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Mais hinos para o carnaval natalense

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Ramon Ribeiro
Repórter

Imagine a maior festa popular brasileira sem as marchinhas históricas, os frevos famosos, os samba-enredos mais vibrantes. Seria um carnaval sem graça. A música é fundamental para embalar a multidão que sai às ruas. Em Natal, além do repertório clássico nacional e versões de ocasião, várias composições locais fazem parte da memória afetiva dos foliões, como “Alegres Meninos” (Cheirinho da Loló), “Bakulejo” (“Ponha a mão na minha mão…”), “Doido também apanha”, “Eu não vou, vão me levando”. Com o surgimento de novos blocos, novos hinos vão sendo criados, renovando essa tradição carnavalesca.

Isaque Galvão é um dos intérpretes que mantém vivo o repertório de frevos e marchinhas locais
Isaque Galvão é um dos intérpretes que mantém vivo o repertório de frevos e marchinhas locais

Para incentivar e servir de espaço para inéditas (e antigas) composições, os irmãos e produtores culturais Marcelo Veni e Patrícias Farias criaram em 2017 o Concurso Dosinho de Marchinhas, batizado com o nome de um dos maiores compositores carnavalescos do Estado – Claudomiro Batista de Oliveira, falecido em 2014, aos 87 anos — autor de frevos famosos como os já citados “Eu não vou, vão me Levando” e “Doido Também Apanha”.

A segunda edição do concurso está com as inscrições abertas até o dia 19 de janeiro e traz uma novidade. Desta vez haverá premiação em dinheiro. O primeiro lugar leva R$ 4mil, o segundo, R$ 2mil e o terceiro, R$ 1mil. Além destes, haverá um prêmio único para intérprete do ano, no valor de R$ 3mil. Os recursos foram adquiridos por meio do patrocínio do Banco do Brasil, via Lei Djalma Maranhão, da Prefeitura de Natal.

“A cidade tem muitos compositores, alguns com tradição no carnaval. Mas a gente vê as marchinhas locais presentes no carnaval de forma ainda muito diluída. Inspirados pelo crescimento da festa, pensamos nesse projeto para agregar na programação”, diz Marcelo Veni. “Tivemos uma resultado ótimo no ano passado. Foram 34 marchinhas inscritas, mesmo sem premiação em dinheiro”.

Segundo o regulamento, a primeira etapa do concurso selecionará até 15 marchinhas, a serem divulgadas no dia 26 de janeiro. Na segunda etapa, as 15 marchinhas serão interpretadas ao vivo na sexta de carnaval (9), no Palco das Marchinhas, no Largo do Atheneu, em Petrópolis, encerrando com show de Eduardo Dussek. Dessa apresentação serão anunciadas as cinco finalistas. A final acontece no dia 20, no auditório do Sesc Cidade Alta, novamente com apresentação ao vivo. A comissão julgadora que definirá as obras classificadas de cada etapa será composta por representantes da cena musical do Estado.

As inscrições são voltadas apenas para músicas no ritmo “Marchinha de Carnaval”. De acordo com Veni, as composições não precisam ser inéditas, desde que nunca tenham sido premiadas em concursos similares. O produtor ressalta que não apenas músicos podem participar do concurso, mas também foliões criativos. Tanto que lembra a participação, no ano passado, do hino do Bloco do Sapato, do Centro Histórico. “O carnaval possibilita isso. Artistas e foliões criarem sem obrigação, brincar com temas atuais, personagens da cidade, homenagear a turma dos bares”, comenta.

Temas cotidianos e bom humor

Uma das características de muitas marchinhas de sucesso é o bom humor nas letras. Ao longo dos anos, diversos compositores conseguiram levar para o carnaval, temas cotidianos com ironia e ritmo. Em Natal, Dosinho foi mestre nesse aspecto. Para ele, o mote das músicas poderia surgir em qualquer esquina, ou nota de jornal.

De sua autoria, “Carnaval com Bin Laden”, “Dólar na cueca”, “Eu não vou, vão me levando” e “Doido também apanha” chegaram alcançar sucesso em todo o Brasil. Algumas destas, foram inclusive gravadas por nomes como Antônio Nóbrega, Alceu Valência, Elba Ramalho, Galvão Filho, Valéria Oliveira e Isaque Galvão. Além de Dosinho, também marcaram o carnaval de Natal com hinos de blocos o músico Délio Miranda, falecido nos anos 90. Ele é letrista das músicas dos blocos Meninões, Ressaca, Saca-Rolha.

Na Redinha, um artista virou destaque no carnaval desde que ali chegou para morar, vindo de Areia Branca, em 1997. Trata-se do cantor e compositor João Mendonça, autor dos hinos da maioria dos blocos do bairro, como Os Cão, As Raparigas, Baiacu na Vara, Troça do Zé Priquito. Sua paixão pelo carnaval na Redinha o fez ser homenageado pela prefeitura na festa de 2014.

Em Ponta Negra, pólo que cresceu bastante nos últimos anos, um hino de bloco que já é bastante cantado é o do Ia+Fiquei, do músico Gustavo Lamartine, que diz algo como: “Ponta Negra linda, você me alucina… Se no carnaval não fui pra Olinda, é que por Ponta Negra eu me apaixonei”.

Destaque do Carnaval

Além do Concurso de Marchinhas, as destaques do carnaval são reconhecidos com o Prêmio Dosinho, sem remuneração. Segundo Marcelo Veni, o objetivo é incentivar a criação artística em todas as suas formas de expressão. Serão entregues prêmios para as categorias Bloco do ano, Prévia carnavalesca, melhor Orquestra, revelação, folião do ano, melhor atração musical, Artista criativo, melhor fantasia e personagem do carnaval. As Escolas de Samba tem uma categoria especial, chamada de Estandarte, com prêmios para a melhor escola de samba, puxador/intérprete, bateria, destaque do desfile, carnavalesco do ano e melhor tribo de índio.

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