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Manifesto critica instalação de CPI

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São Paulo (AE) – Intelectuais do Brasil e do exterior divulgaram um manifesto em defesa dos Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e contra a CPMI criada para investigar supostas irregularidades no repasse de verbas públicas para a entidades ligadas ao movimento. De acordo com o documento, está em curso no Brasil “um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro: o MST”. “No fundo”, diz o texto, “prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira”.

Entre os signatários do manifesto aparecem os escritores Eduardo Galeano, do Uruguai, e Luiz Fernando Veríssimo. Também estão na lista o crítico literário e professor aposentado da USP, Antonio Candido, o cientista político Chico de Oliveira e o filósofo Paulo Arantes. Aproximadamente cem pessoas já haviam assinado o manifesto, que está circulando por diversos países. Em Portugal, ele ganhou a adesão do sociólogo Boaventura de Souza Santos, um dos ideólogos do Fórum Social Mundial.

O manifesto critica a cobertura dada pela mídia à destruição de um laranjal da empresa Cutrale por militantes do MST, semanas atrás, no interior de São Paulo. “A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo. Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça”, diz o texto. E mais adiante acrescenta: “na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários, desejando produzir alimentos”.

O manifesto foi redigido por um grupo de apoiadores do MST no Rio. Quando começou a circular, ganhou rapidamente adesões em universidades brasileiras e do exterior. Segundo o sociólogo Ricardo Antunes, da Unicamp, um dos signatários do documento, o MST é respeitado internacionalmente como um dos movimentos sociais mais importantes do mundo. “É inaceitável a iniciativa de criminalizá-lo e empurrá-lo para a clandestinidade”, disse ele à reportagem. “É inaceitável também que este Congresso, que chegou ao fundo do poço e cujo presidente tenta cercear o trabalho da imprensa, impedindo a divulgação de informações sobre sua família, se julgue no direito de policiar e tentar sufocar o movimento”.

O texto endossa a tese defendida pela liderança do MST de que o principal objetivo da CPMI é tirar do foco o debate sobre a revisão dos índices de produtividade no País, que estão em vigor desde 1975.

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