond, responsável por pelo menos cinco outros grandes musicais adaptados no Brasil: “Les Misérables”, do francês Victor Hugo, montagem de 2001; e os infantis “Mágico de Oz” (2003), “Pinóquio” e “Peter Pan”.  Adaptada por Billy, esta montagem de “A Bela e a Fera” levou um ano para ficar pronta.

Para quem não lembra ou não conhece a história de “A Bela e a Fera” — “que irá agradar a adultos e crianças”, diz o diretor — a narrativa se passa em uma pequena aldeia onde viva Bela, uma jovem inteligente considerada estranha pelo moradores da localidade. Cortejada por Gastón, ela não suporta a ideia de casar-se com o galã do pedaço pois enxerga nele uma essência primitiva e horrorosa, por mais que o rostinho seja bonito. Ao saber que Gastón ameaça tirar o que resta do patrimônio da família,  Bela foge e se perde no bosque dos arredores. Perdida e sozinha, acaba sendo aprisionada em um castelo pela Fera, que na verdade é um príncipe amaldiçoado por uma feiticeira. A partir daí se desenrola a relação de amor, superação e redenção entre os personagens.

Esse é o enredo principal do livro escrito no século 18 pela francesa  Jeanne Marie Leprince, cujos direitos autorais já é de domínio público – a autora se preocupava  com a  essência  do ser humano, com a capacidade das pessoas ouvirem seus  corações. E é por esse caminho que segue a adaptação de Billy Bond: estimular as pessoas a refletir sobre os próprios defeitos para poder corrigi-los. “A Fera é aquele cara feio, mas bonachão, do bem; ao contrário do galã”, disse Biily Bond.

Quem é…

Billy Bond nasceu na Itália e veio parar no Brasil na década de 1970 para produzir shows do cantor Ney Matogrosso após sua saída do grupo Secos e Molhados – “topei com um amigo em comum em Nova Iorque, que fez o convite. Na época era produtor musical, tinha trabalhado na Argentina onde conheci o baixista e o baterista dos Secos e Molhados”, disse. Em 1976, entrou para a banda proto-punk Joelho de Porco como vocalista e produtor – criado em 1972, o grupo foi um dos precursores do movimento punk no Brasil. Também foi produtor de Caetano Veloso na época do álbum “Podres Poderes”.

“Por falta de grana para pagar as contas no fim do mês, acabei enveredando para o teatro”, lembra. Montou “O Beijo da Mulher Aranha” com Cláudia Raia e Tuca Andrada; “Irma Vap”, com Ney Latorraca. Até que no ano 2000, foi contratado por uma empresa mexicana para iniciar a produção de musicais no Brasil.

“Me botaram 74 milhões de dólares para iniciar isso e comecei comprando teatros no Rio e em São Paulo, pois não tínhamos onde abrigar grandes espetáculos. Foi aí que começou toda a história de trabalhar com musicais”, Em 2003 cria a própria companhia.

Bate-papo

Como começou sua relação com os grandes musicais?

Billy Bond: Em 2001, montei o espetáculo “Les Misérables”, do francês Victor Hugo, e na primeira sessão apenas 72 ingressos foram vendidos. Não foi ninguém, ninguém acreditava que uma produção daquela, onde foram investidos cerca de quatro milhões de dólares, seria encanada no Brasil. Resolvemos distribuir dez mil ingressos, destes só vieram três mil vieram assistir. No final da temporada tínhamos vendido 180 mil ingressos. Até hoje, ao longo desses dez anos à frente de grandes musicais, contabilizo a venda de mais de três milhões de ingressos somando todas os espetáculos.

E quando passou a investir em musicais para toda família?

Em 2003, percebi que conseguiria vender mais ingressos se fizesse uma coisa familiar, não são musicais infantis pois fisgo não só os filhos como também os pais, os avós e a  empregada… Em seguida, notei que no eixo Rio-São Paulo não teria exclusividade para esse tipo de produção, então passei a criar uma estrutura que pudesse viajar, chegar em cidades que ninguém poderia atingir. Minha companhia hoje mantém esses quatro grandes musicais: “O Mágico de Oz”; “Pinóquio”; “Peter Pan” e este “A Bela e a Fera”, com os quais circulamos por estados fora do eixo Rio-São Paulo.

E os espetáculos funcionam ao mesmo tempo?

Já fizemos, mas deixamos de fazer isso. Antigamente fazíamos mais. Mas percebi que necessito estar em todos os lugares por causa do controle de qualidade. Preciso acompanhar tudo de perto, eu que dou entrevista para explicar direitinho o que é exatamente cada produção.

Como funciona o 3D durante o espetáculo?

Na verdade é 4D, porque, além das projeções 3D, temos neve na plateia nas cenas de neve, chuva, cheiro quando a Rosa (personagem) entre em cena. E temos os óculos 3D para ver as imagens projetadas nos telões.

Então as pessoas usam os óculos 3D o tempo todo?

Não. Explicamos no início como vai funcionar: é para se usar os óculos em determinados horários.

E os efeitos especiais?

Então, temos truques de mágica criados por uma pessoa que trabalhou com David Copperfield como levitação, troca de personagens como na hora que a Fera volta a ser príncipe. Tudo em cena. Também temos um fastasminha que voa pelo teatro. Claro, que fazemos tudo com muito cuidado para não meter medo em ninguém, as crianças não podem ter medo da Fera.

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