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Maré alta assusta vila de pescadores e causa danos

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Sérgio Henrique Santos – repórter

O nível das ondas do mar tem aumentado, consideravelmente, no litoral potiguar. As ressacas acontecem, principalmente, nos finais de tarde e causam prejuízos aos pescadores em municípios litorâneos, como São Miguel do Gostoso, distante 120 quilômetros de Natal. Nessa localidade, em dois dias, as ondas atingiram 2,5 metros, segundo a tábua de marés da Marinha do Brasil, e duas embarcações viraram. A previsão para hoje (13) é de que o mar continuará revolto.
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Em São Miguel do Gostoso, as ressacas têm atingido principalmente as praias do Cardeiro, de Maceió e da Xêpa, perto do Terminal Turístico Nilo Ribeiro Neri. Receosos, alguns pescadores resolveram atracar seus barcos na Ponta do Santo Cristo, mais ao Sudoeste e onde as ondas são menos revoltas. “Outros decidiram dormir em seus barcos”, acrescentou Maria Ilza da Silva, presidente da Colônia de Pescadores, que reúne, hoje, 700 pescadores e pescadoras.

“A maior parte dos barcos é antiga e não resiste a ondas tão fortes. Estamos com medo porque amanhã as ondas devem vir mais fortes. Vai ser lua crescente”, previu ela. Os barcos encalhados ou virados trazem danos irreperáveis para os pescadores. “Estou calculando meu prejuízo em R$ 30 mil. Não sobrou nada. Tudo se perdeu, do motor à tabuação. Vou trabalhar para comprar um novo”, relatou Jorge Luiz Souza da Silva, também conhecido como Luiz Badalé, dono da embarcação “Elaine Beatriz”, de 3 toneladas.

O barco motorizado virou na praia, na segunda-feira, 11, e precisou ser rebocado. Luiz trabalha em alto-mar com o auxílio de três pescadores. Ontem, o trabalho se concentrou no desmonte do barco. João Maria de Souza, pescador de 48 anos, afirmou que nunca viu ondas tão fortes. Por isso, ele decidiu levar seus barcos para a parte da orla que ele considera mais segura. “Levamos para a Ponta do Santo Cristo porque o mar lá não quebra do mesmo jeito que aqui. Acho que essa ressaca vai durar uma semana. Botar a embarcação com o mar assim é um risco, até porque a âncora está velha”, contou o pescador. 

São Miguel do Gostoso tem aproximadamente 80 embarcações, entre jangadas, baiteiras e botes motorizados. “Estamos assustados. Normalmente colocamos os barcos no mar às duas da tarde e voltamos no dia seguinte”, contou o pescador Luiz Gomes Santana, 43, decepcionado com a produção diária zerada. Arnaldo Ricardo da Silva, 54 anos, disse que a situação está difícil para os pescadores. “Ultimamente a produção tem caído muito, e ainda mais com essa ressaca. É perda de tempo e de dinheiro”, relatou Arnaldo.

Pescadores reclamam que não houve alerta

A Colônia de Pescadores de Gostoso não foi informada pela Capitania dos Portos sobre os riscos de ressacas na praia. “A gente é que entra no site da Marinha e vê a tábua de marés. Avisamos na medida do possível, mas alguns teimosos insistem e colocam os barcos no mar”, disse a presidente da colônia, Maria Ilza. Agora a colônia está avaliando os prejuízos para tentar ajudar os pescadores que perderam barcos ou tiveram algum tipo de dano com a ressaca do início da semana.

“Os pescadores estão amparados na legislação. Existe a Lei de Pesca (11.959/2009), e o Plano Safra 2012-2014. Ambos disponibilizam recursos para reconstruir as embarcações ou construir novas, mediante financiamento. Vamos tentar fazer esse levantamento, mas depende deles procurar ajuda”, garantiu Aldenor Luiz de França, marido de Ilza, que fundou a Colônia e hoje é o vice-presidente.

Ontem, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou contato com a Capitania dos Portos, sem sucesso. Hoje, a previsão para o litoral potiguar é de ondas de até 2,4 metros.

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