Brasília (AE) – Uma manobra do senador petista Sibá Machado (PT-AC) paralisou ontem o já lento trabalho da CPI das ONGs. Sibá, aproveitando-se das poucas presenças na comissão, operou para vetar requerimentos de convocação e de pedido de informações sobre pessoas e entidades ligadas ao governo. Entre outras ações, Sibá brecou a convocação de Jorge Lorenzetti, ex-churrasqueiro do presidente Lula, um dos envolvidos no escândalo do dossiê contra os tucanos, e um dos dirigentes da ONG Unitrabalho que até setembro do ano passado recebeu R$ 19 milhões de órgãos públicos. O senador petista também se opôs ao pedido para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) transfira à CPI informações sobre “movimentações de recursos consideradas atípicas” de Lorenzetti.
Suplente da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Sibá boicotou, ainda, os pedidos à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) sobre ONGS que assistem às populações indígenas. E não permitiu a convocação do responsável pela ONG Urihi, encarregada de prestar serviços de saúde à tribo Yanomami que, segundo o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), “foi inaugurada com o único propósito de receber verbas do governo”.
O confronto entre Sibá, orientado por um grupo de assessores do PT, e senadores da oposição chegou ao ponto de ameaçar o futuro da CPI. Os senadores Álvaro Dias e Heráclito Fortes (DEM-PI) alegaram que é melhor desistir da investigação do que patrocinar uma encenação de investigação.
“Se não for para agirmos corretamente, que assinemos o atestado de incompetência”, defendeu Dias.