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Marinho, saudade impaciente

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Rubens Lemos Filho 
Recebi, em imaginária embalagem digital  de papel machê, belíssimo documento futebolístico enviado por um craque sobre um mito. 
Agamenon,dos melhores jogadores de futebol de salão do Brasil, atuando pelo América de Natal(RN) na década de 1980, me envia, elegante no gestual de  seus dribles, fatal similar  a um gol de chute em diagonal, trechos de uma entrevista de Marinho Chagas, concedida ao Canal Premiére em 2013. 
É chato entrar na aritmética. Em 2013, o espantalho chamado Arena das Dunas rastejou e se ergueu na paisagem de Natal na covardia  das cobras traiçoeiras. 
No ano seguinte, a cidade sediaria quatro jogos que custaram demolições estruturais e de comprometimento por 20 anos  da nata  de nosso patrimônio público. Pior: crueldade sentimental. 
Para ter o Cebolão(a Arena das Dunas parece uma cebola) derrubaram, primeiro a Creche Kátia Garcia, destinada a filhos de servidores públicos do Centro Administrativo e em homenagem a uma mulher à frente do seu tempo na condição de planejadora pública. 
Kátia Garcia, casada com meu amigo  Roosevelt Garcia, foi vítima de crime trágico em 1988 que por aqui ficará neste parágrafo. Sua memória e sua concepção modernista, estas, prosseguirão  até o último arqueólogo encontrar nos próximos milênios, um traço positivo do pedaço que Natal terá sido.
 
Derrubaram, pelo Cebolão, o Ginásio Machadinho que, antes de partir torturado por picaretas(de ferro), sediou o maior público de futebol de salão do mundo de 2006 até hoje: ABC/ART & C 2×3 Malwee/Jaraguá(SC): 10.572 pagantes a 1 real por ingresso ( que contraste, Nosso Senhor, que contraste), final da Taça Brasil.
Não era simplesmente uma decisão: era o ABC, impulsionado por massa comovente, engrossando o jogo com o melhor jogador de futebol de salão da história das quadras, desde aquelas de cimento em quintal de colégio: Falcão. E ele suou para levantar o troféu do qual certamente nem lembra mais. 
Destruíram a carne do futebol potiguar fazendo a autópsia a céu aberto do estádio Machadão, palco popular dos divinos clássicos ABC x América em 39 anos de sonhos. Adaptá-lo, segundo o arquiteto Moacyr Gomes, custaria 80 milhões de reais. Por quê? 
Porque gastar menos soaria pouco se seria possível torrar mais de 400 milhões  naquele   Centro de Velório da Bola. Foram quatro peladas, um centroavante uruguaio vampiro mordendo um italiano como fato principal. 
A maldição do Machadão destroçado fez da Cebola gigante, do espantalho, do fantasma de Lagoa Nova, um lugar onde o que menos se trata é a bola. De couro. E é das almas penadas,  o desassossego  diante de seus algozes covardes.  
Nada empolga naquela presepada. Quando muito, shows de repertórios desagradáveis. Ah, o Brasil veio jogar. Venceu a Bolívia de 6×0. Iludiu os idiotas elitistas que não enxergam as entrelinhas de um duelo, e, na Copa do Mundo, tomou um passeio brega. Medroso de Neymar ao seu quinto subalterno. 
Na segunda-feira, dia 8 agora, todos esses pensamentos sombrios me levaram a uma profunda irritação. Quase ninguém lembrou os 69  anos do maior esportista potiguar em todos os tempos, melhor na lateral-esquerda de Copa do Mundo, de campeão paulista, do Botafogo, artista. 
Ele era do tricolor Fluminense, tesouro. Do São Paulo, o melhor de todos na posição que desprezou no Cosmos, Eldorado norte-americano onde 20 a cada 16 estrelas desejavam vestir o uniforme de Pelé, Beckenbauer, Neeskens e dele, Francisco das Chagas Marinho, Marinho Chagas da anarquia e do desdém a qualquer modelo de autoridade. 
Faz bem Marinho Chagas, ignorado em Natal, descansar, menino grande, no sossego eterno do Cemitério Morada da Paz. Melhor me fez Agamenon com o presente.  Faz mal, a terra do ídolo louro, da Bruxa, ao esquecê-lo sob terra e  laje fria.  Era saudade de Marinho Chagas,  minha impaciência, quase angina, de uma semana deserta de alegria. 
Força 
O técnico Sílvio Criciúma quer o ABC no ponto na parte física. Melhor seria com futebol bonito e eficiente. Criciúma gosta de empatar. 
Difícil 
Será complicado ver ABC e América sem meia criativo, sem organizadores de jogo. Ao que parece, espero ser desmentido, os dois times serão fechados. Uma lástima diante da situação caótica em que vivem. 
Jogo do América 
Hoje, 15 horas, América x Palmeira de Goianinha  terá transmissão ao vivo pela TV Mecão. O amistoso será na Arena do América nos arredores de Parnamirim. 
CRB 
O técnico Roberto Fernandes manda e desmanda  no CRB de Alagoas. Pediu, o clube contrata. O goleiro Ewerton, do América, pula da Série D para a B. No CRB. 
Pelotas 
O lateral-direito André Kroebel, ex-América-RN e o lateral-esquerdo Igor Miranda, ex Náutico, foram apresentados pelo Brasil-RS para a temporada 2021.
Encaixe 
Os neologistas  insistem que o América precisa “encaixar” os setores para chegar ao ponto de cocada no campeonato. 
Caixa 
Não vai demorar para os idiotas de prancheta, coveiros do futebol, queiram “encaixotar” seu time. Alguns, de tão ruins, merecem ser jogados no Rio Potengi. 
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