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Márcio Mossoró: “A vaidade não pode entrar em campo”

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Aos 16 anos quando deixou Mossoró para jogar pelo Ferroviário, do Ceará, Márcio José da Costa estava indo em busca de um sonho. Hoje, seis anos depois, ele continua com uma voz de menino, mas planos ousados, uma história de superação a contar e um orgulho de quem passou dois anos desempregado em São Paulo, persistiu na luta e hoje está jogando no Internacional de Porto Alegre.

Muitos trechos dessa entrevista a TRIBUNA DO NORTE, concedida por Márcio Mossoró, ganham o tom de testemunho. "Já passei muitas dificuldades, muitas coisas enfrentei para poder chegar até aqui".

Márcio Mossoró não se mostra acomodado. O plano agora é chegar à Seleção Brasileira. Ele admite que para a Copa da Alemanha já não há mais tempo. “Mas logo depois da Copa essa será minha busca", comenta. Se tivesse que escolher um técnico quem seria? "Abel Braga", responde de imediato Mossoró.

Ele diz que ainda não "ficou rico" com o futebol, mas já conseguiu comprar uma casa para os pais e planeja investimentos na sua terra natal. Nesta entrevista, Márcio se mostra um menino com história de superação, um jovem lutador e de garra, um mossoroense com orgulho das suas origens. 

Como foi a trajetória de sair de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para o Internacional de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul?

Hoje eu valorizo muito isso. Foi uma trajetória difícil, onde passei por vários lugares que não imaginava passar. Graças a Deus já passou tudo isso. Agora estou aqui, valorizo tudo isso que passei. Tive que passar por muitas situações para estar onde estou. Foi uma trajetória onde consegui vitórias.

 Pelo que você passou, o que foi mais difícil?

Foi quando fiquei dois anos em São Paulo desempregado. Não tinha time, não tinha para onde ir, fiquei na casa de um dos meus procuradores. Ele procurava alguma coisa e não achava nada. E depois Deus abriu as portas.

É muita persistência ficar dois anos desempregado e resistir em não voltar para casa.

É verdade. Sempre persisti, pensei positivo que um dia conseguiria. Graças a Deus, Deus abriu as portas para mim e hoje eu posso mostrar meu trabalho.

Sua passagem pelo Paulista, campeão da Copa do Brasil, foi o que lhe projetou?

Com certeza. Sem dúvida foi muito importante passar pelo Paulista e ser campeão da Copa do Brasil. Isso fez com que se tornasse importante.

O jogador consegue se projetar mesmo em um time que perde?

Depende muito. Eu Graças a Deus consegui me projetar com um time que foi campeão, que ganhou de muitos times grandes. Agarrei a oportunidade, hoje estou no Internacional crescendo cada dia que passa.

Olhando com a óptica de crítico, como você avalia sua trajetória de quatro meses no Internacional?

Vejo como um vitorioso. Já conseguimos o vice-campeonato e também já começamos a temporada muito bem.

Muitos jogadores têm conflitos com técnicos. É uma briga de egos?

Primeiro lugar tem que saber conviver com pessoas diferentes, perceber que há muita gente diferente. Quando se trata de um treinador a gente tem que ter respeito, mas também ser respeitado por ele. Acho que isso é vaidade mesmo, querer ser mais do que o outro, ter o poder de sempre querer ser o primeiro. Acredito mais nisso aí.

Jogadores de futebol estão ganhando destaque não só pelo esporte, mas pelas polêmicas que geram, como é o caso das regalias. Você teme que o futebol deixe de ganhar espaço pela arte mas por essa “política”?

Realmente, as pessoas têm acompanhado isso tudo. Essa parte (de briga de jogador para querer regalias) tá crescendo muito. O futebol deixa de ter a graça só pela arte, hoje em dia tem outras coisas que envolvem o futebol. Isso faz com que aconteça algo diferente, coisa que a gente não entende por que acontece. Na televisão você vê jogador querendo aparecer de forma diferente e estraga um pouco o futebol. Mas isso são poucas pessoas.

Esse tipo de jogador pode comprometer a imagem do futebol?

Não temo isso porque o futebol é muito maior. Fico triste por essas pessoas estarem querendo aparecer mais do que merecem. Mas logo, logo isso não existirá mais no futebol, será só o futebol alegria e com arte.

A vaidade desses jogadores tem origem nos altos salários ganhos hoje por eles?

Acho sim. Isso é um ponto forte. A partir do movimento que o dinheiro abriu muito, tomou conta do futebol. Você joga por conta do dinheiro. Então em alguns times o dinheiro entrou forte, que as pessoas não esperavam e essa ambição atrapalha.

 Jogador de futebol é conhecido como pessoas que ganham muito dinheiro. Você já ficou rico com o futebol?

Ainda não. Estou começando agora. Estou vivendo um momento muito bom na minha vida. E o dinheiro vem naturalmente, no tempo certo, na hora certa. Não adianta se apressar, ganhar milhões.

Em que você está aplicando seus investimentos?

Imóveis. Estou com projeto aí para Mossoró e aqui estou começando a comprar um apartamento (em Porto Alegre). Em Mossoró pretendo fazer algumas vilas com casas, penso em ter escola de futebol. Mas tudo é cedo, é muito rápido para estar falando. São projetos que espero um dia colocar em prática. Estou só no planejamento. Quero colocar uma empresa também.

Foi justa essa escolha de Carlos Alberto Parreira como melhor técnico?

Foi. Ele vem trabalhando sério, fez grande eliminatória e o Brasil chega como favorito.

Concentrar numa mesma seleção tantas estrelas, com muitos “egos”, não é um risco?

Não será desde que todo mundo deixe seu ego fora de campo. A vaidade não pode entrar em campo. Todo mundo sabe que o Brasil é forte, mas se todos não tiverem um mesmo objetivo, aí vai ser problema. Se começar com disse me disse, fica complicado, aí não tem seleção melhor do mundo que ganhe os outros. Parreira é bom de grupo e isso não vai existir. Tem jogadores que passaram por três copas e sabem da importância da união.

Até que ponto a vitória é responsabilidade do jogador ou do treinador?

A partir do momento que você vê o time é muito mais forte que o adversário, o treinador é peça no esquema tático. Você consegue conhecer um time pelo esquema tático. Acho que os dois são importantes, mas acredito que mais os jogadores que os treinadores. O treinador é o comandante, mas vai chegar um dia que tudo estará complicado e um jogador vai resolver.

Até que ponto a pressão da torcida faz um jogador entrar em campo?

Não vi isso. É importante ter o carinho da torcida, a ajuda, incentivo. Mas quem escala é o treinador, ele vê o momento certo de colocar o jogador. Já vi muito a torcida gritar o nome e o treinador não coloca.

Você se considera precoce por aos 22 anos estar em um time como o Internacional?

Às vezes sim e às vezes não. Por tudo que já passei, as pessoas falam até que estou muito novo no Internacional. Mas já passei por cada situação, de até chegar aqui, foram tantas as dificuldades. Sou jogador maduro hoje por tudo que passei. Tenho muito o que aprender ainda, mas essa fase de precoce já passou.

E quando Márcio chegará à Seleção?

Não só eu, como todo mundo sabe que esse ano é difícil porque Parreira já tem um grupo na mão. Mas assim que acabar a Copa meu objetivo é esse. Estamos trabalhando para conseguir chegar à Seleção.

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