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Marcos Lopes: “ABC e América são francos favoritos”

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Criador de de bordões famosos como: “das maravilhas mil que o Rio Grande do Norte tem”, “fulano é gente boa , mas não dá mole para ninguém” e “adivinhem”, o locutor Marcos Lopes, gaúcho radicalizado em Natal há 10 anos, terminou o ano de 2007 como o principal locutor esportivo do Estado. O profissional da rádio Globo Natal foi eleito por mais de 70% dos votantes da Revista Dez, como o melhor do ano, comprovando as pesquisas de opinião que já haviam sido divulgadas pela emissora. Polêmico na medida certa, Marcos Lopes tem um dos blogs mais lidos do Estado e há alguns meses escreve para a Tribuna do Norte uma coluna semanal, publicada sempre aos domingos e que segundo o setor de internet do jornal é uma das mais visitadas pelos internautas, ao lado do experiente Everaldo Lopes, também de esporte. Nesta entrevista exclusiva, o locutor fala sobre sua carreira em Natal e faz uma avaliação dos clubes em 2007, expectativas para 2008, federação, além das possibilidades reais da capital potiguar ser uma subsede para a Copa do Mundo de 2014. “Estão nos vendendo uma utopia”, dispara o locutor sobre este último assunto.

Qual a importância para você dessa premiação e também dos números divulgados nas pesquisas?
Isso para mim é muito bom, porque consolida, principalmente para mim, que cheguei de fora e que depois de 10 anos de casa, consolida um trabalho que começou com muita dificuldade, muitas vezes com desconfiança, com muito preconceito, pelo fato de eu ser de fora do Estado. Esse prêmio é para mim uma espécie de atestado de aceitação por parte dos potiguares.

Já partindo direto para o futebol. O ano de 2008, com ABC e América na Série B pode ser bom para o Estado?
Eu acho que hoje, com os times de hoje, os dois estão muito longe do ideal para a Segunda Divisão. Mesmo o ABC tendo mantido a base de 2007, eu entendo que ainda falta muita coisa em nível de qualificação técnica para que os dois possam almejar a permanência na Série B. O ABC apesar da base, foi um time que teve enormes dificuldades na Série C. A classificação dele se deu em casa, fora ele foi um fiasco absoluto. Então se ele manteve essa base de um time que foi irregular não dá para se imaginar que com mais quatro ou cinco reforços esse time vá conseguir algo. Já o América é uma incógnita, mas pela análise que eu faço até agora, no campo teórico, do técnico sem maior expressão no futebol brasileiro e das contratações que foram feitas, falta muita coisa, para que ABC e América possam pensar em Série B, em termos de continuar na competição em 2009.

Então falar em ascensão, nem pensar?
Hoje falar em ascensão não existe. Ascensão é palavra proibida na minha concepção.

Mas o que os dirigentes falam é que os times irão se reforçar após o Estadual, pois a competição é deficitária. O que você acha disso?
Eu acho perigoso. É uma tática que comprovadamente não dá resultados. No caso do ABC, ele ainda tem a Copa do Brasil paralelo ao Estadual, que ele poderia ter se reforçado logo, afinal a competição nacional é rentável e garantiria a contratação de jogadores de maior renome. Ou seja, o ABC tem mais meios para começar a montar o time definitivo para o Brasileiro agora do que o América. Mas essa história de fazer um time para o Estadual, desmanchar depois e uma semana antes da Série B montar outro time é uma tética errada e extremamente perigosa.

Os clubes do Estado teriam condições de concorrer com os outros Estaduais como o de São Paulo por exemplo e montar o time logo?
Para mim é conversa mole de dirigente dizer que não dá para concorrer com os outros campeonatos. Tem dinheiro da televisão, a Série B é rentável, a Copa do Brasil é rentável. No caso do ABC, tem uma torcida que garante o rojão do time, a do América, se o time estiver numa situação boa ela comparece, então acho que é uma desculpa que não pode mais ser aceita.

E para o Estadual,  essas equipes que estão aí formadas, ou se formando, incluindo os clubes do Interior, como você as avalia?
Todo Campeonato Estadual eu coloco a coisa da seguinte maneira: ABC e América são os francos favoritos, seguidos da dupla POTIBA e no Estadual deste ano a coisa não é diferente. O ABC leva uma vantagem porque manteve a base, que para a realidade do Estadual, a base que ele manteve e as contratações que foram feitas dão ao ABC, teoricamente, uma vantagem. Entrosamento com o grupo, conhecer o que o técnico quer, como ele joga e o inverso também, o técnico conhecer o grupo, isso dá a vantagem ao Alvinegro. Isso é diferente no América, que está começando praticamente do zero. Como o ABC você tem também o Baraúnas, que manteve a grande base, apesar de ter trocado de técnico, do próprio ASSU e do Santa Cruz, quer dizer, essas equipes que mantiveram a base elas saem na frente. Mas ABC e América para mim são sempre favoritos.

E em termos de motivação. A subida do ABC influenciou o Estadual?
Em termos de motivação a competição tem tudo para ser a melhor dos últimos anos. Além da ascensão do ABC com as duas vagas mais que surgem para a Série C fazem com que os clubes do Interior invistam um pouco mai e, mesmo sem a ajuda da CBF, a Série C é uma vitrine para esses clubes e o que se ouve falar é que não vai haver o festival de desistências que houve em anos anteriores, então nesse aspecto acho que o campeonato fica muito motivado e é a oportunidade que a Federação tem de alavancar a administração do presidente Alexandre Cavalcanti.

