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MEC pede nomes de alunos que ‘ocupam’ institutos federais

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Luísa Martins

Brasília (AE) – Ofício do Ministério da Educação (MEC) enviado ontem aos dirigentes dos institutos federais (IFs) solicita que eles remetam à pasta, em 5 dias, listas com os nomes de todos os estudantes que participam das ocupações contra o governo de Michel Temer. O documento é assinado pela titular da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), Eline Neves Braga Nascimento.

Para a União Nacional dos Estudantes (UNE), a medida é “uma afronta à liberdade de manifestação, uma vez que não se sabe a finalidade de tal delação, podendo até ser punitiva”. O último levantamento da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), divulgado ontem, aponta ocupações em 961 instituições de ensino em todo o País, 78 delas institutos federais espalhados por 18 Estados.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, já afirmou que vai cancelar a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – previsto para 5 e 6 de novembro – nas escolas ocupadas, caso os estudantes não recuem até o dia 31 de outubro. Ele informou, ainda, que a pasta acionou a Advocacia-Geral da União para “adotar providências jurídicas cabíveis com relação à responsabilização dessas ocupações”, já que a aplicação de uma nova prova custaria cerca de R$ 8 milhões, segundo estimativas do MEC.

Um dia após ele dar essas declarações, estudantes ocuparam a reitoria do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), no centro da capital. Cerca de 100 manifestantes tomaram o local em protesto contra a reforma do ensino médio e a PEC 241. O câmpus São Paulo, que fica no mesmo terreno da reitoria, é um dos locais de prova do Enem.

O IFSP é a única instituição ocupada no Estado de São Paulo. Os estudantes já tomaram escolas estaduais na capital, em Campinas e em Sorocaba, mas foram retirados pela Polícia Militar.

Protestos
Os estudantes que participam das ocupações nos diversos estados protestam contra a medida provisória que determinou a reforma do ensino médio, contra a PEC do Teto – que congela as despesas do governo, incluindo a área de educação, por até 20 anos – e também contra o projeto Escola Sem Partido. O Paraná é o Estado que mais tem puxado as manifestações, concentrando 85% de todas as instituições ocupadas no Brasil.

Não há nenhum instituto federal paranaense ocupado, mas a recomendação do MEC também causou efeitos no Estado. Segundo uma professora ouvida pela reportagem, houve uma orientação para que os diretores fizessem uma espécie de ata, reunindo o nome de todos os alunos participantes. O argumento era o de que a ata “legitimaria” a manifestação. Na escola em que ela leciona, na periferia de Curitiba, todos os alunos se recusaram a assinar.

No ofício, a Setec argumenta, para justificar a necessidade da lista, que “devem ser preservados os direitos dos estudantes ao acesso às atividades curriculares, a integridade da comunidade acadêmica, a incolumidade do patrimônio público e, ainda, a iminência da aplicação do Enem.”

Diante das reações, o MEC lançou nota de esclarecimento, afirmando que, segundo relatos, participam das ocupações “pessoas que não pertencem à comunidade”, o que poderia trazer prejuízos “à educação, ao patrimônio público e ao erário”. “Para cumprir sua obrigação, a Setec precisa de informações oficiais”, diz a pasta. No texto, o ministério ainda pede “bom senso” dos jovens para que desocupem as instituições até o dia 31, para tornar possível a realização do Enem.

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