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Mais que uma visita

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Maria Betânia Monteiro – Repórter

O conceito de museu foi construído ao longo dos anos como sendo lugar para abrigar coisas velhas. Não é à toa que com freqüência se ouve dizer: “quem gosta de coisa velha é museu”. Apesar de ser ainda uma visão viciada, tanto dos administradores dos museus quanto do público, essa compreensão já começa a ficar no passado de fato. Em Natal a historiadora paraibana Sandra Félix, assistente do Cadastro Nacional de Museus do Ibram – Instituto brasileiro de Museus (o antigo Iphan) – realizam um cadastramento nacional dessas instituições e constatam que além das deficiências estruturais, os gestores e funcionários estão encontrando dificuldades em acompanhar o desenvolvimento do conceito de museu.
Museu  Café Filho,  na Cidade Alta
Os museus devem transcender a função de expositores de objetos, tornando-se instituições atuantes nas comunidades em que estão inseridos, fato ainda não bem configurado nas instituições locais. “É preciso promover o diálogo entre a sociedade e sua própria história”, afirmou Sandra Félix, membro da rede de educadores em museu da Paraíba e responsável pelo cadastramento do Ibram realizado nos museus da Paraíba e do Rio Grande do Norte. De acordo com ela, as informações apuradas ainda não podem ser divulgadas, mas já é possível prever um longo caminho a ser percorrido pelos museus do Estado.

Numa visita realizada pela reportagem do VIVER aos museus de Natal, como consta em matéria publicada no dia 20 de maio de 2009, o que pode ser visto foi um cenário de descaso. “O quadro não passa de um esboço borrado, pendurado em uma parede suja e esburacada. Em muitos momentos, o aspecto era tão assombroso que mais parecia um cenário trash”, escreveu o repórter Yuno Silva.

 Passado menos de um ano da publicação da reportagem, o cenário descrito permanece. A falta de estrutura física persiste e é agravada pela deficiência dos recursos humanos disponíveis. Fica evidente a necessidade da participação de gestores e funcionários nas rodas de debates, que discutem e planejam esses novos caminhos a serem percorridos. Com relação à captação de recursos, Sandra Félix fala da necessidade de integração entre os museus. Para ela, é preciso que as instituições se organizem e discutam seus problemas. “Trabalhar em conjunto é a solução”, fala Sandra.

Quanto à atuação efetiva dos museus na comunidade, Sandra Felix aponta como saída a promoção de situações como concursos, gincanas, oficinas, que atraem o público e facilitam a comunicação entre a sociedade e sua própria história. “Dos museus que eu visitei até agora em Natal, não constatei um que desenvolvesse um trabalho educativo. Mas achei significativa a atividade realizada pelo Memorial Câmara Cascudo, que promove um encontro de repentistas”, afirmou Sandra Félix.

As possibilidades para o museu mais vivo entre a comunidade são muitas. Desde encenações teatrais para os visitantes, que recontam histórias e tormam as visitas mais atrativas, até oficinas culturais para o público da cidade.

O Ibram, órgão criado em janeiro de 2009, reconhece a necessidade de recursos para a manutenção da estrutura física dos museus e a capacitação dos profissionais que atuam nestas instituições. Sendo assim, vem publicando editais e promovendo cursos. No Rio Grande do Norte, os cursos e oficinas de capacitação como “Museu, memória e cidadania”, “Ação educativa em museus”, “Elaboração de projetos e fomento para área museológica”, dentre outros, devem ser solicitados ao Ibram através do Centro de Documentação da Fundação José Augusto.

Processo dinâmico

O Cadastro Nacional de Museus deve ser compreendido não como uma ação pontual e sim como um processo contínuo e dinâmico de construção, que possibilitará o conhecimento do número de instituições museológicas no país, dado atualmente impreciso. Além disto, pretende-se com as descrições de suas características, atividades e serviços, contribuir de forma efetiva para o diagnóstico do setor museológico, para o planejamento de ações de políticas públicas de cultura e para o desenvolvimento de diferentes linhas de pesquisa, como colocou a assistente do Ibram. “O objetivo do cadastramento realizado pelo Ibram não é fiscalizar e punir. Pelo contrário, a partir dele novas políticas públicas serão traçadas e adotadas neste setor do país”, enfatizou Sandra Félix.

RN recebe em março nova visita dos técnicos

No Brasil, dez estados foram pesquisados. O Rio Grande do Norte recebe no início de março, mais uma visita de técnicos enviados pelo Instituto. Neste mapeamento, levantam-se dados relativos à segurança patrimonial, ao orçamento, à tipologia do acervo dentre outras informações. “As informações coletadas são sigilosas. Depois de coletadas, elas recebem tratamento no Rio de Janeiro e são lançadas na Internet, no site do Ibram”, informou Sandra Félix.

As instituições que participam deste cadastro, além de contribuírem para o mapeamento dos museus no Brasil, ganham ponto junto ao Ibram, levando vantagem durante a seleção das propostas enquadradas nos editais publicados pelo órgão. O cadastro pode ser realizado através das visitas realizadas pelos técnicos, como também pela Internet no site do Ibram.

O que é o Ibram

 O Instituto Brasileiro de Museus é responsável pela Política Nacional de Museus e pela melhoria dos serviços do setor – aumento de visitação e arrecadação dos museus, fomento de políticas de aquisição e preservação de acervos e criação de ações integradas entre os museus brasileiros. O órgão, vinculado ao Ministério da Cultura, foi criado no atual Governo em substituição ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Museus cadastrados em Natal

Memorial Câmara Cascudo
Museu Câmara Cascudo
Parque das Dunas
Museu da Imprensa Oficial Eloy de Souza
Museu Casa Café Filho
Pinacoteca do Estado
Memorial Aluízio Alves
Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão
Museus não cadastrados
Museu de Arte Sacra da
Igreja do Galo
Memorial de Medicina
Fortaleza dos Reis Magos
Museu de Odontologia
Museu Ary Parreiras
Museu do Porto de Natal
Museu do Pâmpano

Serviço

Para cadastro de museus no Rio Grande do Norte, os interessados devem acessar o site do Ibram: WWW.museus.gov.br ou entrar em contato com Sandra Félix: [email protected] /83 – 9135-9378

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