Rio – A mancha de lama que inundou três cidades da Zona da Mata de Minas deve atingir ainda hoje cinco municípios do noroeste do Rio e deixar os 127 mil habitantes dessa região sem água por até sete dias. A mancha já tem 55 quilômetros de extensão. Ela foi causada pelo rompimento de uma barragem do reservatório da mineradora Rio Pomba Cataguases, em Miraí, no Rio Fubá. Vazaram, anteontem, 2 bilhões de litros de água misturada à argila. Em Minas, além de Miraí, Muriaé e Patrocínio de Muriaé foram inundadas pela lama. Segundo o presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), Wagner Victer, era previsto que a mancha atingisse ontem à noite o município de Lajes do Muriaé, a 360 km da capital fluminense.“O acidente é muito maior do que foi divulgado anteriormente e mais grave do que imaginávamos”, afirmou Victer.
De acordo com ele, o nível de turbidez (quantidade de sujeira que tira a transparência da água) do Rio Muriaé, que abastece os cinco municípios, estava 200 vezes acima do “limite máximo aceitável, o que pode causar a mortandade de peixes e afetar a agricultura da região”. A avaliação foi feita na madrugada de ontem por técnicos da Cedae.
Victer declarou que, até o fim da tarde, a situação estava sob controle no Rio. “A lama ainda não chegou ao Estado em razão da baixa velocidade da água, mas já tomamos as medidas preventivas”, disse. Victer garantiu que a população desses municípios não corre risco de consumir água poluída. “Quando a água estiver sem condições de uso, será automaticamente suspensa e entraremos com o sistema de carros-pipa.” Ele considera difícil a mancha atingir o município de Campos, mas já entrou em contato com o prefeito Alexandre Mocaiber para deixá-lo em estado de alerta.
Pela manhã, o prefeito de Laje do Muriaé, José Geraldo Pereira de Carvalho, decretou estado de emergência na cidade, por conta da enchente provocada pela subida do nível do Rio Muriaé, em função da grande quantidade de lama na água. Os municípios vizinhos abastecidos pelo rio ( Itaperuna, São José de Ubá, Cardoso Moreira e Italva) só devem ser afetados a partir de amanhã.
A prefeitura mobilizou 13 carros-pipa para abastecer a população. A cidade está debaixo d’água. O centro está sem comércios e bancos, as ruas, alagadas, e o trânsito de carretas e caminhões pesados e carros particulares foi totalmente interrompido. Para reduzir o impacto do acidente ambiental no Estado, a Cedae montou em Laje do Muriaé um laboratório móvel para fazer a análise da água a cada meia hora e deslocou a diretoria da companhia para lá – 50 técnicos trabalham no local.
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) estimou ontem que cerca de 100 mil moradores de cinco municípios do noroeste fluminense ficarão, em média, de 6 a 7 dias sem água por causa da chegada da lama despejada pela mineradora Rio Pomba Cataguases, em Miraí (MG), no Rio Fubá, após o rompimento de um dique. Vazaram dois bilhões de litros de lama misturada com bauxita e sulfato de alumínio. Segundo o presidente da companhia, Wagner Victer, era previsto que a mancha atingisse ontem à noite o município de Laje do Muriaé, a 360 quilômetros da capital.
Mineradora vai pagar multa de R$ 75 milhões
Belo Horizonte – O governo de Minas fixou ontem em R$ 75 milhões a multa aplicada à Mineradora Rio Pomba Cataguases Ltda., em Miraí, Zona da Mata, cuja barragem de contenção de rejeitos se rompeu e despejou pelo menos 2 bilhões de litros de lama em ribeirões e rios. A multa foi anunciada pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho. Segundo o governo, a aplicação da multa e a interdição definitiva da mineradora devem-se à lei estadual 15.972, regulamentada em 2006.
Carvalho disse que o governo estadual analisa pedido para indiciamento criminal e cível da mineradora. No dia 1º de março de 2006, o rompimento de uma das placas do vertedouro da mesma estrutura provocou um acidente ambiental de grandes proporções, com o despejo de 400 milhões de litros de lama no Córrego Bom Jardim, Ribeirão Fubá e o Rio Muriaé.
Ontem, a Rio Pomba Cataguases divulgou nota na qual culpa o alto volume de chuva na madrugada de quarta-feira pelo rompimento da barreira. A mineradora alega que o acidente não tem relação com o ocorrido em março do ano passado. A empresa informou que não havia sido comunicada oficialmente sobre a aplicação multa.