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Mais que um auxílio

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TEATRO - Em 2005, espetáculos foram contemplados com “auxílio-montagem”

O correio da má notícia da cultura potiguar deu um tempo. Em meio ao som do miado do gato que sumiu com o dinheiro da Fundação José Augusto, uma boa nova para os artistas do Rio Grande do Norte. Os 19 grupos de teatro e mamulengo selecionados em dezembro do ano passado pelo projeto Auxílio-montagem, promovido pelo Governo do Estado, devem receber a verba (R$ 10 mil para teatro adulto, de rua e infantil, e R$ 2 mil para mamulengueiros) em duas semanas.

A previsão é da diretora do Teatro Alberto Maranhão (TAM), Hilneth Corrêa, que garantiu o cumprimento do edital do projeto. Ela negou que o impasse da liberação dos recursos para os grupos de teatro do Estado estivesse ligado ao escândalo conhecido como “foliaduto” e responsabilizou a burocracia do RN. Segundo ela, problemas como o orçamento geral do Estado e o Imposto de Renda acabaram emperrando o repasse. “Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O problema é que tivemos que  refazer os processos antes de levá-los ao Conselho de Desenvolvimento do Estado (CDE). O orçamento só abriu em março, mas vimos que o desconto do Imposto de Renda seria maior que o previsto e os artistas não receberiam os valores previstos no edital. Então refizemos o processo novamente e encaminhamos para a Assembléia Legislativa aprovar um crédito suplementar de 2 mil reais. Essa semana, o CDE publicou no Diário Oficial a autorização da liberação e acho que no dia 8 de maio os grupos receberão o dinheiro”, explicou.    

O atraso provocou a mudança no cronograma dos espetáculos. O Festival de Teatro Potiguar, marcado para o mês de abril, deve ocorrer entre os dias 17 e 24 de agosto. O evento vai reunir todos os grupos que participam este ano do auxílio montagem.

O coordenador de teatro do TAM, Lenício Queiroga, classificou a pendenga como “lamentável”. E confirmou que várias companhias teatrais estavam montando e ensaiando os espetáculos sem saber quando teriam o dinheiro. “O resultado disso é lamentável. Mas tivemos a garantia da governadora Wilma de Faria de que o auxílio-montagem teria prioridade absoluta. O auxílio-montagem é importante porque as leis de incentivo à cultura não chegam na ponta da coisa quando o assunto é teatro. As empresas ficam arredias porque o retorno de mídia ainda é muito pequeno. Mas há de se ressaltar o esforço que o governo vem fazendo”, disse Queiroga. Ele lembra que a verba repassada aos grupos subiu de R$ 7.500 para R$ 10 mil esse ano. Ao todo, serão repassados R$ 206 mil.

A TRIBUNA DO NORTE procurou vários artistas das companhias teatrais selecionadas no projeto para saber a situação diante da demora na liberação da verba. A maioria estava “se virando” na expectativa de que o Estado cumprisse o compromisso.

O líder do Folia de Rua, selecionado pelo espetáculo “Do Sertão ao Mar”, afirmou que a falta da verba impediu a montagem do espetáculo conforme previa o cronograma do grupo.  “Ficamos no meio do caminho. Não pudemos comprar o material e paramos. Pelo que sei o único que conseguiu colocar o espetáculo na rua foi o pessoal do Arte & Traquinagem. Sabia que a verba sairia porque estamos num ano eleitoral e ficaria muito estranho para a governadora se esse dinheiro não saísse”, disse.

A presidente da companhia teatral Alegria Alegria, Maria Gorette de Oliveira, contou que embora a situação tenha sido difícil, o grupo continuou ensaiando. “É chato, mas nosso grupo tem 23 anos de estrada e nunca precisou de ajuda do governo para montar o espetáculo. Se sair ou não sair vamos dar nosso jeito como sempre fizemos”, afirmou.   

Contemplados no "Casa da Ribeira em cena" recebem R$ 25 mil cada

Diante da burocracia, a iniciativa privada aparece como solução a curto prazo. A direção da Casa da Ribeira, por exemplo, decidiu agir via leis de incentivo. Essa semana, a entidade divulgou os resultados da seleção dos grupos do projeto “Casa da Ribeira em Cena”, que garantiu às companhias Clowns de Shakespeare e Urbana de Teatro R$ 25 mil para a montagem dos espetáculos. A verba foi garantida pelo Banco do Brasil através da lei municipal de incentivo à cultura Djalma Maranhão. O diretor do espaço, Henrique Fontes, afirmou que acredita nos projetos como o Auxílio-montagem do TAM. Mas critica a forma como a cultura é administrada na cidade. “Toda vez colocam a culpa na tributação. É sempre assim. Para você ter uma idéia ia inscrever um espetáculo no projeto que estava marcado para setembro. Aí adiaram e tinha que montá-lo. O resultado só saiu em dezembro. É por essas e outras que a gente resolveu fazer do nosso jeito”, desabafou.  Outro ponto positivo no “Em cena” é o fato das bilheterias serem revertidas integralmente para as companhias. “A única contrapartida dos grupos é cobrar preços populares para os espetáculos. A temporada deve ser definida nos próximos dias, mas o preço será 5 reais”, disse. Fontes voltou a bater na tecla da política cultural voltada para os artistas. “É impressionante a gente ainda ter que discutir isso no Estado. Já estou cansado de falar e você já deve estar cansado de escrever. Mas ninguém escuta! Tem que ter planejamento cultural da mesma forma que fazem na educação, saúde. Mas a cultura é sempre deixada de lado. E a burocracia prevalece”.

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