O protesto contra a decisão do Ministério de Educação de contingenciamento do orçamento da pasta mobiliza milhares de pessoas em Natal nesta quarta-feira (15). Os manifestantes se concentraram no cruzamento das avenidas Salgado Filho e Bernardo Vieira, no prolongamento dessas avenidas e seguem em caminhada em direção à Praça da Árvore, em Mirassol.
Esse já é o ato da cidade com maior número de pessoas pelo menos desde 2016, segundo organizações sindicais. De acordo com os organizadores, 70 mil pessoas participam do ato. A Polícia Militar, por sua vez, disse que não vai informar o quantitativo de manifestantes. O protesto soma estudantes, professores, trabalhadores de outras classes e muitas entidades sindicais e políticas. Faixas e bandeiras estão espalhadas de uma ponta a outra da concentração do ato, e as lideranças das organizações organizaram mais de um carro de som.
Manifestação reúne estudantes e professores contra os cortes no MEC
A maior motivação para estar presente no ato são os cortes do Ministério da Educação, contra a educação básica, técnica e universitária. Mariângela Gomes, estudante de enfermagem na UFRN, conta que decidiu estar no ato depois que a sua turma percebeu que a decisão do MEC pode prejudicar o andamento das aulas e serviços básicos da universidade, como contratos de limpeza e energia. “Os cortes afetam diretamente a nossa rotina na universidade. Não foram nos gastos obrigatórios, mas ataca os terceirizados, por exemplo. Como a universidade vai funcionar sem equipe de limpeza, por exemplo?”, afirma.
“Eu vim para o ato para tentar reverter esses cortes na educação, que inviabilizam o funcionamento das instituições de ensino federais do Rio Grande do Norte e, consequentemente, a pesquisa científica”, disse Emanuel Betcel, estudante do curso de Engenharia Elétrica e bolsista de iniciação de pesquisa no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Quem também participa do protesto é o natalense Anderson Bezerra, mestrando em filosofia e professor do ensino médio. “Atualmente eu estou fazendo mestrado em filosofia e sou professor do ensino médio. Os cortes me afetam porque foram feitos de forma abrupta, sem razão porque o orçamento desse ano já está aprovado. Isso me afeta, mas afeta também a sociedade porque meses com a educação pública inteira. O impacto social que isso pode causar é um impacto de gerações. Então, eu acho que esse ato é uma defesa das próximas gerações. Se fosse só por mim, eu não viria, mas isso afeta a sociedade”, comentou.
Anderson Bezerra, mestrando em filosofia e professor do ensino médio
O natalense Caio Souza também participa do protesto ao lado do filho. “Vim ao ato pelo meu filho. Já estive na universidade e não consegui conciliar, mas vim ao ato porque esses cortes, que foram anunciados contra universidades que faziam “balbúrdia” e estendido a todos os níveis de educação. Meu filho logo vai entrar na escola e esses cortes também vão afetar a vida dele”.
O fato aconteceu às 18h e separou parte do protesto porque alguns decidiram permanecer no local até que a situação fosse resolvida. O restante dos presentes estava mais adiante, próximo ao Natal Shopping.