Porque você acha isso? A FNF não anda bem?
Olha, até agora o que faltou na administração do Alexandre foi profissionalizar a Federação, no sentido de acabar com o oba-oba, o favorecimento, muito embora parece que administrativamente ele conseguiu organizar os departamentos, como o de futebol, de registros, que são importantes. E agora, esse ano, ele vai ter a grande oportunidade de aproveitar esse momento bom de ABC e América na Série B, pois a Federação vai ganhar dinheiro com isso, terá a oportunidade de organizar um campeonato organizado do ponto de vista técnico, terá o dinheiro da televisão que vai entrar, ou seja, para mim, 2008 deverá ser o marco divisório da administração de Alexandre Cavalcanti.

Você falou na questão da televisão no Estadual. Isso influencia em algo no rádio?
Não, eu acho que não. O rádio continua sendo o grande veículo do futebol. A televisão entra no nosso campeonato para viabilizar alguns jogos, mas não tem grande influência sobre o rádio. A televisão é boa para o campeonato no sentido financeiro.

Às vésperas do Estadual, surgem novas reclamações sobre o Machadão, recentemente reformado. No interior, nem se fala dos problemas existentes que são grandes. Como você vê essa questão?
Se fosse feita uma vistoria levada à fundo mesmo, nós teríamos talvez um estádio em condições de jogo atualmente que é o ‘Frasqueirão’. O ‘Nogueirão’ interditado, o ‘Marizão’ o Corintians até outro dia não saberia se teria condições de jogar lá ou não e os demais em condições precárias. O Machadão que foi investido R$ 17 milhões já está com esse problema no gramado, iluminação e banheiros.

A quem devemos atribuir a culpa por isso?
É uma cumplicidade. A culpa é dos clubes, da Federação e do poder público.

A saída seria a privatização?
A saída imediata seria essa, como foi feito com o Engenhão. Já que o conselho do América é reticente quanto a construção do seu estádio, essa poderia ser uma saída, ou uma empresa privada mesmo, como a Destaque, por exemplo, porque com o poder público está provado que não tem condições.

Construir estádio próprio é uma saída?
Para mim esse é o grande lance do clube. O América perdeu a oportunidade quando vendeu o terreno da Roberto Freire, agora tem uma proposta, extra-oficial que para mim seria a grande redenção do clube. Trocar uma sede que tem valor histórico, mas que é deficitária por um estádio de futebol.

Mas você acha que essa nova administração do América não topará esse negócio?
Primeiro que essa administração do América de nova não tem nada. São os mesmos, só trocaram de posição. É o mesmo grupo que montou a AMEPAR. Se tenta vender a imagem de que é a nova administração, mas não há nem um novo grupo, nem uma nova política e um detalhe, o clube América é o responsável legal, que responde por tudo que esse grupo fizer, em nível de Federação, de justiça do trabalho e de justiça comum.  Ou seja, eu vejo no América a mesmice.

E isso projetaria uma mesmice de resultados dentro de campo?
Se espera que não. Tecnicamente no que diz respeito a montagem do time eu espero que haja mudanças, agora eu acho que o técnico contratado teoricamente não tem o perfil para dirigir o América na Série B, posso até amanhã ou depois rever essa minha posição, mas hoje olhando o currículo do Rabelo ele não é técnico para o América.

E quais foram os erros dessa política do América em 2007?
Desmanchar o time do Estadual, contratar jogadores que nunca passaram pela Série A, as constantes mudanças de técnico, o discurso batido de que o América caiu pela diferença de recursos distribuídos entre os clubes (R$ 3 milhões é muito dinheiro, dava para montar um time com os atletas ganhando 30 mil), houve falta de planejamento e desorganização no gerenciamento financeiro, além disso, dentro de campo a baixa qualidade técnica. É um time que hoje teria dificuldades na Série C.

Algum acerto?
Nenhum. Não consigo observar acerto em um time que cai com 17 pontos, que rescinde o contrato de um goleiro como Sérvulo e depois, por falta de opção, volta atrás, sendo que o jogador acaba sendo o destaque do time. Ou seja no somatório geral o América não teve acertos, só um amontoado de erros.

E no ABC? Erros e acertos?
O ABC também não foi essas maravilhas todas não. O ABC teve erros de contratação e de avaliação, mas as conquistas, aquela virada histórica sobre o América e a ascensão para a Série B acabaram encobrindo os erros. Mas contratações foram feitas erradas e a insistência de Ferdinando Teixeira e alguns jogadores, como Lau por exemplo e a irregularidade no time na Série C. No entanto, o grande acerto do clube foi a consolidação do patrimônio do clube e também o investimento nas bases, que embora tenha muita falha ainda, é um clube que tem investido, veja que com Nêgo e Wallyson conseguiu faturar quase R$ 1 milhão e que para essa temporada já tem ‘cheques visados’ com jogadores como é o caso do João Paulo, do Rodriguinho e falam muito bem desse Nenê.

Você observou alguma decepção em 2007?
Sem dúvida a queda do América. Não o fato de ter caído em si, mas a forma como aconteceu.

E a maior expectativa para 2008?
A maior expectativa, sem dúvida é pela participação de ABC e América na Série B. Espero que ambos consigam se manter na Segunda Divisão, porque nós atualmente não temos estrutura para ir para a Série A.

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