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Médicos cobram melhoria na Saúde

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Andrielle Mendes – Repórter

Manifestantes se reuniram ontem, na sede da Associação Médica do Rio Grande do Norte, para cobrar ao governo estadual melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde. A passeata, batizada de Marcha do Fio de Aço, em alusão ao paciente que teve o tórax fechado por fio de nylon, porque não havia fio de aço no hospital, culminou com um protesto em frente ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.
Manifestantes carregam boneco simbolizando a falta de fio de aço para cirurgias torácicas
O tráfego chegou a ser interrompido nas avenidas Hermes da Fonseca e Salgado Filho sentido Natal-Parnamirim, por alguns minutos. Além de faixas e cartazes de protesto, sindicalistas e profissionais de saúde carregavam um manequim para simbolizar o paciente que teve o toráx fechado inicialmente com fio de nylon e um caixão.

A Marcha foi uma iniciativa do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte, da Associação Médica e do Sindicato dos Médicos do RN, e simbolizou o ‘engrossamento’ da mobilização dos médicos, iniciada há nove meses. O ato reuniu sindicalistas de várias categorias e foi motivada pela ação movida pelo governo do estado contra o cirurgião Jeancarlo Cavalcante que filmou a cirurgia em que foi obrigado a fechar o tórax de um paciente com fio de nylon, na semana passada.

A divulgação do vídeo em rede nacional causou uma série de desdobramentos. Dias após a denúncia, a diretora do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Maria de Fátima Pereira Pinheiro, pediu exoneração do cargo. “Ela alegou problemas pessoais, não foi de cunho administrativo”, explicou o secretário de Saúde do Estado, Isaú Gerino. 

Para a Secretaria Estadual de Saúde Pública, a motivação da denúncia foi política. “O que acontece é que estamos presenciando um embate político entre médicos e gestão. Por isso acontecem esses fatos”, disse o secretário estadual de Saúde, Isaú Gerino, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em entrevista no dia 18 de janeiro. Para o secretário, seria possível terminar a cirurgia utilizando um outro fio, que não o de aço.

Em entrevista publicada no mesmo dia, Jeancarlo Cavalcante negou que houvesse outra forma de ‘fechar o paciente’. “Minha especialidade é cirurgia torácica e não é possível fazer o procedimento sem fio de aço, porque naquele caso era preciso fechar o esterno (osso localizado no tórax) do paciente. Não sei se o secretário sabe que incisão foi feita. Mas qualquer cirurgião de tórax pode confirmar o que estou falando”, rebateu o médico, que também é presidente do Conselho Regional de Medicina do RN. Segundo Jeancarlo, foi necessário usar um fio inadequado no paciente e no outro dia uma nova cirurgia foi realizada para pôr o material correto. A Sesap, confirmou Jeancarlo, entrou com uma representação contra ele junto ao Conselho Regional do RN e o Conselho Federal de Medicina.

Durante a mobilização de ontem, o médico se defendeu das acusações, disse já ter contratado advogados para preparar sua defesa, e relatou ter ficado surpreso com a repercussão que o caso tomou. “Eu não imaginava que aquele vídeo uniria a categoria dessa forma e que nosso grito de indignação ganharia as redes sociais e as ruas”.

Sônia Godeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do RN (Sindsaúde), e Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed), observam que o movimento da categoria, em greve há nove meses, ficou mais forte após a denúncia do médico-cirurgião Jeancarlo Cavalcante.

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