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Mais um detento é decapitado no RN

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BARBÁRIE - Mais um detento é decapitado no presídio de Alcaçuz

“Mato por prazer”. A frase tatuada com tinta verde no bíceps esquerdo do detento Erickson Ribeiro do Nascimento, o “Zeca do Mereto”, 32 anos, ironicamente foi seguida à risca pelos seus algozes. Ele foi morto na manhã de ontem na Penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta, com mais de 100 estiletadas – algumas nos olhos – e depois teve a cabeça, o pênis, os testículos e as orelhas decepados. A cabeça foi posta ao lado do corpo despido, com o órgão genital na boca, e embaixo da inscrição com o número do anticristo: 666. Três detentos são investigados como autores do crime, mas todos eles negam participação. Em uma semana é a segunda morte de preso em Alcaçuz com o requinte de crueldade de se decapitar a cabeça.

O diretor do presídio, Marcos Pinheiro, explicou que o corpo foi encontrado às 7h30, no horário do banho de sol dos 114 detentos do Pavilhão 4, que abriga apenas presos provisórios (que ainda não foram condenados pela justiça). O corpo estava ao lado da cabeça e o pouco sangue no local indica que ele foi assassinado dentro do pavilhão e levado à área externa morto. No corpo, além da tatuagem no braço, chamou a atenção a tatuagem de “Chuck”, o “Brinquedo assassino”.

A direção, em levantamento preliminar, descobriu que o preso José Adelson de Araújo estava ferido na mão, indicando que ele poderia estar envolvido no crime. Mas Adelson negou. Ele disse que viu “Zeca do Mereto” correndo e os presos José Ramilson, acusado de assalto, e José Xavier, suspeito de tráfico, atrás dele com estiletes. “Eles estavam acertando ele e me atingiram. Aí disseram que eu ia assumir. Mas eu não matei ninguém!”, disse desesperado.

 Os dois outros suspeitos também negam. “Não vou cair numa laranjada (quando o preso assume o crime no lugar de outro)”, disse José Ramilson. Xavier, detido provisoriamente, disse que tem esperança de responder ao crime em liberdade e, por isso, não ia se arriscar matando alguém. “Não quero ficar aqui para sempre e não ia fazer uma besteira dessas”, alegou.

O corpo foi examinado no local por peritos do Instituto Técnico Científico de Polícia e encaminhado ao necrotério para autópsia. Até policiais experientes ficaram chocados com a cena que viram. “Só vi uma coisa assim quando mataram Paulo Queixada na João Chaves. Há muito tempo não tínhamos algo tão bárbaro”, disse um PM.

O coronel Marcos Pinheiro explicou que as duas mortes de presos que foram decapitados não têm ligação entre si. “Alcaçuz abriga a massa carcerária mais periculosa do Estado. Acontece que as rixas da rua são acertadas aqui dentro e não temos como prevê-las”, disse. O diretor revelou que somente este ano foram apreendidos entre 20 e 30 estiletes (facas artesanais confeccionadas a partir de colheres e pedaços de cano).

O homicídio é investigado pelo delegado da área, Robson Coelho, o mesmo que apura a morte do detento José Teodósio da Silva de Oliveira, o “Caicó”, 38 anos, morto por João Maria Segundo, o “Gordo”, motivado por uma rixa.

Bate Papo

José Adelson – Detento

O senhor matou “Zeca do Mereto”?
Não! Não vou assumir uma coisa que não fiz! Não fiz nada!

Esse corte foi causado como? Por que você é o único preso daquele pavilhão que está cortado? Não foi na briga, como suspeita a polícia?
Foi não! Eu estava no corredor e Zeca passou por mim correndo com os dois (José Ramilson e José Xavier) correndo atrás dele dando estiletadas. Nessa hora, uma (facada) pegou no meu dedo. Aí, eles disseram que eu ia assumir a bronca. Que se eu não assumisse ia morrer.

Por que Zeca foi morto?
Eu não sei. Deve ter sido rixa de cadeia.

Presídio registra segunda morte em uma semana

Às 15 horas da terça-feira da semana passada, dia 19, o detento José Teodósio da Silva, o “Caicó”, foi encontrado decapitado na quadra de esportes dos presos condenados. A cabeça ficou exatamente na marca do pênalti, ao lado do corpo. 

O detento João Maria Segundo do Nascimento, o “Gordo”, logo assumiu o crime afirmando inclusive que a morte foi premeditada. “Gordo”, que está em Alcaçuz desde a inauguração, disse que matou o inimigo porque foi desrespeitado com um tapa na cara.

Ele contou ainda que esperou o rival se cansar depois dos exercícios matinais para ter mais chance de sucesso. “Fiz com ele o que ele disse que faria comigo”, explicou ao justificar porque decepou a cabeça do adversário.

Os envolvidos

Erickson Ribeiro do Nascimento, o “Zeca do Mereto”, 32 anos, estava em Alcaçuz desde o dia 17 de agosto do ano passado. Ele respondia a processo por assalto e homicídio. Foi morto com requintes de crueldade na manhã de terça-feira no Pavilhão 4 (ala provisória) da Penitenciária de Alcaçuz. 

José Adelson de Araújo, o “Thcoco”, 19 anos, está preso há cerca de um mês e 15 dias sob acusação de assalto a dois postos de combustíveis em Cidade Nova e no Planalto. É apontado como envolvido na morte, mas nega participação. Ele acusa os presos José Xavier e José Ramilson como os matadores de “Zeca do Mereto”.

José Ramilson da Silva, acusado de assalto, diz que não matou “Zeca”. Ele afirma que se “Thcoco” o está acusando é porque deve ter “culpa no cartório”. “Vou provar que eu não matei ninguém. Se tivesse feito, eu assumia”, justificou.

José Xavier da Silva, preso por assalto, nega o crime apesar de ter sido apontado por “Thcoco” como um dos autores. “Não vão me fazer passar por monstro. Eu não vou assumir uma coisa que não fiz. Não vou cair na laranjada porque minha progressão de regime está para sair”, disse. 

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