quinta-feira, 28 de março, 2024
30.1 C
Natal
quinta-feira, 28 de março, 2024

Mais trabalho para pagar impostos

- Publicidade -

Ricardo Araújo
Editor de Economia

O cidadão brasileiro  deverá trabalhar, até o dia 2 de junho, somente para pagar impostos federais. Isso se não ocorrer nenhum novo reajuste dos atuais tributos ou a criação de outro até o próximo sábado. Levantamento do Instituto Brasileito de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que, desde 2010, o número de dias trabalhados para a quitação dos tributos aumentou de 148 para 153. São cinco meses e dois dias de atividade laboral voltados ao abastecimento dos cofres públicos da União a partir da arrecadação de taxas diversas como Imposto de Renda, PIS/Pasep, Cofins e Cide. Quase 42% de todo o rendimento ganho pelo trabalhador vai para na conta da União.

Brasil é o oitavo país no mundo com a maior carga de impostos; na frente dele, somente países desenvolvidos que revertem tributos em benefícios sociais diversos

Brasil é o oitavo país no mundo com a maior carga de impostos; na
frente dele, somente países desenvolvidos que revertem tributos em
benefícios sociais diversos

“O pior é que não vemos os benefícios. Se a população enxergasse a aplicação desses impostos na saúde, segurança e educação, a reclamação não existiria. Nos países desenvolvidos, a carga tributária é alta, mas o retorno à população existe”, afirma o Bruno Félix, membro da Câmara de Dirigentes Lojistas Jovem (CDL Jovem Natal). Conforme levantamento do IPBT,  feito em 27 países, existem nações cuja carga tributária é maior que a cobrada no Brasil. Na Dinamarca, por exemplo, são trabalhados 176 dias para o pagamento de impostos. Cerca de metade do salário do trabalhador dinamarquês vai para o governo local através do imposto de renda. Educação e Saúde, porém, são serviços gratuitos e de qualidade no país nórdico.

No Brasil, quanto mais supérfluo o produto ou serviço, maior carga tributária é cobrada. Por exemplo, numa dose de cachaça estão embutidos 81,87%. O percentual elevado, porém, não se resume à bebida. Itens indispensáveis à alimentação do brasileiro, tens índices considerados elevados: frango, 26,80%; feijão, 17,24%; peixe, 29,32%; fubá, 25,28%. Numa garrafa de suco, 36,21% do custo final corresponde aos impostos repassados ao governo federal. “As pessoas ficam impressionadas quando passam a conhecer o valor do tributo nos produtos que consomem. Num simples creme dental, por exemplo, a carga tributária chega a cerca de 50%”, comenta Bruno Félix. Ele defende que é necessário ampliar o nível de informação tributária à população para que ela compreenda o quanto paga e cobre mais dos gestores públicos.

Comparativo
Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgados em fevereiro deste ano mostram que existem no Brasil, nos dias atuais, cerca de 90 impostos, taxas e contribuições. Pesquisa do Banco Mundial detalha que o País está na última colocação em um ranking sobre facilidade de pagamento de impostos. As informações constam no boletim Economia em Foco da CNT, que analisa a relevância de uma reforma tributária para melhorar o ambiente de negócios do Brasil.

Conforme disposto pela CNT, “as empresas brasileiras de médio porte gastam, em média, mais de 2 mil horas por ano para preparar, declarar e pagar os três principais tipos de tributos: o imposto de renda, os impostos sobre as vendas e os impostos sobre o trabalho. É o dobro do tempo da Bolívia e da Nigéria (penúltimo e antepenúltimo colocados), sete vezes mais que o dos demais países da América Latina (280 horas) e doze vezes mais que o dos países da OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), que é de 161 horas.”

A CNT divulgou que “de acordo com o Economia em Foco, a carga tributária, somando a arrecadação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, alcançou 32,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2016. Para piorar o cenário, o Brasil foi classificado, no ano passado, pela sexta vez consecutiva, como o país com o pior retorno dos impostos à população em relação às áreas de saúde, educação e segurança, quando comparado aos 30 países que possuem as maiores cargas tributárias do mundo.”

“A tributação é um dos instrumentos fundamentais para o enfrentamento da concorrência global e para a promoção do desenvolvimento econômico. Para continuar nos trilhos do desenvolvimento, o Brasil precisa promover uma reforma tributária que corrija as grandes distorções do sistema e reduza os custos associados à apuração e ao recolhimento dos impostos. Isso porque o sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos, caros e regressivos do mundo”, destaca a análise da Confederação.

Mais trabalho, mais imposto
De 2010 a 2017, o brasileiro passou a trabalhar cinco dias a mais para pagar impostos. O trabalhador perde mais de um terço do ano na atividade laboral somente para gerar tributos ao governo federal. Veja abaixo o quantitativo de dias trabalhados para tal fim.
2010     148 dias
2011     149 dias
2012     150 dias
2013     150 dias
2014     151 dias
2015     151 dias
2016     153 dias
2017     153 dias

Campeões na arrecadação federal de 1º de janeiro de 2018 a 25 de maio de 2018:
Imposto de Renda     R$ 158,9 bilhões
Previdência Social     R$ 177,3 bilhões
COFINS                     R$ 91,7 bilhões
FGTS                        R$ 55,1 bilhões
PIS/Pasep                 R$ 24,2 bilhões
IPI                             R$ 20,06 bilhões
IOF                           R$ 14,06 bilhões
CIDE                         R$ R$ 11,1 bilhões

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas