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Marina Silva deixa o governo por divergência com Mangabeira

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EXONERAÇÃO - Marina Silva entrou em conflito com os demais ministros e com os servidores do Ibama Brasília (AE) – Cinco anos, quatro meses e treze dias depois de assumir o cargo de ministra do Meio Ambiente, a senadora Marina Silva (PT-AC) cumpriu a promessa de que perderia a cabeça “mas não o juízo”. Numa carta enviada ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela pediu demissão do cargo. Nesse caso, perder o juízo seria continuar no governo tendo de conviver com o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, como coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS).

Com a ministra, saem também dois auxiliares de sua absoluta confiança: Basileu Aparecido, que acumula as funções de chefe de gabinete de Marina e presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Meio Ambiente e presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade.

O desfalque para o Planalto é ainda maior, embora incomensurável. A saída de Marina abala a imagem do Brasil no exterior. A ex-ministra era uma espécie de porta-estandarte da defesa do meio ambiente no Brasil e candidata a ganhar o prêmio Nobel da Paz.

A desmontagem da equipe do Meio Ambiente foi negociada. Basileu reuniu-se durante toda a tarde e noite de ontem com a ministra. Disse que ajudará na transição, visto que a saída é de todo um grupo e não somente da ministra. Oficialmente, a assessoria de Marina Silva informou que o afastamento dela ocorreu por causa de uma série de desgastes gerados por ações do governo com as quais não concordava e uma seqüência de insatisfações com as atitudes do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas aquilo que pode ser qualificado de “ gota d’água” foi, de fato, a escolha de Mangabeira Unger para a chefia do conselho gestor do Plano Amazônia Sustentável, embora a ministra tenha orientado todos os assessores a negar essa versão, por não querer se envolver numa discussão sem fim com seu desafeto.

Por se julgar a pessoa que mais entende de Amazônia dentro do governo – ela nasceu no Acre, lá cresceu, tornou-se vereadora, deputada federal e senadora -, Marina sentiu-se desprestigiada pelo presidente Lula por não ser a responsável pelas ações que teriam como prioridade garantir a proteção ambiental da região. No fim de semana, reunida com assessores e aliados na sua casa, comunicou que deixaria o cargo e voltaria ao Senado. Sua promessa de que preferia perder a cabeça mas não o juízo foi relembrada.  

Na solenidade de lançamento do plano, o presidente Lula chegou a fazer um comentário pró-Marina, dizendo que ela seria a “mãe do PAS”, numa referência ao fato de a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ter sido chamada por ele de “mãe do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento).

Lula convida Carlos Minc para assumir o ministério

Rio (AE) – O secretário do Ambiente do Estado do Rio, Carlos Minc (PT), foi sondado pessoalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há dois meses, para assumir o ministério do Meio Ambiente. “É mais um tijolinho no processo de projeção nacional do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), fazendo mais um ministro, depois do (José Gomes) Temporão (da Saúde)”, disse ontem uma autoridade da área de meio ambiente. Na última segunda-feira, o presidente, na solenidade de lançamento das obras do Arco Metropolitano, fez em seu discurso um longo elogio a Minc pela rapidez como resolvera alguns impasses ambientais no Estado.

O convite, no entanto, só foi concretizado na tarde de ontem. O presidente Lula telefonou para o governador Sérgio Cabral para pedir que Minc seja liberado de suas funções no Estado e assuma a pasta do Meio Ambiente. Cabral, segundo sua assessoria de Imprensa, “considera o desempenho de Minc uma revelação e entendeu e atendeu a solicitação do presidente”.

Minc, no entanto, já havia embarcado para Paris, onde integra uma missão oficial do governo. A assessoria de imprensa do secretário não soube informar se Minc já havia sido avisado da formalização do convite.

Para o geógrafo Elmo Amador, integrante do conselho da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e do Movimento Baía Viva, a escolha de Minc representa a vitória do setor desenvolvimentista do governo. “O Minc é mais pragmático do que a Marina Silva, é mais flexível nesse sentido de facilitar os licenciamentos ambientais”, afirmou o professor, que já foi diretor da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema).

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