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Maré destrói casas em Pititinga

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ESTRAGOS - Moradores abandonam casas destuídas pela maré em Pititinga
A fúria do mar está destruindo casas e afugentando veranistas e nativos da beira-mar da praia de Pititinga, no litoral norte potiguar, em Rio do Fogo — município distante 80 km de Natal. Os estragos, que já eram grandes, aumentaram no fim de tarde da terça-feira de carnaval, quando a maré atingiu seu ponto mais alto este ano, chegando a 2,9 metros.

A água foi tão forte que lavou a rua de trás e, à beira-mar, aumentou o rastro de destruição. Na praia corre o comentário que o vice-governador do RN, Antônio Jácome, pôs sua casa de veraneio à venda, devido à ameaça do mar. E a previsão para a quinta (ontem) e sexta-feira era de mais maré alta (2,8m e 2,7m, respectivamente).

Casas em escombros e abandonadas, coqueiros arrancados e restos de construção espalhados pela areia formam a paisagem do lugar. Ontem pela manhã, enquanto homens trabalhavam para reforçar a barreira de contenção em algumas casas, moradores catavam o que sobrou das construções — telhas, pedras e tijolos — para aproveitar no alicerce de outras residências, localizadas em pontos onde o mar ainda não alcança.

Na terça, a força da natureza levou a varanda da casa do veranista Ranieri Fernandes. Ele conta que chegou a presenciar e registrar, em foto, a cena da destruição. “Era como um furacão, destruindo tudo; os coqueiros eram jogados pra cima como se fossem peixes dentro d’água”, disse Ranieri.

E o prejuízo dele só não foi maior devido à proteção de pedra de arrimo, na frente da casa. Na residência vizinha, que está abandonada, o mar levou quase toda a estrutura. Ranieri disse que também iria fechar sua casa. Para proteger o restante do imóvel e os móveis que estão dentro, ele contratou o serviço de dois nativos para colocar mais pedras na frente.

Um dos trabalhadores, Mário Sérgio Gomes da Cruz, 27, contou que a destruição na praia, provocada pelo mar, vem de muito tempo. Há cerca de nove anos, Ranieri e o vizinho se juntaram e construíram um quabra-mar para proteger as duas casas. Em pouco tempo, segundo conta Sérgio, o mar destruiu a estrutura de contenção.

Devido à ação do mar, muitas casas estão abandonadas. Duas delas, bastante destruídas, pertencem à família da professora Conceição Soares. As casas vêm sendo castigadas há muito tempo, mas foi no meio do ano passado que o mar destruiu grande parte delas. A maré de terça-feira fez mais estragos. “A gente não tem o que fazer; gastar não adianta porque o mar destrói tudo de novo”, diz a professora.

Nascida e criada na praia, Maria dos Navegantes, de 55 anos, já teve uma casa à beira-mar, antes da água levar. Isso foi há mais de dez anos, segundo a senhora, que depois mudou-se para uma rua mais acima, longe do alcance da maré. Ontem, com um carro de mão, ela catava restos das construções destruídas para fazer o alicerce da área de sua residência. O mar ainda quebrou as traves de uma quadra de esportes e aterrou o piso.

Morro do Careca está ameaçado

O principal cartão postal da cidade está sofrendo com um processo de erosão em sua base. O fenômeno, que vem se intensificando a cada maré alta, já produziu uma barreira de aproximadamente dois metros de altura. Banhistas, pescadores e turistas estão preocupados com a imagem do Morro do Careca, eles temem que o processo interfira no cenário paisagístico da praia de Ponta Negra.

Pedro Genaro Filho, vendedor de coco e morador da região, disse que a erosão provocada pela força da maré sempre aconteceu, mas nunca foi tão visível. Segundo ele, a areia da duna que chegava até à beira da praia amortecia e impedia a formação de grandes barrancos no pé do morro. “Se esse processo continuar vai alterar uma imagem que faz parte da nossa história”.

O diretor geral do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente – IDEMA, Eugênio Cunha, explicou que o processo de erosão é natural e acontece de ciclo em ciclo. Segundo ele, até hoje, o que impediu a intensificação do processo e conseqüentemente a devastação de parte daquelas dunas foi justamente a ponta negra, aquelas pedras escuras, resto de falésia, que ficam no entorno do morro. “Nossos técnicos estão monitorando a área e se o impacto mostrar indícios de interferência na paisagem serão tomadas medidas cabíveis . O Idema tem um projeto de transformar em ‘área de monumento natural’, a região que vai dos restos de falésias da ponta negra até uma parte da Barreira do Inferno.

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